O candidato à presidência da República Jair Bolsonaro (PSL) foi evasivo em respostas relacionadas à economia na sabatina ao vivo ocorrida na noite desta sexta-feira (4) pelos jornalistas do canal GloboNews. Para o escritor best-seller e analista político Evandro Sinotti, no entanto, essa característica, paradoxalmente, o torna “anti-frágil”. [1]
“Quando você tem uma opinião ou uma posição mais fechada sobre determinado tema, quase sempre as virtuais consequências da aplicação delas nas políticas públicas tendem a gerar descontentamentos em algumas outras pessoas”, explicou o autor de Não, Sr. Comuna em texto público no Facebook. [2]
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Ainda segundo Sinotti, se houvesse respostas mais completas, as falas de Bolsonaro poderiam gerar tréplicas dos jornalistas “que talvez o levassem a, nas suas respostas, perder os votos de alguém que achasse que seria prejudicado num eventual governo dele”.
Pela primeira vez, Bolsonaro fala em privatizar à Petrobras
Embora tenha adotado um discurso mais liberal ao longo dos últimos anos, Jair Bolsonaro ainda resistia em falar na privatização da Petrobras, o que gerava críticas e desconfianças de liberais. Na entrevista, porém, pela primeira vez, o capitão da reserva mencionou a possibilidade de privatizá-la, surpreendendo os jornalistas.
O candidato do PSL reconheceu que o ato não é um “desejo”, mas cogitou a hipótese da privatização quando instado a comentar sobre os preços dos combustíveis. Na ocasião, ele criticou a política de preços da petrolífera estatal e subentendeu que se não for possível alterá-la, seria melhor abrir o mercado e gerar concorrência. Apesar disso, afirmou ser contrário à privatização do Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Correios.
Ao longo da entrevista, Jair Bolsonaro também foi confrontado com opiniões de seu principal conselheiro econômico e possível Ministro da Fazenda de seu governo, o liberal Paulo Guedes, sobre a economia durante o regime militar. Foi exibido um vídeo originalmente do Instituto Millenium onde Guedes critica a criação de estatais pelos militares, que seriam na época os “braços armados na economia”.
Como resposta, Bolsonaro afirmou que possuía uma visão mais estatista e que o regime militar errou na área econômica em sua fase final. Em parte, segundo Bolsonaro, em virtude da ambição de Delfim Netto em ser presidente da República.
Na ocasião, ele também elogiou as ideias liberais implantadas na economia durante o governo Pinochet, no Chile, fazendo questão de frisar que referia-se apenas ao âmbito econômico.
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