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‘Legalização das drogas teria impacto sobre o nível de crimes no RJ’, diz Duque

Ativista do Livres e do movimento Convergência observa, no entanto, que para a violência urbana no Rio de Janeiro não existe "bala de prata ou solução fácil e rápida" e que a legalização não acabaria com a criminalidade
(Foto: Reprodução/Medium)

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Daniel Duque (Foto: Reprodução/Medium)

O economista Daniel Duque, ativista dos movimentos Livres e Convergência, defendeu ao Boletim da Liberdade a legalização das drogas como uma das soluções para amenizar a violência no Rio de Janeiro. Seu posicionamento vai ao encontro daquilo também ponderado pelo deputado federal Jean Wyllys na última segunda-feira (19). Segundo Duque, o “fluxo de renda gerado pelas drogas” acaba se tornando um “grande incentivo para a entrada na vida de ilegalidade de milhares de jovens”.

O ativista observa, no entanto, que mesmo no cenário da legalização das drogas, alguns incentivos ao crime não serão alterados. “Com as drogas descriminalizadas, ou até legalizadas, […] não teremos criado oportunidades de empregos para jovens de baixa renda, não teremos dado boas condições familiares para eles, muito menos boa educação básica, nem ao menos teremos mexido na nossa gigantesca desigualdade”, escreveu.

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O economista pondera, ao fim, que a solução para a violência urbana “não tem bala de prata ou solução fácil e rápida” e que a descriminalização, portanto, não seria uma medida que “acabaria com o problema da criminalidade no Brasil”.

A discussão

A discussão veio à tona após o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) criticar a intervenção federal, por ele chamada de “intervenção militar”, na área da segurança pública. Para Wyllis, uma das soluções para a violência no Rio de Janeiro se dá na “circulação ilegal de drogas”, que seria a “verdadeira fonte de dinheiro que permite aos grupos criminosos se armarem de fuzis e granadas”.

O ativista em segurança pública Roberto Motta, porém, criticou a declaração de Wyllis ao Boletim: “O criminoso é uma pessoa sem barreiras morais e sem nenhum limite. Imaginar que a legalização do tráfico irá transformar magicamente traficantes em empreendedores ou funcionários exemplares é má-fé ou delírio”

Confira, abaixo, a nota do economista Daniel Duque na íntegra:

A legalização das drogas definitivamente teria um impacto sobre o nível de crimes no RJ. Isso porque o fluxo de renda gerado pelas drogas financia em grande parte o crime organizado no formato do tráfico. Desse modo, ele se torna um grande incentivo para a entrada na vida de ilegalidade de milhares de jovens. Além disso, as prisões acabariam muito menos superlotadas, deixando de formar usuários ou pequenos traficantes em verdadeiros criminosos perigosos, como acontece hoje. Além disso, ainda por cima, teríamos mais policiais dedicados aos verdadeiros crimes, ao contrário do que vemos hoje, com vídeos de forças policiais usando homens, viaturas e até helicópteros para apreender pequenas quantidades de maconha.

No entanto, com as drogas descriminalizadas, ou até legalizadas, teremos duas questões: em primeiro lugar, não teremos mexido nos desincentivos ao crime, ou seja, não teremos criado oportunidades de emprego para jovens de baixa renda, não teremos dado boas condições familiares para estes, muito menos boa educação básica, nem ao menos teremos mexido na nossa gigantesca desigualdade. Em segundo lugar, teremos uma parte da população fortemente armada e com experiência no crime.

Desse modo, o cenário da vida da maioria dos jovens fluminenses continuará o mesmo, e eles só precisarão de outro pequeno incentivo para entrar na violência, que antes era o dinheiro e status do tráfico. Podem ser as máfias, o jogo do bicho, os assaltos e sequestros em bando, dentre outras várias formas do ilegalidades que demandarão jovens com poucas razões para não cometer crimes.

Violência urbana, tal como qualquer outro grande problema da sociedade atual, não tem bala de prata ou solução fácil e rápida. Seja a favor ou contra a descriminalização das drogas, não vejo por que essa seria uma medida que acabaria com o problema da criminalidade no Brasil.

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