A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro derrubou nesta sexta-feira (17) em votação extraordinária a prisão preventiva contra o presidente da Casa, Jorge Picciani, e outros dois deputados estaduais: Paulo Mello e Edson Albertassi, todos do PMDB. Os parlamentares foram arrolados em um escândalo de corrupção que atingiu o coração do partido no Rio, que tem em Picciani e o ex-governador Sergio Cabral suas maiores referências e que está há mais de uma década no poder.
Ao longo do dia, diversos movimentos pró-liberdade se reuniram de frente à ALERJ para tentar pressionar que a prisão dos parlamentares fosse mantida. As mobilizações, como antecipou nesta quinta-feira (16) o Boletim da Liberdade, ocorreram em paralelo a grupos políticos tradicionalmente adversários às ideias da liberdade, como o PSOL – que também reinvindicou a queda de Picciani.
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O Boletim conversou com Roberto Motta, ativista de segurança pública ligado ao MBL e filiado ao PSL/Livres, e com Bernardo Sampaio, coordenador estadual do MBL no Rio de Janeiro, sobre o que ocorreu hoje. Confira as declarações:
“A ALERJ mexeu com uma coisa que ela vai se arrepender profundamente”
O que eu vi lá hoje foi um espetáculo bizarro. Eu cheguei com a turma do MBL e algumas pessoas do Vem Pra Rua, além de outros movimentos, o pessoal do Livres e de associações de moradores. Mas a nossa presença foi totalmente esmagada pela presença avassaladora e aparelhada do PSOL e da turma vermelha de todos os tipos de origem. Todo mundo com cara de profissional, de que foi lá com plano. Eram provavelmente remunerados. Uma agressividade que eu nunca vi igual. Havia dois cidadãos que ficavam do outro lado da cerca, em frente aos PMs do batalhão de choque, xingando, fazendo gestos obscenos, gritando, mostrando notas de dinheiro dando a entender que os caras eram vendidos. Provocadores profissionais.
Aqueles caras ali não estavam ali de brincadeira não. E, em cima do carro de som, os anunciantes do PSOL. Eram cada um pior do que o outro. Conclamando as pessoas a invadirem. Subiu um sujeito dizendo que tinham levado um tiro de bala de borracha no olho. E que os policiais eram todos fascistas. E que tinham que acabar com todo mundo. Ninguém foi lá pra fazer pressão para a Assembleia mudar de decisão. Foram lá para praticar a guerra política mais pura. Para gerar mídia. Para gerar ódio. E, quando eu reparei, ao meu lado, tinha um monte de pessoas com máscara de gás. Foi a hora que eu falei para o pessoal: ‘olha, é melhor a gente sair’. Não deu 10 minutos e estourou a guerra. Tinha um sujeito de capacete com uma mochila cheia de rojões. Soltando o rojão mais perigoso que existe no meio da multidão. Para aquilo ali atingir alguém e matar, era um descuido do cara. O rojão mais forte que eu já vi na minha vida.
Do lado de fora, foi um aparelhamento total da esquerda mais radical e mais nojenta. E, do lado de dentro, os deputados omissos e corruptos. O cidadão comum, que não quer uma coisa nem outra, nem foi. Alguns poucos heróis desses movimentos foram. O pessoal do VPR, MBL, Meu Rio, o Livres. Mas, numericamente, se você somar essa galera toda, não devia somar umas 30 pessoas. Os movimentos todos começaram na semana passada um processo de reunião do planejamento em conjunto. Eu acho que a ALERJ mexeu com uma coisa que da qual ela vai arrepender profundamente. Agora foi um sinal para todos os movimentos do Rio de Janeiro se unirem e tentarem por todos os meios disponíveis (claro, não-violentos) para esses caras que votaram a favor nunca mais colocarem o pé ali. Pois é uma obscenidade você ter o filho do Picciani votando nisso aí. Como é que o carioca vai viver agora sabendo que o presidente da Assembleia Legislativa é um cara que foi preso e está sendo indiciado criminalmente?
(Roberto Motta, ativista, por telefone)
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“Se os parlamentares continuam achando que essa prática velha da política vai eleger eles ao longo do tempo, eles estão muito enganados”
Os parlamentares estiveram hoje lá para fazer seus discursos como se eles tivessem virado deputados hoje. Como se eles não soubessem nada do que acontecesse dentro da Assembleia Legislativa. Como se tudo o que está acontecendo com o Estado do Rio de Janeiro, que a gente viu nas Olimpíadas, na Copa, tivessem pego eles de surpresa. E aí a gente tem duas críticas a fazer para um cara de pau dessa forma. Se a atribuição dele como parlamentar é fiscalizar, e ele não consegue fiscalizar nem os próprios amigos dele, ele é um péssimo parlamentar. E, em segundo, é o cara dar uma desculpa e a gente não conseguir acreditar que aquilo ali não é uma conivência.
A gente está diante de uma possibilidade de quebra de paradigma do sistema político tanto do estado quanto do país. A população está mais politicamente engajada. A mídia dando mais cobertura para o caso político do que pra novela. E aí os caras da Assembleia vivem numa redoma como se aquilo ali não fizesse parte do país que eles vivem. Eu acho uma afronta. Se os parlamentares continuam achando que essa prática velha da política vai eleger eles ao longo do tempo, eles estão muito enganados.
Pois quem combate tanto a corrupção quanto a velha política não vai parar. Como o MBL. A gente continua com a mesma força, a mesma garra. Quando acontece essas coisas, ao invés da gente ficar desanimado, pelo contrário, a gente fica mais motivado ainda. Pois a gente recebe a mensagem de que o jogo está longe de ser virado. Isso alimenta a gente. Alimenta as nossas candidaturas. Alimenta o rumo que a gente decidiu seguir. Vai dar mais força para a gente.
Eu acabei de receber três ligações de partidos. O pessoal do Partido Novo ligou agradecendo a cobertura. O pessoal do PSDB também ligou agradecendo. Então são essas pessoas que o MBL representa. A gente está no caminho certo, recebendo muitos elogios. A tentativa de enxotar a gente da manifestação pela esquerda foi enorme. Caras de dois metros de altura nos empurrando. Chamando o Zé Maria, que era vendedor de doce, que é da baixada, de coxinha. Coisa ridícula. Pelo o que a gente deu pra perceber, é que esse pessoal da extrema-esquerda está incomodado pois a corrupção não são eles que estão organizando. Como o Lula fez lá em cima. É que nem a questão da ditadura que eram contra: eram contra porque era uma ditadura de direita, pois eles queriam uma ditadura de esquerda. E deu pra perceber nitidamente que eles não são contra a corrupção. Eles são contra a corrupção do PMDB. Porque quando é com eles, são “presos políticos”.
(Bernardo Sampaio, coordenador do MBL, por telefone)
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