A confiança entre os indivíduos de uma sociedade é um tema frequentemente abordado por liberais e conservadores como um requisito para a construção de uma sociedade livre e próspera. Uma pesquisa divulgada nesta semana reforça esse argumento e, com base científica, prova que a falta de confiança dos brasileiros entre si prejudica mesmo a produtividade do país. [1][2]
Conduzida pelos pesquisadores Marco Tulio Zanini e Carmen Migueles (ela, ligada ao Partido Novo, é candidata a vice-governadora na chapa encabeçada por Marcelo Trindade ao governo do Rio), a análise foi baseada na aplicação de mais de 1,6 mil questionários em empresas privadas.
Os professores contataram que a distância de poder entre o topo das organizações e a base, em grande medida justificada pela falta de confiança dos chefes em seus subordinados, cria uma quantidade elevada de regras e controles que, na prática, só engessa a cooperação entre os colaboradores. Como resultado, a gestão acaba sendo mais voltada para o curto prazo, gera mais retrabalho e uma “gestão reativa”.
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Para os pesquisadores, de acordo com a matéria publicada no site do jornal Valor Econômico, o estudo indica que a baixa produtividade no Brasil não é apenas consequência do nível de educação formal. Como exemplo, citam que o Brasil tem mais pessoas no ensino superior do que a China, mas amarga uma posição consideravelmente inferior no ranking de inovação global.
“É possível neutralizar o impacto da nossa herança cultural nas nossas organizações”, disse Carmen ao jornal.
Olavo de Carvalho e Instituto Liberal já trataram do tema
A falta de confiança na sociedade foi tema de inúmeros artigos e comentários políticos no ecossistema pró-liberdade. Em 1999, a editora Topbooks, em parceria com o Instituto Liberal, traduziu e editou no país o clássico A Sociedade da Confiança, escrito pelo diplomata francês Alain Peyrefitte (1925-1999). [3]
Quem coordenou os trabalhos de edição da obra foi o jornalista Olavo de Carvalho, que anos mais tarde se sagraria como um dos principais influenciadores da nova direita brasileira.
No livro, Peyrefitte classifica como “sociedade da desconfiança” uma “a sociedade temerosa, ganha-perde: uma sociedade na qual a vida em comum é um jogo cujo resultado é nulo”, “propícia à luta de classes, ao mal-viver nacional e internacional, à inveja social, ao fechamento, à agressividade da vigilância mútua”.
Por outro lado, ele diz, a “sociedade de confiança é uma sociedade em expansão, ganha-ganha (‘se tu ganhas, eu ganho’); sociedade de solidariedade, de projeto comum, de abertura, de intercâmbio, de comunicação.”
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