Na última segunda-feira (23), o vereador Leandro Lyra, primeiro político eleito pelo Partido Novo no Rio de Janeiro, fez um comunicado que surpreendeu o público. Com menos de um ano de mandato, Lyra revelou que submeteu seu nome ao processo seletivo do partido para concorrer ao cargo de deputado federal em 2018.
A motivação para o novo desafio, segundo ele, é o interesse no tema da previdência social. Para Lyra, é preciso “revisar a previsão constitucional de existência de regimes previdenciários privilegiados”, o que justificaria um mandato no parlamento. Apesar disso, sua decisão gerou polêmica e dividiu até mesmo os apoiadores do NOVO que são entusiastas de seu mandato. O debate estava gerado: no interesse de defender as ideias liberais com maior alcance e efetividade, seria válido concorrer a outra eleição ainda com mandato em curso?
Para o empresário Roberto Rachewsky, colunista do Instituto Liberal e ex-presidente do Instituto de Estudos Empresariais, a atitude de Lyra não tem, por si só, nada de errado, sendo também “legítima e necessária”.
“Quando um partido abre mão da oportunidade de ocupar todos os espaços para fazer a defesa dos seus interesses maiores, deixando inclusive de neutralizar seus oponentes, porque resolveu que seus integrantes devem cumprir integralmente um mandato […], ele está se impondo um auto sacrifício, além de negar aos seus eleitores a chance de eles serem representados adicionalmente”, declarou em publicação no Facebook.
Rachewsky complementou, portanto, que seria “contraproducente não aproveitar aqueles que já passaram pelo teste das urnas para, aproveitando a sua notoriedade e competência eleitoral, conquistar mais espaço em outros parlamentos que não apenas no nível local”.
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Na área de comentários, porém, houve divisão. Mariane Oliveira, filiada do NOVO e participante do processo seletivo, se disse decepcionada “com a atitude personalíssima” de Lyra, afirmando que o partido está começando um novo processo seletivo “com pessoas muito preparadas e talvez tão bem preparadas quanto o Lyra”, não sendo necessário “que alguém abandone seu mandato para concorrer a outro exatamente porque o partido está preparando muito bem seus futuros proponentes aos cargos do legislativo federal”. Lyra deveria, em sua opinião, “honrar com o compromisso assumido para não cairmos na vala comum dos velhos políticos”.
Situação se repete em São Paulo
Cotado como possível candidato à presidência da república em 2018, o prefeito João Doria (PSDB) vive um dilema similar ao de Leandro Lyra. Assim como o vereador carioca, Doria foi eleito pela primeira vez em 2016 e, antes mesmo de completar seu primeiro ano de mandato, começou a se movimentar com vistas a projetos eleitorais em 2018.
Embora tenha vivido um período de grande popularidade, uma pesquisa do Datafolha divulgada em outubro indicou que 58% dos paulistanos preferem que o tucano continue como prefeito e não concorra outro cargo. Nesse grupo, estão inclusive pessoas que consideram sua gestão ótima ou boa – popularidade, aliás, que tem apresentado queda ao longo do ano.
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