Em 6 de setembro de 2013, um dia antes do feriado de Independência do Brasil, nascia mais uma importante organização em defesa da liberdade: o Instituto Liberal do Nordeste. Com a missão de desafiar a mentalidade estatizante e semear a mensagem do liberalismo naquela região, a instituição deu nova roupagem à esforços de grupos de estudo que já eram notáveis no cenário nacional.
Em entrevista exclusiva para este Boletim, o atual presidente do ILIN, Rafael Saldanha, traz o panorama das atividades atuais da organização e das metas de sua gestão para os próximos meses. Confira:
Boletim da Liberdade: O Instituto Liberal do Nordeste foi o primeiro IL “regional” que despertou da nova geração de institutos liberais. Após ele, surgiram também o Instituto Liberal de São Paulo, de Minas Gerais, do Mato Grosso, do Centro-Oeste e de Alagoas. Como surgiu o ILIN e o que ele propõe? Qual é o relacionamento do ILIN com outros institutos liberais do Brasil?
Rafael Saldanha: O ILIN foi criado em 2013, como resultado da união de grupos de estudo no Nordeste e tendo sido projetado para ser uma expansão de trabalho integrado entre eles. Naquele ano, as ideias liberais no Brasil ainda eram restritas a grupos de estudo e com pouca ou nenhuma influência social, de forma que se percebia uma necessidade de aperfeiçoar a abordagem e a imagem dos grupos que tínhamos no Nordeste para um patamar institucional, buscando atuações a partir de um formato mais profissional e que se comunicasse melhor fora dos círculos intelectuais.
A data para o pontapé inicial do ILIN foi alinhada com a ocorrência da primeira Semana da Liberdade, evento que desde então se tornou um marco anual para nós. Naquele momento, a presidência do instituto ficou sob a batuta do Rodrigo Saraiva Marinho (Ceará) e a vice-presidência com Gabriela Benício (Pernambuco). Desde então, a diretoria e os membros do ILIN vêm trabalhando para ampliar o âmbito de influência liberal nas cátedras universitárias, na imprensa, nas deliberações da política regional e no fomento à criação de grupos de estudo e de novos institutos pelo Nordeste.
Quanto aos demais institutos, nossa relação é a melhor possível. Temos buscado unir forças para promover eventos relevantes, balizar pautas de atuação e trocar experiências. Hoje, nossas relações institucionais e comunicações têm sido coordenadas pelo diretor Jefferson Figueiredo.
Se percebia uma necessidade de aperfeiçoar a abordagem e a imagem dos grupos que tínhamos no Nordeste para um patamar institucional, buscando atuações a partir de um formato mais profissional e que se comunicasse melhor fora dos círculos intelectuais
Boletim da Liberdade: Como é a receptividade das ideias liberais na Região Nordeste? Quais são os maiores desafios e as maiores oportunidades para popularizar o liberalismo entre os estados do Nordeste?
Rafael Saldanha: A receptividade tem sido boa. A despeito da hegemonia da mentalidade comunista das últimas décadas, percebemos que a defesa de preceitos em prol das liberdades individuais ainda soa como razoável, lógica e justa para uma boa parte das pessoas com quem temos tido oportunidade de nos comunicar. Mesmo nas universidades, onde a exposição ao abstracionismo das ideologias é mais intensa, a situação também começa a indicar mudanças. Muitas instituições de ensino no Nordeste já têm grupos de estudos fixos para tratar das disciplinas tradicionais (Filosofia, Direito, Economia) sob um viés menos ideológico e mais comprometido com a realidade, preocupando-se com as sutilezas locais, com a preservação da livre iniciativa e as necessárias redução e racionalização da intervenção estatal sobre os particulares.
Quanto às oportunidades para difusão das ideias liberais em sentido amplo, percebemos que há demanda política por representatividade e uma carência de produções de conteúdo artístico, especialmente audiovisual, que transmitam os princípios de uma política de governo menos intervencionista. Na atuação institucional, por sua vez, há oportunidade de produção literária e fomento a grupos de estudo.
A defesa de preceitos em prol das liberdades individuais ainda soa como razoável, lógica e justa para uma boa parte das pessoas com quem temos tido oportunidade de nos comunicar
Boletim da Liberdade: Quais foram os projetos mais bem-sucedidos que o Instituto Liberal do Nordeste desenvolveu desde sua fundação e como foram captados os recursos para a execução deles? A pulverização de institutos e organizações liberais aumentou o desafio em obter recursos de grandes doadores?
Rafael Saldanha: A Semana da Liberdade é o evento acadêmico anual do ILIN. Os recursos geralmente vêm da própria venda de ingressos do evento e de doações de pessoas físicas e jurídicas privadas, inclusive outros institutos liberais, como o IMB, o Instituto Friedrich Naumann e o Instituto Millenium. Consideramos a pulverização de institutos benéfica para a divulgação dos preceitos liberais, que é o nosso único objetivo.
O ILIN também faz um trabalho de pressão popular e formação de opinião acerca de algumas pautas dos governos estaduais e municipais pelo Nordeste, já tendo produzido pareceres técnicos sobre tributação, desburocratização e em defesa de serviços como os da empresa Uber. A Biblioteca do ILIN também funciona bem e continua crescendo, estando hoje sob os cuidados do nosso diretor acadêmico, Josesito Padilha, e portanto mais de 300 exemplares, bem como realizando empréstimos corriqueiros. O ILIN participou ativamente da Frente Cearense pelo Impeachment, a rede de grupos e institutos do estado do Ceará que organizou as passeatas populares de 2015 e 2016.
Boletim da Liberdade: Agradecemos a entrevista e, por fim, perguntamos sobre os projetos do ILIN que podemos esperar para 2017.
Rafael Saldanha: Estamos completando o primeiro ano com a nova diretoria e buscando aperfeiçoar as ferramentas de transparência, captação e gestão do instituto. Quanto aos projetos, nos esforçaremos para manter a qualidade do que já vinha sendo feito, além de desenvolver novas frentes.
Além dos diretores já citados e de mim mesmo na presidência do ILIN, temos o Evandro Faria na vice-presidência, Cibele Bastos na diretoria de Projetos e o Raduan Melo na diretoria financeira. Para este ano, teremos uma novidade que está nos animando bastante, que é o lançamento do nosso primeiro minicurso de Filosofia Política, com financiamento próprio. Esperamos ter pelo menos um minicurso por ano a partir de então.
O próximo evento será a Semana da Liberdade, na última semana de maio. Agradecemos a possibilidade de dialogarmos com o Boletim.