O jornalista do jornal O Globo Ancelmo Gois, um dos mais influentes do Rio de Janeiro, publicou uma nota nesta quinta-feira (20) debochando da presença de Kim Kataguiri, coordenador do Movimento Brasil Livre, em um debate sobre segurança pública que ocorrerá em setembro.
“O que passa pela cabeça do MP [Ministério Público] do Rio para convidar, para um debate sobre segurança, Kim Kataguiri, de 21 anos, líder do MBL que ficou famoso no ‘Fora, Dilma’?”, escreveu Gois. “Logo ele que, há um mês, para dar força à campanha pelo fim do regime semiaberto, usou um dado falso sobre presos que voltam ao regime”.
Não é, porém, a primeira vez que Gois se manifesta criticamente contra organizações e personalidades do ecossistema pró-liberdade. Em março, o jornalista também sugeriu que a “maioria” dos artigos publicados no Instituto Liberal eram “elogiosas” a Jair Bolsonaro, sem indicar, porém, a fonte dessa pesquisa.
Resposta
Kim Kataguiri foi procurado pela equipe do Boletim da Liberdade para manifestar-se sobre a nota de Gois. “Tem uma tentativa clara da imprensa tradicional, do Globo, da CartaCapital, de tentar deslegitimar quem quer que seja que discorda dos ideais de esquerda no debate público”, falou Kim.
Quanto à acusação de falsificação de dados, Kataguiri se defende e diz que os dados foram extraídos do próprio Conselho Nacional de Justiça. “Ele [Ancelmo Gois] usou uma notícia da Agência Pública, que diz que eu ‘falsifiquei’ os dados de reincidência, quando na verdade eu usei dados do próprio CNJ. Dados de quem foi por duas vezes presidente da instituição, o Gilmar Mendes e o Cezar Peluso. Não foi nada tirado da minha cabeça”, disse, completando: “Até o argumento central deles, então, é furado, porque é baseado neles mesmos. Baseado na fala de um jornalista que diz que é falso, e agora toda a imprensa toma como se o dado fosse realmente falso, quando na verdade é verdadeiro.”
A tentativa de cercear o debate público é, para o coordenador do MBL, para dar espaço apenas para especialistas que vão ao encontro do discurso oficial. “Eles querem que só haja participação de especialistas […] que dizem que o ‘grande caminho para combater a violência é a ressocialização, que na verdade é a pobreza que gera criminalidade’, o que é uma grande ofensa aos pobres. Eles querem defender a mesma patota que defende o discurso que levou o Brasil a ter esse caos na segurança pública que existe hoje e quando alguém, de fato, vai debater uma opinião efetiva, eles tentam de fato cercear o debate”
O evento
Com o título “Segurança Pública como direito fundamental”, o Ministério Público do Rio de Janeiro está organizando um grande evento em sua sede que contará com diversos palestrantes. Além de painéis com juízes e procuradores, será organizada uma mesa com o tema “Segurança Pública e Justiça: A visão da sociedade”, onde Kim foi convidado, ao lado do analista político Alexandre Borges e do engenheiro Roberto Motta. O encontro está previsto para ocorrer no dia 15 de setembro.