O presidente americano Donald Trump anunciou no início de dezembro que finalmente dará início à transferência da embaixada dos Estados Unidos em Israel de Tel Aviv para Jerusalém. Embora a decisão já houvesse sido aprovada pelo Congresso americano em 1995, a medida veio sendo protelada pelas administrações Clinton, Bush e Obama na esperança, sem sucesso, de aumentar as chances de negociar uma paz duradoura com os palestinos. Jerusalém, no entanto, já funciona como sede do Estado de Israel, apesar de não ter até então nenhuma embaixada instalada – movimento esse que pode começar a mudar com a liderança dos Estados Unidos.
“Quem determina onde estará situada a embaixada de Israel é o Estado de Israel. É a cidadania israelense. Mas como existe o medo dos muçulmanos, como existe a chantagem no mundo, como existe o terror muçulmano radical, os países têm medo”, opina Ronaldo Golemvsky, jornalista que dirige o grupo de mídia “Menorah Brasil’ e o programa de rádio “Confronto”, na Rádio Metropolitana do Rio de Janeiro, ao Boletim da Liberdade.
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Em entrevista exclusiva, Golemvsky – que se dedica com firmeza à defesa do Estado de Israel – comenta, além da mudança das embaixadas, sobre a cobertura da imprensa brasileira sobre o caso, o posicionamento do Brasil a respeito do tema e o por que Israel é um ponto de liberdade e democracia no Oriente Médio. Confira:
Boletim da Liberdade: O presidente americano Donald Trump anunciou que finalmente dará início à mudança da embaixada americana para Jerusalém. Como o senhor avalia essa decisão?
Ronaldo Gomlevsky: Primeiramente, a embaixada americana se transferir para Jerusalém, como todas as embaixadas de todos os países, deveria ser encarado com a maior naturalidade. Porque a capital de Israel não é determinada pela ONU, nem pelo Brasil, nem pela China e nem pelos Estados Unidos. Quem determina onde estará situada a embaixada de Israel é o Estado de Israel. É a cidadania israelense. Mas como existe o medo dos muçulmanos, como existe a chantagem no mundo, como existe o terror muçulmano radical, os países têm medo.
E mais do que isso: existem certas circunstâncias, como por exemplo a circunstância da Igreja Católica que não aceita que Jerusalém seja judaica, mas diz que Jerusalém oriental pode ser a capital da Palestina. Então eu acho que tudo isso é uma grande brincadeira e acho que [o presidente Donald] Trump se colocou muito claramente, até porque já havia uma lei que passou no Congresso americano em 1995 determinando que a embaixada americana deveria estar na capital de Israel que é Jerusalém. Ele não fez nada de absurdo, muito pelo contrário. Ele fez aquilo que todos os presidentes americanos desde 1995, desde Bill Clinton, prometeram e até agora não tinham cumprido. Então ele [Trump] foi lá e cumpriu, o que também era uma promessa de campanha que ele realizou.
Boletim da Liberdade: Como o senhor citou, a decisão vem de 1995 e vem sido protelada a cada semestre. Na sua opinião, serviu para alguma coisa ficar protelando a mudança da capital?
Ronaldo Gomlevsky: Para absolutamente nada. Porque, na verdade, essa decisão protelatória atendia aos interesses dos árabes. Aos interesses dos palestinos. Quando, na verdade, toda decisão tomada em direção a uma eventual paz deve atender aos interesses das duas partes. Essa é a questão.
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Boletim da Liberdade: Após a mudança da embaixada americana, o que se pode esperar positivamente ou negativamente?
Ronaldo Gomlevsky: A decisão do Trump, na minha avaliação, não vai mudar coisa nenhuma em termos israelenses. Porque a capital de Israel é Jerusalém. É em Jerusalém aonde estão os ministérios, é em Jerusalém aonde está o Knesset, que é o parlamento israelense. É em Jerusalém onde está a sede do governo de Israel. É em Jerusalém onde está o Museu do Holocausto. É em Jerusalém onde está o Museu do Livro. É em Jerusalém onde está o Muro das Lamentações. E tudo vai continuar no mesmo lugar. Apenas [ocorreu] que os Estados Unidos vão mudar sua embaixada de Tel Aviv para Jerusalém. Vão sair da praia e irão para a montanha. Qual é o problema?
Boletim da Liberdade: O senhor acha que outros países tendem a acompanhar essa mudança?
Ronaldo Gomlevsky: Dependerá do comprometimento desses países com os árabes, com o petróleo árabe e depende também da possibilidade de paz entre Israel e outros países como, por exemplo, a Arábia Saudita – que já se mostra interessada em fazer a paz com Israel. E depende mais do que qualquer coisa do medo que esses países têm do terror árabe. Se eles forem reféns dos árabes, não mudarão a sua embaixada como não mudaram até hoje. Se eles começarem a pensar em valores éticos, morais e na história, eles vão mudar a embaixada de seus países rapidamente de Tel Aviv para Jerusalém porque a capital de um país quem determina é o próprio país. Quem escolhe a capital é a própria nacionalidade, não é o estrangeiro, não é o país amigo.
Se [os países] forem reféns dos árabes, não mudarão a sua embaixada como não mudaram até hoje. Se eles começarem a pensar em valores éticos, morais e na história, eles vão mudar a embaixada de seus países rapidamente de Tel Aviv para Jerusalém
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Boletim da Liberdade: O presidente Emmanuel Macron, da França, mostrou-se crítico à decisão de Trump de reconhecer Jerusalém como capital. Como você avalia a postura de diversos líderes políticos ocidentais em relação ao reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel?
Ronaldo Gomlevsky: A França já não é mais francesa. É muçulmana. Quem for à França vai entender exatamente o que eu estou dizendo. Em 30 anos, não vai mais haver maioria francesa na França. O que vai haver é maioria muçulmana. O [presidente francês] Macron está jogando para a plateia dele, para aqueles que vão elegê-lo. Ele, Macron, não pode decidir onde será a capital de Israel. Ele pode colocar a embaixada dele onde bem entender. Agora, se ele critica outro país amigo da França de trocar embaixada de local, é problema dele.
Não é a primeira vez que a França age assim com Israel. Não sei se os leitores sabem, mas no ano logo posterior à Guerra dos Seis Dias (1967), Israel comprou seis [navios militares] canhoneiras da França, pagou à vista e o cidadão presidente da Fraça, De Gaulle, não quis entregar esses navios armados para Israel. Exatamente com receio de desagradar os árabes e criar problemas para os negócios de petróleo da França com os países árabes petrolíferos. O problema é que Israel naquele momento mandou um comando à França e resgatou as suas canhoneiras no Porto de Marselha que chegaram intactas no Porto de Haifa, onde estão ainda lá intactas até hoje para que qualquer pessoa possa ver.
Ou seja, se a França quer ou se a França não quer, o problema é da França. Israel tem a sua capital, os Estados Unidos também vão transferir a sua embaixada para a capital de Israel e os países que quiserem entender, que entendam, e os que não quiseram entender, que continuem como estão. Isso não muda nada.
A França já não é mais francesa. É muçulmana. Quem for à França vai entender exatamente o que eu estou dizendo. Em 30 anos, não vai mais haver maioria francesa na França. O que vai haver é maioria muçulmana.
Boletim da Liberdade: Como você avalia a cobertura da imprensa brasileira diante do caso? Há quem diga que a imprensa brasileira, em especial a Globo, historicamente faça uma cobertura tendenciosa contra Israel. Isso faz sentido?
Ronaldo Gomlevsky: Para que os leitores e aqueles que acompanham o Boletim da Liberdade tenham uma ideia do incômodo que a má imprensa está causando aos seus adeptos, eu quero dizer que li o jornal O Globo no último domingo quando eles fizeram uma belíssima matéria visual sobre Jerusalém. E também desenharam uma linha do tempo com os milênios de história de Jerusalém. Quando nós chegamos ao ano de 1948, o jornal O Globo mentiu descaradamente quando disse que Israel tomou Jerusalém na Guerra da Independência de 1948. Isso é mentira. Quem, na verdade, tomou Jerusalém – que nunca pertenceu a esse país – foi a Jordânia.
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A Jordânia invadiu o futuro e natimorto Estado da Palestina: invadiu o território que foi oferecido aos árabes que viviam naquela região pela ONU na partilha da Palestina em dezembro de 1947. A Jordânia, na Guerra de Independência de Israel, atacou Israel e atacou toda a região de Jerusalém e toda Cisjordânia. Isso não pertencia à Jordânia. Esse espaço territorial foi dado à Palestina e ao mundo árabe palestino, ao estado árabe que deveria ter sido estabelecido pela ONU quando houve a partilha da Palestina.
E o que é O Globo fez? Disse que Israel tomou Jerusalém em 1948. Desservindo a informação. Mentindo para seus leitores. E caso O Globo tivesse se equivocado, pedir desculpas não faria mal algum. No entanto, não foi feito. Portanto, o que eles explicaram na matéria mentirosamente nunca foi feito. Israel não tomou espaço de Jerusalém. Ao contrário: Israel perdeu espaço onde estava a fortaleza de Latrun e a Jordânia acabou tomando essa fortaleza e tomando esse espaço.
Boletim da Liberdade: No Brasil, já há notícias de que grupos, incluindo evangélicos, querem pressionar que Temer também mude a embaixada brasileira para Jerusalém. Até que ponto esse movimento realmente ocorre? O Brasil pode acompanhar os Estados Unidos nesse movimento?
Ronaldo Gomlevsky: Em primeiro lugar, eu não sou evangélico, sou judeu. Não sei o que os evangélicos fazem na vida deles. Tenho muito respeito por todas as religiões, não sei quais são os movimentos políticos dos evangélicos nesse momento. Em relação ao Temer, quero lembrar que ele é de origem árabe, o que não quer dizer grandes coisas, pois como eu sou judeu e outros brasileiros são judeus, e existem brasileiros árabes e eu não tenho problema nenhum [com eles]. O Brasil segue uma política nos últimos 13 anos, principalmente a partir da ascensão do PT à presidência da república, que é de agradar os países árabes. Como tem interesses no mundo árabe a partir dessa política, o Brasil vai sempre agir de acordo com o interesse brasileiro.
Agora eu, como cidadão brasileiro, posso achar um absurdo, como de fato acho. Não pressiono, não tenho nada que pressionar, mas coloco muito clara a minha opinião. E a embaixada brasileira em Israel deveria estar em Jerusalém, porque Jerusalém é a capital do estado judeu. Eu quero dizer a você o seguinte: se os chineses chegarem aqui e exigirem que o Brasil troque sua capital de Brasília para Recife, o que você acha que o Brasil vai dizer? A mesma coisa que Israel diz: uma banana para vocês. A nossa capital quem determina somos nós.
Se os chineses chegarem aqui e exigirem que o Brasil troque sua capital de Brasília para Recife, o que você acha que o Brasil vai dizer? A mesma coisa que Israel diz: uma banana para vocês. A nossa capital quem determina somos nós.
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Boletim da Liberdade: Muitos consideram Israel como um ponto de liberdade, democracia e progresso dentro de uma região bastante complexa e marcada por diversas restrições à liberdade que é o Oriente Médio. Por que Israel deu certo e qual é a importância de quem defende a liberdade estar ao lado de Israel?
Ronaldo Gomlevsky: Israel deu certo por vários motivos. O maior deles é que o povo de Israel é trabalhador e luta para levantar um país das areias do deserto, como de fato levantou, e das pedras da Judeia e da Samaria, com todo afinco. O cidadão israelense é um cidadão que trabalha, que tem objetivo e que leva adiante esse plano de existência. Israel é a única democracia no Oriente Médio e, mais do que isso, é o único país onde todas as religiões têm a liberdade de serem professadas e onde todos os crentes, de todas as religiões, são respeitados.
Israel é a única democracia no Oriente Médio e, mais do que isso, é o único país onde todas as religiões têm a liberdade de serem professadas e onde todos os crentes, de todas as religiões, são respeitados.
Em Israel, existe respeito aos direitos humanos, e respeito a religiões – todas. Você não vê, por exemplo, no Egito, uma sinagoga funcionando. Como você não vê na Síria, não vê no Líbano. Você tem problemas graves com todas as religiões que não sejam a religião muçulmana. Em Israel isso não acontece e por isso eu entendo que Israel prevalece como democracia, logo no Oriente Médio que é uma região onde a democracia está longe de chegar.
Para que as pessoas tenham uma ideia da desproporção entre o avanço e as liberdades que existem em Israel e o atraso e a falta de liberdade que existe em diversos países árabes, especialmente os de maioria muçulmana e de maioria muçulmana radical, basta olhar para as mulheres. Em Israel, nenhuma menina casa com cinco anos, seis, sete, oito anos de idade. Nenhuma é obrigada a se casar. O casamento é fruto de uma relação amorosa entre dois adultos. E isso você não vê em diversas sociedades árabes. As mulheres, em Israel, servem ao exército. Dirigem automóvel. Operam máquinas. São gerentes, diretoras e presidentes de indústrias. E, hoje, quando você vê um país árabe que as mulheres, agora, no século 21, no mês de outubro de 2017, foram liberadas para dirigir carros, você percebe que existe um abismo enorme entre essas duas sociedades.
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E, o que é mais curioso, é que se você pergunta a um árabe israelense, que vive dentro de Israel, se ele deixaria Israel para [viver] em algum país árabe, ele vai te dizer que não. Porque ele não vai mais conseguir se adaptar à idade média. Na verdade, quando você tem grandes prédios, construções suntuosas, e um gasto excessivo de petrodólares, o que aparentemente demonstra uma riqueza fantástica, se você for escavar a bola pela qual a sociedade desses locais vive, você vai encontrar só atraso. Onde a honra é lavada com sangue. Uma moça que tem relação sexual com alguém, se não for casada, a família se envergonha e a moça pode acabar sendo até eliminada. Você vê o mundo homossexual não sendo respeitado nessas sociedades. Onde, em Israel, a escolha individual é respeitada.