A aposta brasileira no Estado inchado pode estar com os dias contados. É isso que uma publicação estrangeira, a Bloomberg, afirma em matéria publicada no último dia 26 de setembro, dando conta do mérito e dos impactos das reformas e medidas de controle fiscal estabelecidas e pretendidas pelo governo de Michel Temer.
De autoria de Simone Preissier Iglesias e Luisa Marini, a matéria, intitulada The End is Near for Brazil’s Bureaucratic Utopia (em tradução livre, “O fim está próximo para a utopia burocrática do Brasil”), se concentra em Brasília. Segundo o texto, a cidade já nasceu, instalando-se no meio “do nada”, oferecendo benefícios e voos gratuitos a quem fosse se instalar por ali. Essa “indústria” teria crescido e cerca de 40 % da força de trabalho na capital brasileira estão hoje, sem contar o Poder Judiciário, o Congresso Nacional e as Forças Armadas, em funções públicas, trabalhando diretamente para o governo.
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“Eles estão todos em classes privilegiadas”, ousa afirmar a matéria, “muitos pertencendo a clubes, um para aproximadamente cada profissão e frequentemente subsidiados, com piscinas e quadras de tênis”. A matéria registra opiniões de brasileiros, entre eles uma estudante que deseja prestar concurso para uma função pública e acredita que Temer está “roubando seus direitos”, e, de outro lado, um oculista de 48 anos, Mauricio Vale Borges, que afirmou que o Estado paternalista foi um erro do começo ao fim e está “fora da realidade do país”.
O texto é realista ao apontar a baixíssima popularidade do presidente da República e sinalizar que a maioria da população não acredita que a realidade nacional vai melhorar, mas ao mesmo tempo realça que a Operação Lava Jato demonstrou a necessidade das privatizações, pois as ligações muito íntimas entre as empresas e o Estado, bem como o papel fundamental das numerosas estatais, foram fatores relevantes para a instauração do esquema de corrupção. A publicação arremata com um diagnóstico do economista Gil Castelo Branco acerca dos gastos do governo com empreendimentos estatais: “Se não houver redução de custo, o futuro será fechar as portas”.
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