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A trajetória do presidente do BNDES no mundo liberal: conheça melhor Paulo Rabello de Castro

O Boletim reuniu algumas obras e participações institucionais de Paulo Rabello de Castro no ecossistema pró-liberdade, trazendo luz a esse lado menos enfocado do economista

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(Foto: Reprodução / Estadão)
(Foto: Reprodução / Estadão)

Na última sexta, dia 26, os ânimos mais liberais foram tomados de sobressalto pela notícia de que a administradora e executiva Maria Silvia Bastos havia pedido demissão do cargo de presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A preocupação imediata era a possibilidade de a recuperação econômica ser freada com uma nova gestão que flexibilizasse a emissão de auxílios a empresas e voltasse a patrocinar a política de favorecimento aos “amigos do rei” tão criticada na era PT.

O governo Temer, porém, foi rápido em anunciar que o presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Paulo Rabello de Castro, assumiria o posto. A grande imprensa repercutiu a tradicional postura crítica à carga tributária brasileira adotada pelo economista, formado na Universidade de Chicago, onde alcançou o doutorado. Ele também se formou antes em Economia pela UFRJ e Direito pela UERJ. A Época destacou ainda que importantes nomes do entorno do presidente da República não ficaram satisfeitos com o anúncio de seu nome, alegando falta de sintonia com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.

O que poucos veículos fizeram questão de destacar foram as diversas iniciativas e os variados envolvimentos de Rabello de Castro com o ecossistema pró-liberdade que vem soprando ares diferenciados na discussão pública no Brasil. De fato, ele não é apenas um teórico genérico alinhado às tendências de retração do tamanho e do peso do Estado. Muito além disso: Rabello tem participação ativa em alguns institutos que difundem essas teses e também deixou sua marca em obras relacionadas ao tema. O Boletim preparou esta matéria especial reunindo alguns desses projetos e ações em que o atual presidente do BNDES deixou seu carimbo.

Institutos Millenium e Atlântico e a Rede Liberdade

Aluno do notável liberal Milton Friedman (1912-2006), Rabello de Castro é Especialista do Instituto Millenium (Imil). No site da instituição lançada oficialmente em 2006, a última publicação relacionada ao presidente do BNDES data do último dia 9 de maio, abordando justamente a Reforma da Previdência, em entrevista para o Estadão. O economista defendeu a necessidade de reforma ao apontar que o sistema adotado pelo Brasil atualmente depende da vinda de mais crianças “para pagar a conta dos que se aposentam”, o que está ficando inviável na estrutura demográfica do país – assim como em muitos outros países. Apesar disso, atacou o que considera uma “corrida por privilégios” contaminando o debate do assunto, e disse que a reforma de Temer é tímida e, mantendo os fundamentos do sistema, não evita novas revisões no futuro.

Rabello, em textos do começo do ano passado, ataca o governo Dilma Rousseff e as consequências danosas do lulopetismo para o país. Em entrevista para o próprio Instituto Millenium, em 2013, Rabello já apontava o Brasil como dono da “Copa do Mundo da burocracia tributária”, excesso de tributos que nasceria “do gasto sem controle”. Em agosto de 2015, ele pediu um novo Plano Real, alegando que é “essencial a transformação do modelo econômico brasileiro, que começa pela reforma do próprio Estado, tornando-o eficiente”.

A maioria das publicações, reunidas no site do Imil, é proveniente de outros veículos. Rabello divulgou ainda, em suas participações em programas televisivos de grande alcance, como o Roda Viva, o Movimento Brasil Eficiente, um esforço de intelectuais e personalidades para simplificar e racionalizar a estrutura tributária brasileira, aumentar a eficiência da gestão pública por meio do planejamento sério e reduzir gradualmente a carga de impostos ao longo da década.

Em evento com Rodrigo Constantino (Foto: Reprodução / Gazeta do Povo)
Em evento com Rodrigo Constantino (Foto: Reprodução / Gazeta do Povo)

O Movimento Brasil Eficiente é, na verdade, um dos projetos do Instituto Atlântico. Paulo Rabello de Castro é também dirigente dessa instituição, que faz parte da Rede Liberdade, organização recente responsável por conectar instituições e organizações liberais de todo o país. O Instituto Atlântico foi fundado em 1993 como uma iniciativa coletiva de empresários, economistas, juristas, cientistas sociais e lideranças políticas que se reuniram para estruturar e implantar projetos voltados à modernização econômica e social do Brasil. Recentemente ainda o Boletim noticiou que o presidente do Instituto Mises Brasil, Helio Beltrão, comentou ter conversado com Rabello em reunião da Rede e ele teria dito que queria ser candidato à presidência pelo PSC. O Boletim tentou confirmar a informação com o presidente do BNDES, então ainda presidente do IBGE, mas não obteve retorno.

O Mito do Governo Grátis e a homenagem a Roberto Campos

O novo presidente do BNDES também deixou suas marcas no mercado editorial. Um livro que é imediatamente associado a seu nome pelo público liberal é “O Mito do Governo Grátis”, de 2014, lançado pela editora Edições de Janeiro e escrito com Augusto Cattoni. O conceito demarcado no título da obra é definido por Paulo Rabello como o “fenômeno político” que seduz os incautos com a promessa de benesses e ganhos para todo mundo, sem que ninguém precise arcar com os custos. Uma reflexão que lembra muito as famosas máximas de seu mestre Friedman, para quem “não existe almoço grátis”.

(Foto: Divulgação /Livraria Cultura)
(Foto: Divulgação /Livraria Cultura)

Sucessivos governantes, para Rabello, tem mantido o Brasil na estagnação produtiva graças a essa poderosa ilusão, que deixa “um rastro de atraso, decadência e injustiça social” e é o principal obstáculo à prosperidade “e o inimigo número um da ascensão social e patrimonial dos brasileiros”. Em seu livro mais famoso, Rabello pretendeu oferecer diagnósticos, antídotos e meios de superação dessa mitologia danosa.

Outra obra que conta com a assinatura de Paulo Rabello, desta vez como organizador, em parceria com Ives Gandra da Silva Martins, é uma homenagem, lançada este ano, ao centenário do famoso liberal brasileiro Roberto Campos (1917-2001), lançada pela editora Resistência Cultural sob o título “Lanterna na Proa: Roberto Campos Ano 100”. O livro inclui alguns ensaios de sua autoria, além de outras seis dezenas de autores. No primeiro deles, “Roberto Campos – o Homem, o Herói”, Rabello exalta ao mesmo tempo a grandeza do mato-grossense e sua humanidade. Em um segundo ensaio, “Do colapso ao ressurgimento”, ele avalia os caminhos econômicos tomados pelo Brasil, passando pelo Plano Real, inspirado nas avaliações de Campos.

É difícil prever o que aguarda o Brasil no cenário de indefinições políticas que se apresenta ao governo Temer. Fato é que o atual presidente do BNDES, qualquer que seja sua conduta à frente da instituição, tem uma trajetória de clara sustentação de valores e convicções de ordem liberal.

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