O vereador Leandro Lyra (NOVO), do Rio de Janeiro, sofreu nessa semana seu primeiro grande ataque político. A confusão teve início com a pauta que propunha o fim da acumulação da função de cobrador pelo motorista de ônibus, projeto de autoria de um parlamentar do PT.
Embora tenha também se declarado contrário à dupla função por compreender que ela gera prejuízo à qualidade e à segurança do transporte público, o parlamentar do NOVO – o primeiro eleito na cidade – propôs uma modificação no projeto original. Em vez da simples proibição, cujo projeto “obrigava a volta dos cobradores” e, segundo Lyra, geraria aumento da passagem de ônibus, ele defendeu um incentivo para o uso de bilhete eletrônico – que, no longo prazo, faria a dupla função anacrônica, dado que não haveria necessidade de se ter cobrador.
O substitutivo, no entanto, foi duramente atacado pelos sindicatos de rodoviários presentes nas galerias e por parlamentares de esquerda interessados em angariar esse público. No plenário, onde havia grande expectativa pela aprovação do projeto inicial, o parlamentar foi acusado de fazer uma manobra regimental em conluio com as empresas de ônibus e houve princípio de confusão. A Polícia Militar precisou ser acionada e Lyra foi escoltado para sair da Câmara.
Confusão que se estende
Ainda na noite de votação, o vereador Leandro Lyra publicou em sua página no Facebook uma nota relatando o ocorrido. Ele acusou vereadores do PT e do PSOL por incitarem a ira dos rodoviários, o que teria gerado violência, e pediu o apoio dos simpatizantes do partido.
“Aos apoiadores na página, peço que divulguem e […] leiam o teor do meu projeto. […] Sou contra a dupla função e a favor da diferenciação tarifária para quem usar o bilhete eletrônico”, explicou o parlamentar, salientando que “não há oposição aos trabalhadores”.
Nas redes sociais, porém, o vereador foi duramente atacado por grupos organizados. A fanpage “Rodoviários do Rio de Janeiro” publicou uma foto de Lyra, afirmando que o vereador está “a serviço do mau (sic) e contra a volta dos cobradores” e conclamou seus seguidores a dar “porrada nele”.
Outro duro ataque veio do vereador Renato Cinco (PSOL) em um discurso na Câmara Municipal. “Eu não sei se o vereador Leandro Lyra é só desonesto ou é muito incompetente”, acusou o parlamentar socialista, que criticou o substitutivo do vereador do NOVO. “Ele fez provavelmente um conluio com a Fetranspor para fazer todo mundo de trouxa”.
Além das acusações pessoais à Lyra, Cinco também atacou o Partido Novo. “Como ele faz parte de um partido criado por banqueiros do Banco Itaú, ele não deve saber o que é ficar desempregado dois meses. Atrasar em dois meses a contratação de rodoviários é muito grave. […] O que pensar de um partido que defende uma ideologia do século 19 mas se apresenta como um partido novo?”
“Vocês sabem o que é o Partido Novo? Os banqueiros do Brasil […] estão construindo uma nova legenda para conseguir continuar a ter os seus representantes na política brasileira. É um partido velho pra cacete! Nada mais velho no Brasil do que um partido que responde única e exclusivamente ao grande capital”, criticou o parlamentar.