Uma das notícias que mais movimentaram os noticiários de política na segunda-feira, dia 27, foi uma declaração do deputado Jair Bolsonaro durante um evento da revista Veja em São Paulo. Ele informou o nome que está cogitando para o Ministério da Fazenda, caso seja eleito presidente da República: Paulo Guedes.
O nome dialoga com os interesses do eleitorado mais liberal. Afinal de contas, conforme resume o Infomoney, Guedes figura entre os fundadores do Instituto Millenium, foi professor de macroeconomia na PUC-RJ, na FGV-RJ e no IMPA (Instituto de Matemática Pura e Aplicada), além de fundador do Banco Pactual e sócio majoritário do grupo BR Investimentos.
Paulo Guedes é um notório crítico da social democracia hegemônica na Nova República, tendo afirmado em entrevista de janeiro do ano passado para a revista Época que é difícil escapar dessa padronização no país. Ironizou também a ideia de que “no Brasil, a direita é o Fernando Henrique, o homem que se envergonha das próprias privatizações, o homem que soltou o câmbio depois de perder U$ 50 bilhões para ser reeleito”, sendo bastante crítico a alguns aspectos do próprio Plano Real.
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“Os economistas do Cruzado, do PSDB, levaram quase duas décadas para chegar onde era preciso. É trágico ter de esperar dez anos para chegar no câmbio flexível, a um Banco Central autônomo, e quinze anos para chegar no ajuste fiscal. É um tributo à improvisação brasileira”, atacou. Guedes ainda definiu Fernando Henrique como a “vanguarda do atraso”, cuja energia “foi toda consumida nessa transformação que era sair da ditadura e redemocratizar o país”. Para além da disputa entre esquerda e direita, o economista defende a “sociedade aberta”, que precisa ser conquistada com reformas de mercado livre – mas com solidariedade: “os liberais vão continuar a ser assassinados politicamente enquanto não entenderem que a solidariedade é um instrumento tão importante quanto a liberdade”.
Reações no ecossistema pró-liberdade
O economista Rodrigo Constantino, colunista da Gazeta do Povo, comentou que “Bolsonaro fez um golaço ao escolher Guedes como um ministro dos sonhos, o que demonstra que sua guinada liberal não é apenas retórica ou cosmética, mas para valer”, pois Guedes “não aceitaria ser uma marionete de alguém”. Já o presidente do Instituto Mises Brasil, Hélio Beltrão, definiu a possibilidade como um “gol de placa”.
O presidente do Instituto Liberal, Roberto Gomides, demonstrou uma visão mais cética. “Legal o Bolsonaro falar sobre o Paulo Guedes e tal… Mas não vejo motivo para tanta alegria… Lembram do Levy com a Dilma? Foi um bom sinal e só isso”, disse.
A questão Luciano Huck
O site O Antagonista acrescentou um elemento novo à informação. O apresentador de televisão Luciano Huck esteve também no evento da Veja e disse que “o primeiro a vê-lo como candidato foi Paulo Guedes”. Huck garante ter sempre deixado muito claro que não é candidato, embora o Brasil precise “construir uma opção de centro” para as eleições. Porém, o apresentador apenas fez uma declaração positiva de que não será candidato nesta mesma segunda, em entrevista à Folha.
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