O sucesso do canal Mamãe Falei, conduzido pelo paulista Arthur do Val, recentemente entrevistado aqui no Boletim, repercutiu no jornal Folha de São Paulo. As atividades do canal foram tema de coluna do romancista e membro do Conselho Editorial do veículo, Marcelo Coelho, com o título “Canal no Youtube faz militantes de esquerda passarem vergonha”.
O que diz o texto
O texto da Folha, jornal algumas vezes criticado por setores conservadores e liberais, é bastante elogioso à proposta do Mamãe Falei. Marcelo Coelho começa afirmando que, embora seja “uma pedra no sapato”, disposto a “desmoralizar, a desqualificar, a ridicularizar os movimentos de esquerda”, Arthur consegue fazer isso “com muita facilidade e se mostra muitas vezes coberto de razão”.
Em seguida, o colunista começa a descrever o conteúdo dos vídeos do Mamãe Falei. Do Val, segundo ele, vai “nas manifestações com uma câmera portátil e faz perguntas a militantes da CUT, simpatizantes de Dilma, ativistas do PSOL, PSTU ou PCO. Depois, publica tudo no Youtube” e o que consegue como resultado das respostas dos entrevistados “é deprimente”. Marcelo se põe então a listar alguns exemplos, como militantes da CUT que não conheciam nenhum direito trabalhista e outro que acreditava que o mensalão (escândalo do governo Lula) havia ocorrido durante o governo Collor, nos anos 90.
Marcelo destaca que tudo acontece “num clima de simpatia, sem hostilidade”, pelo menos por parte do dono do canal. Também faz questão de ressaltar que Arthur entrevista algumas figuras “mais qualificadas” do ponto de vista da formação intelectual, o que enfraquece a teoria de que ele apenas seleciona as respostas mais esdrúxulas e limitadas. O canal, em sua opinião, “consegue tudo o que queria: mostrar o autoritarismo e a falta de preparo da militância de esquerda, sem fazer nada mais que perguntas simples, destituídas de duplo sentido”.
Sobre a crítica de parcialidade, por não fazer vídeos, por exemplo, nas manifestações pelo impeachment de Dilma, Marcelo pensa que Arthur do Val não tem o dever de ser apartidário e está “apenas fazendo o jogo do ‘debate democrático'”. Na entrevista que concedeu ao Boletim, Arthur já havia dito que não tem qualquer intenção de ser imparcial.