Talvez você ainda não tenha ouvido falar do empresário catarinense Carlos Machado, mas possivelmente já se deparou, ainda que nas redes sociais, com alguns dos produtos que sua marca, a “Vista Direita”, já lançou. Fundada em 2014, a loja online é especializada no público à direita, entre liberais e conservadores, e tem como carro chefe camisetas estampadas que já foram vestidas por diversas personalidades à direita do Brasil.
Dentre as estampas já lançadas, há algumas com questionamentos sobre John Galt (uma referência ao romance A Revolta de Atlas, de Ayn Rand, ícone dos libertários objetivistas) e outras com frases e fotos de ícones como Ludwig von Mises, Margaret Thatcher, Roberto Campos e Winston Churchill.
Em entrevista exclusiva ao Boletim da Liberdade, Machado conta como surgiu a marca, aborda a hipótese de ser de direita ter ficado “cool” e revela projetos para o futuro. Entre eles, chegar ao mercado norte-americano. Confira:
Boletim da Liberdade: Como surgiu a Vista Direita?
Carlos Machado: A marca surgiu em 2014 quando um amigo, Daniel Peçanha, sugeriu criarmos “camisetas de direita”. Ele percebeu que havia demanda por esse tipo de material quando tentou comprar uma camiseta feita para um evento dos Estudantes Pela Liberdade, mas elas haviam se esgotado. Nesta camiseta estava escrito “Mais liberdade, menos estado”.
Naquela época eu estava recém me recuperando de um problema de coluna que não me permitia trabalhar. Então ao invés de tentar voltar ao mercado de trabalho (eu trabalhava com computação gráfica na área de jogos e cinema), eu decidi seguir o caminho do empreendedorismo.
Levei três meses para desenvolver a marca, o conceito e todas as artes. Peguei a ideia do Daniel de simplesmente fazer “camisetas de direita” e resolvi que deveríamos investir em uma marca. A ideia era ter estampas que transmitem uma mensagem, mas que ao mesmo tempo fossem bonitas, desejáveis. Como uma grife. O objetivo era com o passar do tempo investir em outras peças e não ficar apenas em camisetas.
Boletim da Liberdade: Como a marca tem sido recebida?
Carlos Machado: A aceitação da maca foi imediata. Alcançamos uma visibilidade enorme por conta da exposição nos principais veículos de comunicação. Demos entrevista para a Folha de São Paulo, jornal O Globo, G1, Carta Capital (infelizmente), revista Veja e outros. Claro que esses veículos não gostaram muito de ver uma marca declaradamente de direita e alguns inclusive tentaram nos ridicularizar.
Outros influenciadores foram muito importantes para o avanço da marca. Em especial o Rodrigo Constantino e o Roger do Ultraje a Rigor. O Constantino gravou vídeo e divulgou fotos, enquanto o Roger fez questão de aparecer no programa do Danilo [Gentili] com as camisetas. Entre o nosso público a aceitação é ótima. Muitos pessoas acabam comprando várias camisetas num único pedido
Boletim da Liberdade: Como é o processo de idealização dos produtos e estampas?
Carlos Machado: Todo o processo de criação passa por mim. Quase todas as estampas são também desenhadas e finalizadas por mim. Aos poucos estou delegando a produção das artes a um estúdio, mesmo assim eu ainda sou responsável pela idealização das estampas.
Normalmente eu foco no que chamo de sub-nichos: armas, socialismo, personalidades, frases. Depois passo um longo tempo buscando referências em camisetas de marcas consagradas. Para, ao fim, conceber a estampa. Em relação às ideias, às vezes vêm de uma frase em artigo, as vezes a partir de uma imagem. O pessoal também costuma dar ideias.
Chegaram as camisas que comprei da VISTA DIREITA . Parabéns aos designares e a todos da produção ??? pic.twitter.com/LEHI9EZzXa
— Eduardo Bolsonaro (@BolsonaroSP) 3 de agosto de 2016
Boletim da Liberdade: Atualmente, os principais produtos vendidos pela marca são canecas e camisetas. Há planejamento para outros produtos no futuro?
Carlos Machado: Sim, aumentar o portfólio da Vista Direita é uma preocupação constante. Meu objetivo sempre foi criar uma marca “total look”, ou seja, oferecer um vestuário completo. Mas para isso dois desafios precisam ser vencidos:
Primeiro é necessário trabalhar o branding da marca. Fazer com que o símbolo seja forte o suficiente para comunicar o que a marca representa sem precisar sempre de uma estampa com mensagem explícita. E segundo é necessário investimento financeiro para conseguir produzir as peças.
Além do foco em peças do vestuário, pretendemos fazer uma linha de produtos no estilo imaginarium, com produtos do tipo tapetes, copos, quadros, almofadas etc.
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Boletim da Liberdade: Muitos dizem que a direita saiu do armário. Assumir-se de direita virou cool?
Carlos Machado: Acredito que muitas pessoas tinham ideias, princípios e convicções compatíveis com o posicionamento de direita. No entanto, elas nunca tiveram um rótulo ou um lado que as representasse de fato. Afinal, no cenário político brasileiro, a direita praticamente não existe (com raras exceções)
Infelizmente, não acredito que assumir-se de direita seja cool. E isto tanto na realidade brasileira como na americana, por exemplo. Na verdade é justamente esse o papel que eu acredito que a Vista Direita tenha: o de ajudar a direita a influenciar na cultura.
Breitbart dizia que a política está abaixo da cultura e que os conservadores americanos deixaram que a esquerda se apropriasse de praticamente todos os aspectos da cultura moderna. Conosco não é diferente. Temos muito ainda o que caminhar para tornar a direita cool.
Breitbart dizia que a política está abaixo da cultura e que os conservadores americanos deixaram que a esquerda se apropriasse de praticamente todos os aspectos da cultura moderna. Conosco não é diferente. Temos muito ainda o que caminhar para tornar a direita cool.
Boletim da Liberdade: A loja, a priori, tem algum posicionamento ideológico mais específico, como libertário ou conservador?
Carlos Machado: Em princípio, o objetivo é oferecer produtos tanto para liberais como para conservadores. Porém o foco da marca está gradativamente indo mais para o lado conservador. Primeiro, porque eu me identifico mais com o conservadorismo, mas essa ainda não é a principal razão. O motivo principal é pelo tamanho do público e pela relação que esse público tem com a marca. Por esta razão vamos direcionar uma série de produtos para temas como família, religião, pró-vida e contra a ideologia de gênero.
Boletim da Liberdade: Quais são os projetos da marca para o futuro?
Carlos Machado: Um dos objetivos é expandir para o público infantil. Outro objetivo é focar em temas mais populares. Não quero que a marca esteja restrita ao público intelectualizado ou que tem uma bagagem maior de leitura. Quero tornar a Vista Direita conhecida em todo o Brasil, não apenas nos círculos de estudo e quem sabe (não custa sonhar) atuar no mercado americano.
Não quero que a marca esteja restrita ao público intelectualizado ou que tem uma bagagem maior de leitura
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