A especulação de que um eventual governo Bolsonaro (PSL) poderia acirrar um conflito ideológico ou mesmo militar com a Venezuela foi assunto nessa semana.
Na segunda-feira (22), o candidato do PT à presidência da República afirmou no programa Roda Viva que um filho de Jair Bolsonaro já havia mencionado interesse em dar início a um confronto bélico com o país vizinho. No mesmo programa, opinou que o Brasil não possui condições de enfrentar Maduro.
A afirmação de Haddad, no entanto, desagradou a cúpula do Exército e do candidato a vice na chapa de Jair Bolsonaro (PSL), General Mourão (PRTB), para quem as forças armadas do Brasil possuem maior capacidade operacional.
Para falar sobre esse assunto, o Boletim da Liberdade conversou com o internacionalista Pedro Rafael, especialista em Venezuela, e que também é colaborador do Instituto Millenium:
Boletim da Liberdade: Com a vitória de Bolsonaro, um confronto militar entre Brasil e Venezuela pode vir a ocorrer, como disse Fernando Haddad?
Pedro Rafael: Essa é uma hipótese surreal. O que pode acontecer é o reconhecimento da ditadura venezuelana como tal por parte de um eventual Governo Bolsonaro
Uma guerra seria perda de tempo, esforços e dinheiro. O Brasil, por exemplo, é um dos países que mais exporta para a Venezuela. Como ficaria essa situação se uma guerra fosse iniciada?
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Boletim da Liberdade: Haddad afirmou que os venezuelanos estão superiores em poderio militar aos brasileiros, enquanto que o General Mourão afirmou que não. Qual país estaria mais preparado para o confronto?
Pedro Rafael: A Venezuela comprou nos últimos anos milhares de armas e aeronaves russas. Acredito, porém, que esses esforços não seriam suficientes para deter o Brasil. Mesmo com a crise financeira e o evidente sucateamento bélico, estamos mais preparados. Hoje, conta mais ter uma inteligência estruturada.
Boletim da Liberdade: Você acredita que a sociedade brasileira apoiaria Bolsonaro em uma campanha militar contra a Venezuela?
Pedro Rafael: O Brasil é muito grande. Pessoas que estão sendo diretamente afetadas pela imigração venezuelana talvez apoiassem. Mas, do resto da sociedade, acredito que não. Não há hoje uma razão para isso ocorrer.
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Boletim da Liberdade: Existem especulações que Trump já considerou ação militar contra a Venezuela. Acha possível isso realmente ocorrer?
Pedro Rafael: Assim como o Brasil, os EUA também afetariam sua economia se iniciassem outra guerra. A diferença, nesse caso, é o poderio militar dos americanos. Há quem diga que, hoje, em apenas duas horas Trump conseguiria dominar a Venezuela. Mesmo assim, se o objetivo fosse iniciar uma guerra, talvez bastasse um bloqueio econômico. Deixando de comprar petróleo venezuelano, por exemplo. E estabelecendo embargo aos países parceiros da Venezuela.
Boletim da Liberdade: A sociedade venezuelana que já está contra a ditadura de Maduro veria com bons olhos essa ação militar estrangeira nesse momento?
Pedro Rafael: Creio que nenhuma guerra ou invasão seria bem vista pelos venezuelanos atualmente. Mesmo quem está na oposição olharia desconfiado.
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