Maior organização pró-liberdade do país, o Movimento Brasil Livre tem sido alvo de ataques diários da imprensa tradicional. Nem sempre, porém, aqueles que o atacam demonstram compreender as ideias e os intelectuais que influenciam o movimento liberal no Brasil. Exemplo disso é a crítica publicada nesta quinta-feira (28) pelo portal Poder 360.
O texto, assinado pelo jornalista Rodrigo de Almeida, apresenta como tese principal que o MBL não representa o liberalismo devido ao que chama de “agressividade histriônica”. Porém, ao rotular exemplos de “liberalismo dignos do nome”, o autor cita o professor Delfim Netto, economista e ex-ministro da Fazenda (1967-1974), Agricultura (1979) e Planejamento (1979-1985).
“Se a indignação do MBL é seletiva, seu liberalismo não é sequer digno do nome. Fico imaginando o constrangimento do professor Delfim Netto e seu notável liberalismo econômico, leitor de Marx mesmo enquanto servia ao regime militar na ditadura instaurada em 1964”, escreveu o autor, tentando associar as ideias liberais à política econômica do regime militar.
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O historiador Leonel Caraciki, em artigo publicado em 2014 no Instituto Mercado Popular, porém, observa que o regime ficou marcado pelo “capitalismo de compadrio, juntamento com um dirigismo ferrenho que dominava a mentalidade de setores ultranacionalistas”. No mesmo texto, ele cita que o país “adotou um pensamento econômico quase que mercantilista, filho bastardo de Friedrich List, Karl Marx e a teoria da dependência”, cujos governantes “acreditavam que o punho de ferro do Estado iria dirigir a mão invisível do mercado”. Algo bastante distante, portanto, do ideário do liberalismo econômico.
Na vida posterior ao governo, o economista tornou-se colunista da revista CartaCapital e demonstrou proximidade de pensamento com o grupo do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, envolvido em vários escândalos de corrupção. Ao portal Brasil247, o também professor da USP deu declarações curiosas e bem distante daquelas que um liberal faria. Segundo ele, “Dilma fez em 2011 um excelente governo”, que “Lula é um gênio” e um “diamante bruto” e que Guigo Mantega seria um “um excelente economista”. Como o tempo provou, esse trio contribuiu para levar o país à maior recessão econômica da história – e os liberais, ao contrário de Delfim, eram quem anunciavam que isso ocorreria mais cedo ou mais tarde.