Sergio Moura*
Nossos governantes esforçam-se para que a grande maioria dos brasileiros permaneça miserável, pobre ou economicamente medíocre.
Um exemplo: o art. 199 da CF veda “todo tipo de comercialização” de “órgãos, tecidos e substâncias humanas”. Não há justificativa racional para os pobres não poderem ganhar dinheiro vendendo seu sangue. Se eu posso suicidar-me, por que não posso vender meu sangue?
O plasma sanguíneo, além de ser vital para muitos tratamentos médicos, é um grande negócio. Nos EUA esse negócio faturou cerca de US$ 20 bilhões em 2016, que renderam, a entre US$ 30 e US$ 50 cada doação, cerca de US$ 2 bilhões a 7 milhões de pobres americanos.
Se pagássemos U$ 30 por cada doação, uma vez por semana, como nos EUA, poderíamos gerar uma renda adicional individual de U$ 120, ou R$ 420, por mês. E poderíamos atingir o padrão sugerido pela WHO, entre 3 e 5% da população como doadores – temos 1,6%. Isso não devia chamar a atenção dos governantes num país em que 100 milhões de brasileiros vivem com até R$ 954 por mês?
Mas não chama, o que eles fazem é obrigar o povo a jogar fora seu parco dinheirinho com a estatal Hemobrás que, criada em 2005, consumiu, até hoje, R$ 1 bilhão do nosso dinheiro, criou-nos em 2016 uma dívida de R$ 599 milhões, continua desperdiçando nossa poupança e não produziu uma gota de plasma. E o Ministério da Saúde gasta cerca de R$ 1 bilhão por ano na importação de hemoderivados.
Além de impedir-nos de sair da pobreza, nossos governantes tiranicamente a aprofundam.
*Sergio Moura é autor do livro Podemos ser prósperos – se os políticos deixarem.