Mais de mil pessoas se reuniram no último dia 18, em São Paulo, para participar de um evento partidário que culminou na apresentação de uma pré-candidatura presidencial. O encontro, por si só, já seria motivo de notícia – mas alguns diferenciais o tornam ainda mais relevante. Em primeiro lugar, o evento era pago: um verdadeiro fenômeno para um país onde o normal é que os militantes sejam remunerados ou tenham promessas de benefícios. E, em segundo lugar, o partido – bem diferente dos tradicionais, é recém-criado, disputou apenas uma eleição e tem apenas quatro políticos com mandato.
É apostando em uma nova fórmula de fazer política que o NOVO pretende seu lugar ao sol em 2018. Oficializado em 2015, a legenda tem metas ousadas para as primeiras eleições gerais que participará. E nomes de peso para ajudar nesse desafio: entre eles, Gustavo Franco (ex-presidente do Banco Central e um dos idealizadores do Plano Real, hoje à frente da Fundação Novo), Mateus Bandeira (ex-presidente de uma das principais consultorias do Brasil e pré-candidato a governador do Rio Grande do Sul) e o técnico de voleibol campeão olímpico Bernardinho (que pode ser candidato pelo Rio de Janeiro já no próximo ano).
“A gente acha que tem um bom propósito, tem uma boa causa. A gente sabe das dificuldades, que a gente larga muito atrás por uma série de pré-condições que são estabelecidas, mas existe um cenário de mudança”, argumenta Moises Jardim, administrador de empresas e presidente do partido, em entrevista exclusiva ao Boletim da Liberdade. Nas próximas linhas, ele fala, entre outros assuntos, do engajamento das pessoas ao partido (“a nossa grande força”), dos objetivos para 2018, do risco do “voto útil” prejudicar os candidatos da legenda e da provável candidatura presidencial de João Amoêdo (fundador da legenda e já oficializado pré-candidato). E Jardim garante que o partido brigará pra valer para chegar no segundo turno. “A gente não vai entrar agora para competir. A gente vai entrar agora para ganhar”, promete.
Boletim da Liberdade: No último dia 18, o NOVO realizou seu 3º Encontro Nacional. Qual é a avaliação que você faz do encontro?
Foi muito bom. Superou inclusive as nossas expectativas. Mais de 1.100 pessoas compareceram. A gente tinha como objetivo primeiro fazer uma prestação de contas, de como é que foi o ano de 2017, de como a gente cresceu. As estratégias que a gente implementou e o tipo de resultado que nós tivemos. E aí a gente conseguiu demonstrar um crescimento bastante grande em todas as frentes que a gente se prontificou a trabalhar.
A gente também já teve a primeira interação do Gustavo Franco com os nossos filiados. Ele apresentou o seu primeiro trabalho, e falou também de como que a Fundação Novo pretende trabalhar. Ou seja, como pretende se organizar como a Fundação Novo. E, na parte da tarde, a gente já passou [a falar] sobre expectativas para 2018. Passamos o posicionamento de como está o nosso processo seletivo. Como é que a gente tem trabalhado com ele. Como é que a gente fez todas as etapas do processo seletivo para selecionarmos os candidatos para cargos legislativos para 2018. E, no final, a gente fez todos os painéis.
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Também já se apresentaram os pré-candidatos para o governo estadual – a gente teve o Romeu Zema, por Minas Gerais, o Alexandre Guerra, pelo Distrito Federal, e o Matheus Bandeira, pelo Rio Grande do Sul. Junto com eles, estava também Bernardinho, que ainda não é candidato oficialmente, pois está pensando na situação. Mas a gente tem uma expectativa grande de que ele venha a se definir para algum cargo no Rio de Janeiro.
E finalizamos com o lançamento oficial da pré-candidatura do João Amoêdo à presidência. Foi muito legal. O João comunicou a aceitação da pré-candidatura dele e já colocou aí alguns pontos que ele imagina trabalhar, ou dar sequência na campanha. O resultado foi muito bom e saiu todo mundo bastante energizado. E a repercussão em mídia acabou sendo muito boa, até pela força dos nomes que a gente acabou apresentando. E também pela característica um pouco diferente de reunião partidária, que normalmente são reuniões mais fechadas e sem muita emoção. E o que a gente teve foi uma participação de todo mundo, foi muito legal.
Boletim da Liberdade: O NOVO anunciou ter batido o número de 15 mil filiados. Uma marca expressiva, levando em consideração que a filiação é paga. Como você tem avaliado o engajamento dos filiados ao partido?
Acho que essa é a nossa grande força. Como a gente se propõe a ser um partido que em momento algum vai utilizar recurso público, a gente tem que ter um grupo de apoiadores e filiados que mantenham e sustentem esse partido. Quando você consegue isso, o filiado se sente de fato dono do partido. Ele se sente engajado a esse partido. Então hoje a gente já superou a marca de 15 mil filiados. E desses 15 mil filiados, a gente tem o não-pagamento mensal muito baixo. Algo em torno de 5% à 6%. Então há um grande número de pagamentos ao mês para filiação.
A gente entende que isso que nos dá a garantia de nos mantermos fiéis aos nossos princípios. Isso é uma coisa que a gente sempre diz: o fato de nós dependermos de nossos filiados faz com que sejamos fiéis aos princípios do partido. No momento em que nós deixarmos de sermos fiéis a esses princípios, é natural que o filiado desista do engajamento e pare de contribuir. Com isso, o partido passaria a diminuir de tamanho. Se nós estivermos crescendo e querendo continuar com a nossa atividade, uma das coisas que a gente não pode abrir mão é de nossos princípios básicos. Pois é isso o que o nosso filiado busca.
O fato de nós dependermos de nossos filiados faz com que sejamos fiéis aos princípios do partido. No momento em que nós deixarmos de sermos fiéis a esses princípios, é natural que o filiado desista do engajamento e pare de contribuir. Com isso, o partido passaria a diminuir de tamanho.
Boletim da Liberdade: O partido anunciou também a pré-candidatura de João Amoêdo à presidência da república. Como foi feita essa escolha e como foi a recepção das pessoas?
Os diretórios estaduais encaminharam para o diretório nacional o nome que eles indicavam para esse cargo [presidente da república]. Isso foi feito há dois meses, mais ou menos, em que a gente teve por parte dos diretórios estaduais a unanimidade dos votos. Todos os presentes acabaram indicando o nome do João Amoêdo como pré-candidato. Então nós levamos isso ao diretório nacional, para ser validado, e o diretório nacional fez essa validação e deu o “ok” para essa pré-candidatura. O que nos permitiu anunciar já no sábado, dia 18. Como isso já vinha sendo trabalhado internamente dentro do partido, no dia 18 já existia até um consenso.
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Algumas pessoas chegaram a brincar sobre o assunto pelo período da manhã, mas eu frisei que a gente só trataria disso na parte da tarde [do 3º Encontro Nacional]. Exatamente porque já existia essa expectativa. O João tinha ficado de pensar sobre essa questão, até porque originalmente não era essa a intenção dele num primeiro momento. Aí existe toda uma questão familiar que cada candidato tem que resolver. É um processo muito pessoal. E ele usou esse último mês para isso, além de se preparar um pouco mais, de ver como conduziria essa próxima etapa de pré-candidatura.
O João tinha ficado de pensar sobre essa questão [a pré-candidatura à presidência], até porque originalmente não era essa a intenção dele num primeiro momento.
Boletim da Liberdade: Como o NOVO enxerga o papel da candidatura presidencial própria nas eleições de 2018? O objetivo é mais divulgar o partido ou fazer uma candidatura realmente competitiva, pra vencer?
Num primeiro momento, quando a gente começou a pensar na candidatura, a gente falava de uma candidatura para ocupar espaço, para levar as ideias do NOVO. Pra divulgar essas ideias, pra divulgar nossos princípios. Afinal, a gente acha que tem alguns princípios e ideias muito diferentes do que vêm sendo comunicadas ou que chegam até as pessoas. Então a gente sempre imaginou que haveria um tempo para que essas ideias fossem melhor entendidas. Mas divulgadas também, até pela nossa falta de espaço.
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Só que, nos últimos meses, a medida que a gente começou a viabilizar essa candidatura e a ver quem seriam os principais concorrentes, os principais players, a gente começou a perceber que tínhamos uma candidatura que fazia todo sentido. E que pode ser muita competitiva para 2018. Tanto que o próprio João [Amoêdo], quando fez o anúncio, comentou: “Olha, os planos mudaram”.
A gente não vai entrar agora para competir. A gente vai entrar agora para ganhar, sim. Porque a gente acha que tem um bom propósito, tem uma boa causa. A gente sabe das dificuldades, que a gente larga muito atrás por uma série de pré-condições que são estabelecidas, mas existe um cenário de mudança – e o eleitor também está buscando uma mudança grande. O que nos dá a possibilidade de a gente brigar por um segundo turno. Hoje em dia, a gente está mais confiante que pode chegar lá e que pode ter uma candidatura bem competitiva.
Boletim da Liberdade: A professora Carmen Migueles, primeira candidata a um cargo executivo pelo NOVO, disse ao Boletim em entrevista em abril que o resultado que teve na cidade foi menor por causa do chamado “voto útil”. Carmen disse que muitas pessoas estavam propensas a votar nela, mas avaliavam que sua candidatura não tinha chance e que o voto, portanto, seria jogado fora. O NOVO já tem pensado em alguma forma de cativar o voto do eleitor até o final? E não apenas ao caso da candidatura presidencial, mas também nas demais eleições majoritárias?
Não temos hoje uma estratégia definida para isso ainda. Eu acho que essa estratégia vai ser necessária e será construída a medida que as campanhas comecem e os candidatos também comecem a ter as suas oscilações e suas mudanças de comportamento. A questão do voto útil é um movimento que a gente imagina que possa ter, mas que vai depender portanto muito da parte final da campanha e do posicionamento de cada candidato.
De fato, isso acabou acontecendo no Rio de Janeiro, onde ficaram duas pontas extremadas na eleição de prefeito em 2016 e esse foi um movimento bastante forte. Não sei se a gente pode imaginar a mesma coisa para os [candidatos aos] governos e para a [candidatura à] presidência. Acho que é uma coisa que a gente vai precisar ver e no decorrer da campanha a gente vai ver como vai se manifestar.
A gente não vai entrar agora para competir. A gente vai entrar agora para ganhar, sim. Porque a gente acha que tem um bom propósito, tem uma boa causa. […] Existe um cenário de mudança – e o eleitor também está buscando uma mudança grande.
Boletim da Liberdade: Mas vocês entendem que pode ocorrer?
Sem dúvida. Principalmente se você tiver, como já ocorreu, dois extremos. Uma polarização muito grande competindo. Aí as pessoas começam a ficar com medo e optam por não escolher um desses extremos. É uma coisa a ser posicionada. Acho que o NOVO é uma proposta bastante diferente, bastante moderna em relação ao que existe por aí. E a nossa expectativa é que essa proposta, se bem entendida, e se nós tivermos o espaço necessário para comunicar, vai contribuir para que essa polarização tão forte não exista. Então a gente passa a ser um player bem considerável.
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Boletim da Liberdade: 2018 será a segunda eleição em que o NOVO está fazendo processo seletivo para cargos no legislativo. Como tem sido o progresso?
A avaliação é super positiva. O processo seletivo que a gente faz para 2018 já traz aprendizados que colhemos em 2016. Em 2016, a gente fez um processo mais curto, até porque a gente tinha menos tempo. O partido estava recém-registrado. Então o tempo que a gente teve para fazer o processo seletivo foi muito pequeno. Agora, para 2018, a gente começou a fazer o processo seletivo desde março desse ano. Escolhendo pessoas, entrevistando, vendo a performance delas em vídeo, analisando currículo.
Nesse processo, por exemplo, em 2016, através do vídeo a pessoa se apresentava e a gente conhecia o currículo dela. Isso já foi um aprendizado pra gente. Agora, a gente acha melhor já conhecer o currículo dela e no vídeo ela já apresenta alguma outra pauta, algum outro assunto. Como, por exemplo, por que ela se decidiu se candidatar, coisas desse tipo. Para que a gente já avalie o modo como ela se apresenta, e também dê condições a ela de fazer isso.
E a terceira e quarta fase já são preparatórias. Onde a gente prepara os candidatos que já passaram por uma pré-seleção, ou seja, quando já foram removidos aqueles que não estavam alinhados ou que a gente entendia que não tinham as competências necessárias que a gente entende para o cargo. Eles acabam não continuando com o processo. E aqueles que continuam começam a fazer treinamento e ter exigências já de um candidato até para quando chegar na campanha, ele chegue melhor preparado. Saiba se apresentar, saiba atuar na campanha. E, inclusive, ele saiba atuar como parlamentar também.
A gente faz um curso, que é um ensino à distância, em que o candidato já vê o que é uma atuação parlamentar, o que ele faz, como é que ele atua, quais as regras. E isso tem sido uma ferramenta muito boa e os próprios candidatos nos tem dado esse feedback de quão enriquecedor tem sido essa etapa que a gente forma o candidato e lhes dá muito mais base para ele disputar.
Os próprios candidatos nos tem dado esse feedback de quão enriquecedor tem sido essa etapa que a gente forma o candidato e lhes dá muito mais base para ele disputar.
Cabe lembrar ainda que em 2018 nós teremos uma campanha muito curta, pois os candidatos vão ter muito tempo para se apresentar. Então quanto mais preparado chegar lá, melhor. No nosso ponto de vista, o processo vale muito a pena. A gente acha que prepara muito bem e leva candidatos muito preparados. E, inclusive, a gente já vê outros movimentos até fazendo algo muito parecido.
Se você olhar aí o que hoje está se propondo fazer o Renova Brasil, é um pouco parecido com isso. De formar os candidatos. Inclusive o Renova Brasil vai mais longe, pois se compromete em conceder bolsas aos candidatos. A gente acha esse movimento muito saudável. A gente está colocando gente mais preparada, gente que está indo para a política não porque é uma tradição da família, não porque ele precisa disso para ganhar algum foro privilegiado, muito menos porque precisa fazer algum conchavo. Mas porque ele se interessa pela coisa pública, ele tem vontade, ele treinou para isso e está capacitado para isso. Eu acho que vai ser uma diferença muito grande a partir de 2018 com esse pessoal entrando no meio político.
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Boletim da Liberdade: O objetivo principal do partido será a formação de um bancada no Congresso Nacional? Caso sim, já tem um número em mente?
A gente defende muito o federalismo. Para uma democracia funcionar melhor, ela não pode ser tão centralizada. Mas, efetivamente, no Brasil ainda hoje as coisas se resolvem em Brasília de fato. Por isso, a gente colocou para 2018 um grande foco para termos uma bancada de deputados federais. A gente acha que isso é primordial para que a gente consiga dar continuidade às ações do NOVO. Deixando 2018, indo para 2022, enfim. A gente imagina que seja esse o nosso ponto de partida.
Dito isso, a gente está com um objetivo que é bastante desafiador que é chegar em uns 30 deputados federais eleitos. A gente imagina apresentar em todo o Brasil uns 300 candidatos a participarem da eleição [de deputado federal] e, desses 300, a gente tem o objetivo de chegar a uma bancada de uns 30 deputados. É nisso o que a gente tem trabalhado. Mas essa é uma estratégia de longo-prazo.
A gente imagina apresentar em todo o Brasil uns 300 candidatos a participarem da eleição [de deputado federal] e, desses 300, a gente tem o objetivo de chegar a uma bancada de uns 30 deputados.
Em relação à 2018, apareceu essa janela de oportunidade que até apressa um pouco mais o nosso processo. Pois a gente imaginou inicialmente que seria um processo um pouco mais longo. Mas como a gente tem visto tantas mudanças, essa crise política e crise ética que a gente está vivendo com os principais líderes políticos ou presos, ou condenados ou sob suspeita, o que a gente imaginou é que como isso está ocorrendo tão rapidamente, seria a hora de propor nomes para os cargos majoritários.
E aquilo que até determinado momento pensávamos que não fosse a hora de fazer, chegamos a conclusão de que daria para fazer sim. Vamos apresentar esses nomes para concorrer, em alguns estados, ao governo estadual e também propondo um nome forte e competitivo para a presidência da república.
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