O Boletim da Liberdade conversou com o vereador Fernando Holiday (DEM) na tarde desta quarta-feira (17) sobre os recentes protestos contra a Prefeitura de São Paulo em virtude da nova regulamentação de aplicativos de transporte. O parlamentar, que também é coordenador do MBL, explicou os malefícios da resolução nº 16 e afirmou que quer explicação, “de preferência do próprio prefeito”, sobre o porque da mudança de discurso em relação ao Uber. “Ninguém esperava que fosse uma regulação tão autoritária”, disse.
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Leia a seguir a entrevista na íntegra:
Boletim da Liberdade: Como está a sua posição com o prefeito João Doria?
Fernando Holiday: Direto me questionam se eu tenho algum tipo de embate com o prefeito e qual é o meu posicionamento em relação a ele. Eu costumo dizer que, na verdade, eu defendo ideias. O prefeito foi eleito com um determinado discurso, que era claramente mais liberal em todas as áreas, e até quando se referia aos aplicativos dava a entender de forma muito clara que respeitaria essa liberdade tanto dos motoristas quanto dos consumidores desse serviços. E, agora, eleito, segue no caminho contrário. Então minhas críticas são muito pontuais.
No que tange aos aplicativos, o prefeito está protagonizando um verdadeiro desastre. Nem mesmo o Fernando Haddad, quando foi prefeito da cidade, e teve a primeira regulamentação do Uber, nem mesmo a regulamentação dele ousou ser tão autoritária. E aquele que foi eleito pregando a liberdade agora, com o poder em mãos, está na verdade pregando o autoritarismo e o intervencionismo.
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Boletim da Liberdade: Uma das críticas que fazem à resolução 16, da Prefeitura de São Paulo, é que ela gerará desemprego. Como o senhor enxerga isso?
Fernando Holiday: Tem algumas novas regras que vão acabar obrigando os motoristas a saírem desses aplicativos. Como, por exemplo, a exigência – que o governo pretende flexibilizar para um ou dois anos – que nenhum carro com idade maior de sete anos poderia circular dentro da cidade prestando serviços por meio desses aplicativos.
Existem muitos motoristas que têm carro de oito anos, nove anos, dez anos, que simplesmente não poderiam mais circular. Ou então motoristas de outras cidades que simplesmente não poderiam mais buscar passageiros dentro do município. São muito comuns, por exemplo, corridas do aeroporto de Guarulhos até aqui [São Paulo]. Mas se você chamar um aplicativo com essas regras em vigor e o carro for da cidade de Guarulhos, ele terá de vir aqui e voltar à Guarulhos sem levar nenhum outro passageiro. O prejuízo passa a ser maior também.
Muitos podem acabar tendo que abandonar os aplicativos e acabar perdendo essa renda extra e, muitas vezes, a única renda que eles têm. Isso reforça a mudança de slogan da prefeitura de São Paulo, que está gerando “desemprego, desemprego e desemprego”. [N.E.: O atual slogan da prefeitura de São Paulo é ‘trabalho, trabalho e trabalho’]
Boletim da Liberdade: O senhor já chegou a conversar com o prefeito, ou com alguma autoridade da prefeitura, sobre o por quê da mudança de posição? Ou sobre o por quê de agora estarem querendo uma regulação mais forte?
Fernando Holiday: Com o prefeito, eu ainda não conversei especificamente sobre essa resolução. Mas hoje, na manifestação que teve em frente da prefeitura, uma comitiva de motoristas foi chamada para conversar com o Milton Flavio, que é um dos secretários de relações governamentais, justamente para tratar desses aspectos.
Na reunião, eu questionei sobre isso, sobre a mudança de discurso. A prefeitura dá a entender que nunca negou que haveria uma regulamentação. De fato, nunca negou. A questão é: deveria haver alguma regulação? Até tinha o entendimento entre os aplicativos e o poder público nesse sentido. Mas ninguém esperava que fosse uma regulação tão autoritária.
Os meus posicionamentos nas redes e a minha, digamos, insistência nesse assunto, também vai no sentido de exigir uma explicação, e de preferência do próprio prefeito, nesse sentido. Porque nada justifica a mudança de discurso até aqui.
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