Uma reportagem publicada no site The Intercept pelo jornalista Lee Fang se propôs a fazer um Raio X do movimento liberal/libertário no mundo, dedicando também grande parte do texto ao fenômeno brasileiro. Tendo como linha mestra a influência da Atlas Network no fomento de organizações liberais mundo afora, o texto tentou estabelecer paralelos pouco convincentes de que, na prática, todos os esforços são financiados e controlados por norte-americanos.
O Movimento Brasil Livre, o Instituto Liberal, o Instituto Millenium e o Centro de Ética e Economia Personalista foram algumas das organizações citadas pelo site. “Estamos começando a incomodar a esquerda! O trabalho não pode parar…”, publicou o CIEEP em sua fanpage no Facebook em reação à reportagem.
“Funcionários de organizações como [a] Atlas e o EPL vivem de exagerar o próprio impacto com histórias mirabolantes. Arrotar influência é conquistar doadores. Um bom jornalista deveria ter esse ceticismo”, criticou Pedro Menezes, ex-conselheiro executivo do Estudantes Pela Liberdade. Ele também argumentou que organizações alinhadas à esquerda, como a Agência Pública e o próprio site The Intercept, que publicou a reportagem, também recebem recursos de grandes doadores. “A Agência Pública é financiada pela Família Ford e George Soros – zero conspiração, está no site deles. O The Intercept é financiado pelo dono do eBay.”
Ainda segundo Menezes, “praticamente 100% dos doadores” das organizações pró-liberdade no Brasil são brasileiros. “No máximo, organizações brasileiras ganharam ‘grants’ da Atlas, e os valores que não devem chegar a 5% do que os dois veículos [Agência Pública e The Intercept] recebem de milionários americanos”.
Rodrigo da Silva, um dos fundadores do site Spotniks, também comentou a questão, frisando a hipocrisia da matéria: “Eu sei que é clichê, mas é irresistível: é a moral deles e a nossa. A deles pode ser financiada com bilhões de dólares por ano. A causa é nobre. No fundo, é um lado colaborando para a verdade e outro para a mentira. Você pode financiar com dinheiro público artistas, blogueiros, sindicalistas e líderes de movimentos sociais. Pode financiar com dinheiro privado ONGs e think tanks ligados à esquerda. Pode construir uma indústria da formação de opinião enviesada para o mesmo quadrante do The Intercept. Mas cada centavo despendido para abraçar ideias contrárias é incentivar uma cultura perversa anti-povo. Isso é populismo puro.”
O economista Rodrigo Constantino, também citado na matéria, ironizou as colocações do jornalista da The Intercept. “Descubro na reportagem […] que sou praticamente um reacionário adepto de teorias conspiratórias terríveis (logo eu!), e que o Instituto Liberal pertence à Atlas, que me influenciou de forma incrível (o que eu definitivamente nem sabia). É um espanto quando a esquerda resolve fazer jornalismo, não?”
Leia a matéria da The Intercept na íntegra clicando aqui.