Especialista em segurança pública, Bene Barbosa é hoje a principal voz em defesa do direito do brasileiro de possuir e portar armas de fogo. Atuando na causa desde a década de 1990, ele fundou em 2004 o Movimento Viva Brasil, uma organização especializada no assunto, e esteve envolvido no referendo do desarmamento de 2005, quando foi um dos coordenadores da vitoriosa campanha do “Não”.
Ao longo dos últimos anos, Bene Barbosa tem ganhado cada vez mais espaço em inúmeros veículos de imprensa, dado palestras Brasil afora e participado das articulações para reformar o Estatuto de Controle de Armas de Fogo, visando finalmente conferir ao brasileiro o direito manifestado nas urnas. Além disso, publicou em 2015 o seu primeiro livro – Mentiram para mim sobre o desarmamento (Vide Editorial, 2015). Nesta entrevista, ele fala sobre sua trajetória, como funciona o Movimento Viva Brasil – do qual, atualmente, é presidente do Conselho Administrativo – e o perfil daqueles que defendem a causa.
Boletim da Liberdade: Você se tornou a principal referência quando se fala no direito à liberdade de possuir e portar uma arma no país. Como e por que você decidiu encampar essa luta?
Bene Barbosa: Inicialmente, lá no início da década de 90, foi uma questão pessoal. Sempre gostei de armas, design, mecânica, esporte, história. Nunca vi as armas como objetos de morte, de violência ou opressão. Muito pelo contrário, sempre vi as armas como objetos de liberdade e proteção. E quando Fernando Henrique Cardoso iniciou essa discussão em seu primeiro mandado, percebi que algo precisava ser feito, que uma política nacional de desarmamento seria um erro gigantesco, aliás, mais do que um erro, uma real ameaça à liberdade do cidadão e o seu natural direito de autodefesa.
Boletim da Liberdade: Como você analisa a evolução da causa? Como está hoje à luta pela reformulação do Estatuto de Controle de Armas de Fogo, que garantiria mais liberdade ao cidadão brasileiro?
Bene Barbosa: A diferença é gritante! Coisa de uma década atrás éramos apenas meia dúzia de gatos pingados sustentando uma tese aparentemente contra tudo e contra todos, mas não contra a população, que sempre quis ter respeitado esse direito, essa liberdade. O referendo de 2005 é a maior prova disso, onde vencemos o Governo Federal do PT, a Câmara, o Senado e praticamente toda a grande imprensa, exceção feita à TV Bandeirantes, que foi a única que se posicionou em nosso favor.
Nunca vi as armas como objetos de morte, de violência ou opressão. Muito pelo contrário, sempre vi as armas como objetos de liberdade e proteção.
De lá para cá, embora os sucessivos governos simplesmente tenham ignorado e desrespeitado o resultado em uma atitude de viés absolutamente autoritário, eu já perdi as contas dos políticos, formadores de opinião e entidades que defendem a posse e o porte legal e criticam duramente o chamado Estatuto do Desarmamento. Isso se refletiu no apoio recorde que tem recebido o PL 3722/12, do deputado catarinense Rogério Peninha, que tramita desde 2012 e muda toda a legislação atual no que diz respeito às arma de fogo. Apesar disso, temos plena consciência que o caminho ainda será longo.
Boletim da Liberdade: Como funciona o Movimento Viva Brasil e como a organização se sustenta? A colaboração financeira de entusiastas do porte de armas é satisfatória? Há algum incentivo para aqueles que colaborem?
Bene Barbosa: Nós nos sustentamos apenas e tão somente com doações absolutamente voluntárias e sem nenhuma contrapartida. Ou seja, faz doações quem acredita em nosso trabalho e não espera qualquer favor ou vantagem com isso. Não é fácil, ainda mais em tempos de crise, mas em compensação temos total liberdade e autonomia.
Nos sustentamos apenas e tão somente com doações absolutamente voluntárias e sem nenhuma contrapartida
Boletim da Liberdade: A livraria online do Movimento Viva Brasil possui um catálogo bastante diverso, que perpassa desde autores liberais e conservadores a obras sobre economia, ciência, religião, culinária, entre outras áreas. Qual é a razão desta grande variedade de livros sendo comercializados? Os resultados da livraria têm sido positivos para a organização?
Bene Barbosa: A ideia da livraria surgiu após lançarmos o Mentiram Para Mim Sobre o Desarmamento (Vide Editorial, 2015) e verificarmos que muitas pessoas procuravam essas e outras literaturas mais conservadoras e liberais. Assim, em parceria com a Vide Editorial, lançamos a livraria e estamos trazendo obras importantes para o Brasil, como os livros do Professor John Lott e da historiadora Joyce Lee Malcolm. A livraria se tornou uma fonte de renda alternativa para o MVB.
Boletim da Liberdade: Libertários e conservadores tendem a defender com bastante ênfase o direito da posse e do porte de armas. Há adeptos ao Movimento Viva Brasil que possuem outro posicionamento político, ou que não possuam nenhum? Há conhecimento de alguém que, por meio do trabalho do Movimento Viva Brasil, tornou-se um liberal ou um conservador? O quão relevante é para a luta do direito ao porte de arma o crescimento da direita conservadora ou liberal?
Bene Barbosa: Liberais, conservadores e libertários são a maioria absoluta. Há casos, poucos, de pessoas de esquerda que também nos apoiam nessa questão. Hoje mesmo recebi em minha conta do Twitter uma mensagem nesse sentido. Nela, uma moça chamada Simone, afirmou que fomos um dos responsáveis pela “deserquerdização” de suas ideias. Mensagens assim não são raras e são extremamente recompensadoras.
Liberais, conservadores e libertários são a maioria absoluta [de apoiadores do Movimento Viva Brasil]. Há casos, poucos, de pessoas de esquerda que também nos apoiam nessa questão
Boletim da Liberdade: Agradecemos a entrevista e, por fim, perguntamos sobre os próximos projetos que podemos aguardar tanto de você quanto do Movimento Viva Brasil.
Bene Barbosa: Sou eu que agradeço o espaço e a oportunidade. Nosso principal objetivo esse ano é colocar o PL 3722 em votação e continuar nossa luta de esclarecimento sobre o tema, seja em espaços como esse aqui, seja no meu blog no Portal CadaMinuto, no Facebook, no Twitter e onde mais conseguir. Ah! Em tempo… Vem livro novo por ai…