O senador Roberto Requião (MDB/PR) voltou a atacar nesta quarta-feira (2) o liberalismo. Em desabafo no Twitter, o parlamentar afirmou que “o liberalismo econômico bárbaro e predador que se implanta no Brasil hoje é claramente um crime contra a humanidade e a civilização”. [1]
Em seguida, Requião acrescentou: “Desemprego e precarização do trabalho”, associando esses dois fenômenos, portanto, à concepção de uma economia livre.
O liberalismo econômico bárbaro e predador que se implanta no Brasil hoje é claramente crime contra a humanidade e a civilização.Desemprego e precarização do trabalho.
— Roberto Requião (@requiaopmdb) 2 de maio de 2018
O tweet, porém, não teve tanta repercussão. Com quase 200 mil seguidores, menos de 20 reagiram ao comentário até a publicação desta matéria. A única internauta que decidiu respondê-lo criticou a declaração:
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“Parece uma vitrola quebrada. Por sorte, o povo está acordando e entendendo que o governo mais atrapalha do que ajuda”, disse. [2]
“bla bla bla liberalismo” parece uma vitrola quebrada… por sorte o povo está acordando e entendendo que o governo mais atrapalha do que ajuda.
— Josi Morais (@Josimorais1981) 2 de maio de 2018
Afinal, Requião está certo?
A retórica do Senador contra o liberalismo, associando-o ao desemprego, precarização e reforçando que trata-se de “crime contra a humanidade e a civilização”, não encontra, porém, menor amparo estatístico.
Sociedades mais liberais, com mais liberdade econômica, são, pelo contrário, mais prósperas. É o caso de nações como Suíça (4º), Austrália (5º) e Nova Zelândia (3º), países que, no ranking de liberdade econômica da Heritage Foundation, encontram-se na mais alta classificação. No Brasil, o ranking 2018 foi traduzido em parceria com o site Gazeta do Povo e o Instituto Monte Castelo. [3]
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Nações como o Reino Unido (8º), Canadá (9º), Dinamarca (12º), Estados Unidos (18º) e Coreia do Sul (27º), que estão associadas a alto índice de prosperidade e desenvolvimento humano, também contam com elevada liberdade econômica. São países do grupo de “majoritariamente livres”.
Neste ranking, o Brasil está posicionando em 153º lugar, entre as nações de pior colocação na classificação de “majoritariamente não-livres”. Algo bem distante do “liberalismo bárbaro e predador” que Requião analisou estar em implantação no país.
Vizinhos do país em liberdade econômica estão nações como Serra Leoa (151º), Afeganistão (154º), Irã (156º) e a República Democrática do Congo (147º). Regiões, essas sim, associadas a graves problemas humanitários e civilizacionais.
A Venezuela (179º) e a Coreia do Norte (180º), nações também com graves questões humanitárias, algumas das quais, no caso do país latino-americano, com reflexo no Brasil, também são exemplos de economias anti-liberais. Com altíssima regulação estatal e restrições ao livre-comércio, ambas estão no grupo de nações de liberdade “reprimida”. Ao lado delas, nações como Zimbábue (174º), Cuba (178º) e Eritreia (176º).
Critérios
O Índice de Liberdade Econômica da Heritage Foundation é um estudo que leva em consideração análises baseadas no Estado de Direito, tamanho do governo, eficiência regulatória e mercados abertos dos países do mundo.
Em resumo, são analisados critérios tais como o respeito aos direitos de propriedade, a integridade e os gastos realizados pelo governo, carga tributária, saúde fiscal, além de liberdade de trabalho, liberdade comercial e liberdade de investimento. Com base nesses elementos, é atribuída uma pontuação e, consequentemente, um ranking.
Confira o Índice de Liberdade Econômica 2018 na íntegra clicando aqui.
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