Depois que o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) atacou Bernardo Santoro, ex-presidente do Instituto Liberal e agora secretário-geral do Patriota (partido em que Jair Bolsonaro pretende concorrer à presidência), acusando-o de sempre tentar “aparecer sem autorização”, e seu irmão Eduardo defender que a Previdência não é deficitária, o economista e colunista da Gazeta do Povo, Rodrigo Constantino, publicou um artigo avaliando a situação. Para ele, a família Bolsonaro “precisa ser mais convincente nesse discurso liberal”.
Guinada liberal: Constantino garante que seus leitores sabem da sua “boa vontade ao tentar enxergar sinceridade nesse movimento de Jair Bolsonaro para uma direção mais liberal”, ainda que ele não seja um liberal propriamente dito. A aproximação com Adolfo Sachsida – que pediu também tolerância dos apoiadores de Jair com os críticos – e com o próprio Santoro seriam indícios disso, além da sugestão de Paulo Guedes como ministro da Fazenda. Porém, o “passado militarista de Bolsonaro ainda assombra, e muitos sentem cheiro de puro oportunismo nessa aproximação”. Constantino quer “conceder o benefício da dúvida ao capitão”, acredita em suas boas intenções, e duvida de que Paulo Guedes aceite ser “apenas uma marionete”, mas entende que “o histórico de declarações e votações no Congresso justifica o receio” de que, no poder, Bolsonaro rechace os liberais.
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Eduardo Bolsonaro: Ao contrário do irmão Flavio, “mais discreto”, Eduardo tem dado, segundo Constantino, “escorregadas inaceitáveis”. A afirmação de que a Previdência não é deficitária, rebatida pelo próprio João Amoêdo, do Partido Novo, é, a seu ver, não apenas “simplesmente absurdo”, como “papo de esquerdista”. “Para que não haja mais sacrifícios no futuro, será fundamental aprovar uma reforma previdenciária, e qualquer economista sério sabe disso, até mesmo os tucanos” asseverou.
Carlos Bolsonaro, Bernardo Santoro e Carlos Andreazza: Comentando os ataques de Carlos Bolsonaro a Bernardo Santoro, Constantino apontou a “truculência” envolvida e disse que foram “gratuitos”, estando Santoro “dedicado de corpo e alma para a candidatura, inclusive tentando persuadir seu público liberal da convicção de Jair quanto a essas mudanças”. Ele replicou também alguns comentários do editor da Record, Carlos Andreazza, sobre o assunto no Twitter. Andreazza pontuou que “o tratamento que os Bolsonaro dispensam a Bernardo Santoro – que se dedica loucamente à candidatura de Jair – deveria ser entendido pelo que é: sinal do que farão com os liberais (que lhes dão lustro) se um dia chegarem ao poder”. “Humilhar de forma injusta um liberal como Bernardo Santoro, que vem se dedicando para o sucesso da candidatura de Bolsonaro, vai apenas afastar potenciais eleitores”.
O que Jair Bolsonaro deveria fazer: Constantino diz que o apoio liberal é essencial para a vitória de Bolsonaro, mas precisa de uma contrapartida: a defesa sincera das ideias. “Ele deveria dar um puxão de orelha nos filhos mais falastrões e realmente demonstrar sua mudança de postura e conteúdo”, afirmou, mas não sem falar aos próprios liberais que desprezar Bolsonaro “vai apenas impedir qualquer chance de um governo mais liberal, caso ele vença”.
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