Ele tem apenas 20 anos e, apesar da idade, tornou-se um dos principais nomes do movimento liberal brasileiro. Seus 332 mil seguidores nas redes sociais o qualificam entre os cinco nomes mais influentes do que alguns chamam de “Nova Direita”, ao lado de personalidades como Olavo de Carvalho, Joyce Haselmann e Kim Kataguiri. Eleito em 2016 como vereador de São Paulo com quase 50 mil votos em virtude da projeção que obteve como um dos líderes do Movimento Brasil Livre, um dos protagonistas das manifestações de 2015 e 2016, em poucos meses na Câmara Municipal já deu indicativos de como será o seu mandato: combativo e corajoso, mas alvo certo da fúria da esquerda e de parte da imprensa.
Nesta entrevista exclusiva concedida a este Boletim, o paulistano Fernando Holiday opina sobre o governo Temer, conta sobre como se descobriu um liberal, seu ingresso no Movimento Brasil Livre, o comportamento de parte da imprensa contra seu mandato e sobre as acusações que surgiram de caixa 2. Holiday também fala abertamente sobre a possibilidade de seu companheiro de MBL, Kim, ser candidato em 2018. “Sou um entusiasta dessa ideia e tenho certeza que ele faria a diferença por lá”. Confira:
Boletim da Liberdade: Você projetou o seu nome a partir da sua atuação como coordenador do Movimento Brasil Livre. Como foi a formação do seu pensamento liberal e de que maneira você alcançou esse posto de liderança no MBL?
Fernando Holiday: Sempre fui muito cético quanto ao ideal esquerdista, portanto antes de ser um liberal, fui um crítico da utopia socialista. Foi através de professores progressistas que me interessei por política, buscando novas leituras para debater em sala de aula ou questionar. Foi quando descobri [Milton] Friedman e, posteriormente, Thomas Sowell. Esses foram meus dois primeiros mentores. A partir deles, me interesse por pautas liberais e descobri no MBL uma forma de militar por minhas convicções. Nos primeiros meses de movimento, entrei em contato com o pessoal e rapidamente conquistei meu espaço com muito suor e trabalho.
Boletim da Liberdade: Há aproximadamente um ano, em março de 2016, você fez um duro discurso no Congresso Nacional denunciando o racismo de “negros que dizem defender a pauta dos mais pobres e dos mais oprimidos”, mas que, na prática, seriam “charlatões descarados”. Como você chegou a esse posicionamento e como tem sido a reação dos movimentos e personalidades que gostam de associar determinadas características individuais à uma ideologia? Você chegou a processar alguém que o tenha insultado?
Fernando Holiday: O intelectual negro Thomas Sowell escreveu um livro: “Ações Afirmativas ao Redor do Mundo”. Nele, Sowell demonstra que as ações afirmativas, isto é, as cotas raciais, não são eficientes em combater o racismo e a desigualdade. Como negro, conheço a discriminação e o racismo, de modo que combato a tudo isso de outra forma, ao invés de explorar e coletivizar pessoas pela cor de sua pele. Jamais neguei o racismo, mas sempre repudiei o movimento negro brasileiro que prefere as ideias do segregador e beligerante Malcom X ao pacifista e igualitarista Luther King.
Jamais neguei o racismo, mas sempre repudiei o movimento negro brasileiro que prefere as ideias do segregador e beligerante Malcom X ao pacifista e igualitarista Luther King
Boletim da Liberdade: Com o apoio declarado, inclusive, do senador Ronaldo Caiado, você se elegeu com quase 50 mil votos para a vereança em São Paulo pelo Democratas. Você esperava essa vitória? O que motivou a opção por esse partido, que é considerado fisiológico, em vez de legendas como o PSL (que tem tentado se renovar) e o NOVO? Você teria interesse, ou mesmo acredita na viabilidade, em desenvolver um trabalho dentro do DEM com vistas a, assim como o PSL, torná-lo mais ideológico?
Fernando Holiday: Toda eleição é uma surpresa, a gente trabalha por algo, espera, mas não há certeza. Até então, o Democratas me deu completa liberdade para defender as pautas do MBL durante a eleição e o mandato, o que não me foi oferecido nas demais legendas. Sou vereador do movimento e, caso o partido tente me pautar, censurar ou ir contra os ideais que represento, não hesitarei em deixa-lo.
Boletim da Liberdade: Surgiu na imprensa em meados desse mês uma denúncia de que sua campanha teria efetuado despesas operacionais sem prestar contas à Justiça Eleitoral, o que poderia ser caracterizado como “Caixa 2”. Qual é o seu posicionamento a respeito do assunto e como você avalia a reação da imprensa? Você identifica perseguição pelo fato de ser um liberal na polêmica entrevista dada à Rádio Bandeirantes, onde quase não foi permitido que respondesse às denúncias?
Fernando Holiday: É falso, coisa de blogs e jornalista que engordaram na gestão petista via dinheiro público. Inclusive pedi, eu mesmo, que fosse aberta uma investigação ampla sobre o caso, para acabar com essas mentiras. É claro que a imprensa militante, indisposta ao MBL e aos ideais liberais, não tem interesse em noticiar a verdade. Foi o que houve na rádio: o anti-jornalismo, a arrogância de uma mídia pouco interessada no que não reafirma suas convicções pregressas. Não vou parar de trabalhar a cada boato que surge nos blogs vermelhos, tenho muito a fazer.
A imprensa militante, indisposta ao MBL e aos ideais liberais, não tem interesse em noticiar a verdade. […] Não vou parar de trabalhar a cada boato que surge nos blogs vermelhos, tenho muito a fazer
Boletim da Liberdade: Algumas vezes os integrantes do MBL divergem de opinião – houve, por exemplo, um debate acerca da eleição americana em que você e outros colegas divergiram publicamente. Como o movimento equaciona as divergências e que pontos de vista unem todos os membros? Que relações você e o MBL possuem com think tanks ou outras instituições liberais mais voltadas à produção de conteúdo ou conhecimento, e que importância você acha que núcleos como esses têm para a política prática?
Fernando Holiday: Divergência é natural e democrático, só quem não a tolera é o lado de lá, que se acostumou a correr sozinho na raia e promover “debates” em que todos pensam iguais. O MBL possui pautas que une conservadores, liberais e libertários; gente que quer agir, fazer acontecer, ao invés de reclamar nas redes sociais. Aqui, põe-se a mão na massa! Deste modo, nos relacionamos bem com os institutos e entidades que promovem as boas ideias. É essencial que se disseminem cada vez mais.
Boletim da Liberdade: O MBL divulga em seu site ter oito parlamentares associados ao movimento, entre eles um deputado federal (Paulo Eduardo Martins). Paralelamente, você é, ao lado de nomes como o deputado estadual Marcel Van Hatten (PP-RS), um dos nomes mais representativos e combativos da nova geração de liberais que ganhou força no renascimento do movimento, em meados dos anos 2000. Como você avalia o quadro de participação de liberais na política e como é a responsabilidade de representar essa corrente ideológica em crescimento no país? Há uma boa comunicação entre todos os novos liberais que ascendem à política, como parlamentares ligados ao Partido NOVO e outros não-associados no MBL?
Fernando Holiday: De minha parte, sim. Sou amigo do Marcel e admiro o trabalho dos parlamentares gaúchos. Em Porto Alegre, elegemos o Ramiro Rosário que está como secretário da gestão Marquezan, mas também temos o Ricardo [Gomes] e o [Felipe] Camozzatto como representantes liberais. Torço muito para que os vereadores do NOVO e liberais espalhados por aí possam fazer um bom trabalho. Precisamos levar nossas ideias à Brasília, a partir do ano que vem.
Boletim da Liberdade: Quais reformas ou medidas você enxerga que sejam essenciais no momento para o país se desenvolver e como você avalia o Governo Temer? Em relação ao seu mandato, quais projetos você tem em mente implementar daqui para frente e como você avalia o mandato de João Dória à frente da prefeitura de São Paulo?
Fernando Holiday: O governo do vice da Dilma é covarde e moroso, não sabe comunicar a necessidade latente das reformas. Desse jeito, perderemos uma grande oportunidade. Defendo que haja as reformas trabalhista e previdenciária, mas não da forma que estão sendo propostas. Além delas, é preciso uma reforma política, sem abusos como a lista fechada. Observo que Doria, na prefeitura paulistana, vem sendo muito mais corajoso e dedicado a enfrentar os problemas do município. Neste ambiente, creio que meus inúmeros projetos para desburocratizar a cidade, exigindo igualdade perante à lei, prosperem.
O governo do vice da Dilma é covarde e moroso, não sabe comunicar a necessidade latente das reformas. Desse jeito, perderemos uma grande oportunidade.
Boletim da Liberdade: Agradecemos imensamente a entrevista e perguntamos, por fim, se você pretende se lançar candidato em 2018 ou se pretende apoiar outros nomes, como Kim Kataguiri, para uma vaga na Câmara dos Deputados em Brasília.
Fernando Holiday: Vou cumprir meu mandato. Se ele decidir concorrer, meu candidato em 2018 será o Kim Kataguiri. Ele é mais inteligente e capacitado do que a grande maioria dos que estão em Brasília; sou um entusiasta dessa ideia e tenho certeza que ele faria a diferença por lá.