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Matéria do Estadão analisa a ascensão da “direita” nas redes sociais

Texto de José Fucs mapeou as páginas mais influentes da "direita" na Internet e atraiu comentários positivos de liberais e conservadores, como Alexandre Borges

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Segundo a matéria, manifestações populares e insatisfação com o PT impulsionaram o crescimento da direita no país (Foto: Foto: Tomaz Silva/ABr)
Segundo a matéria, manifestações populares e insatisfação com o PT impulsionaram o crescimento da direita no país (Foto: Tomaz Silva/ABr)

O Estado de São Paulo publicou, em 26 de março, uma matéria intitulada A ‘máquina’ barulhenta da direita na Internet, assinada por José Fucs. O texto aborda a ascensão da “direita” no país que, segundo ele, após literalmente “sair do armário”, conquistou grande popularidade nas mídias sociais.

Os méritos da matéria foram reconhecidos por liberais e conservadores, o que não é habitual quando se trata de abordagens feitas pela grande imprensa. O publicitário e comentarista político Alexandre Borges, por exemplo,  comentou em sua página que Fucs se distinguiu positivamente ao “não ignorar a existência e a popularidade de personalidades, pensadores e ativistas fora da matrix da esquerda econômica”.

Como de praxe, a matéria começa mencionando a dificuldade de se assumir “de direita” até pouco tempo atrás, sobretudo, segundo o autor, a partir do quase desaparecimento desse pensar político no Brasil desde a redemocratização dos anos 80. Agora, porém, a direita estaria “renascendo das cinzas”, como a Fênix mitológica.

O que diz o texto

Os motivos que estariam impulsionando esse crescimento seriam “o sucesso das manifestações em favor do impeachment”, o “antipetismo” e a “indignação com os escândalos de corrupção e pela crise na economia”. A matéria pontua que a direita estaria conseguindo “impor a sua narrativa” inclusive aos mais jovens nas redes sociais, e também elenca alguns números de uma pesquisa realizada pela ePoliticSchool, demonstrando que o número de interações em páginas de direita chegou a 14,7 milhões no período analisado, mais que o dobro das interações registradas em páginas de esquerda.

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O texto, ao traçar um perfil dos grupos da direita crescente, ainda teve o diferencial de ressaltar que os defensores de uma “intervenção militar são pouco representativos” e sequer o deputado Jair Bolsonaro, com uma origem política e um discurso muito identificados com os setores militares, apoia essa proposta.

Haveria, além disso, várias “direitas” no país, desde aquilo que é chamado de “ultraliberais”, defensores da globalização e da interferência mínima do Estado na economia e na vida dos indivíduos, até os “nacionalistas e defensores de um Estado forte e interventor”, e todas essas correntes rejeitam a ideia de que o PSDB, um dos maiores partidos do país, seria um partido “de direita”.

Ana Paula, que foi da seleção brasileira de vôlei, é uma das celebridades mencionadas na matéria (Foto: Reprodução: nlucon)
Ana Paula, que foi da seleção brasileira de vôlei, é uma das celebridades mencionadas na matéria (Foto: Reprodução: nlucon)

Na hora de oferecer exemplos ilustrativos, inclusive com o uso de um infográfico especial, Fucs destaca os movimentos responsáveis pelos protestos como os donos das páginas mais populares da “nova direita” na Internet. O Partido NOVO  e o PSL também entrariam na lista, o segundo especialmente em função da sua corrente renovadora, LIVRES.  Entre as páginas de conteúdo e notícias, a matéria recorda o Folha Política, Socialista de iPhone, Implicante e a Caneta Desesquerdizadora, “entre outras menos cotadas”, e o projeto Brasil Paralelo, “criado em 2016 por uma dupla de empreendedores de Porto Alegre para produzir documentários em vídeo”.

Também são listados centros de estudo e pesquisa, como o Instituto Millenium, o Instituto Liberal e o Instituto Mises Brasil, e entre as personalidades, os políticos Bolsonaro, Ronaldo Caiado e João Doria (com a ressalva de que este, “mesmo sendo do PSDB, é encarado como um aliado pela direita”), além do ativista Kim Kataguiry, os filósofos Olavo de Carvalho e Luiz Felipe Pondé, o economista Rodrigo Constantino, o próprio Alexandre Borges e as jornalistas Joice Hasselmann e Rachel Sheherazade. A compilação se estende a celebridades como o cantor Lobão, Roger Moreira (da banda Ultraje a Rigor), o apresentador Danilo Gentilli e até a ex-jogadora da seleção brasileira de vôlei, Ana Paula Henkel.

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As diferentes correntes de direita

JOSÉ FUCS
(Foto: Reprodução / Estadão)

A matéria de Fucs teve a ousadia de procurar discernir as diferentes visões na direita a partir do que seria a opinião de cada grupo em questões relativas a três eixos: Política, Economia e Costumes. Seriam, em sua abordagem, três correntes: os liberais, os conservadores e os militaristas.

Essa divisão foi elencada em um infográfico (que reproduzimos ao lado). Segundo a análise do Estadão, em termos de política, tanto liberais quanto conservadores costumam ser simpáticos à democracia e ao federalismo, unindo-se também no antipetismo e no anticomunismo. As correntes militaristas se equivalem às outras duas nestes dois últimos sentimentos, mas seriam naturalmente contrárias às soluções democráticas e ao federalismo, preferindo uma política mais centralizadora. Seriam também favoráveis à intervenção militar e ao nacionalismo, enquanto os conservadores, provavelmente pela inclinação de alguns em favorecer o patriotismo, foram classificados como neutros.

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Na economia, as visões de liberais e conservadores são consideradas praticamente iguais, e inteiramente opostas às dos militaristas. Ideias como livre mercado, privatização e austeridade seriam compartilhadas pelos dois primeiros grupos, enquanto os militaristas simpatizariam com a maior participação do Estado na economia, à semelhança dos antigos governos militares.

O gráfico encerra expondo a posição dos diferentes grupos em pautas relacionadas aos costumes e valores na sociedade. O que se percebe na relação é que, nesse ponto, conservadores e militaristas estariam mais próximos e os liberais teriam posicionamentos mais diferenciados.

A maior polêmica fica por conta do aborto, ao qual, segundo a matéria, conservadores e militaristas seriam contrários, enquanto os liberais seriam favoráveis. Essa foi uma das críticas de Alexandre Borges ao gráfico, havendo grupos autointitulados “liberais” que rechaçam o aborto.

Outra questão polêmica é a legalização da maconha – e o autor do infográfico poderia incluir outras drogas na discussão. Segundo o gráfico, os liberais defendem a media, enquanto conservadores e militaristas se unem na oposição a ela. Já na pauta do casamento gay, os liberais seriam os únicos a serem favoráveis. Apenas em dois temas haveria concordância absoluta dos três grupos: a política de cotas (todos são contrários) e a extensão do direito à posse de armas pela população (todos são favoráveis).

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