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Kim Kataguiri: se eleito presidente da Câmara, pautarei o fim do auxílio-moradia e dos apartamentos funcionais

Um dos deputados federais mais votados de São Paulo e com apenas 22 anos, Kataguiri, do MBL, quer disputar a presidência da Câmara para aprovar reforma da previdência; parlamentar critica apoio do PC do B a Maia
Foto: Reprodução/Facebook

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Foto: Reprodução/Facebook

Se, daqui 100 anos, um historiador precisasse escolher um personagem para representar o movimento de difusão de ideias liberais do início desse século, um dos mais prováveis seria Kim Kataguiri. Não é difícil de entender o motivo: jovem e bem qualificado, rapidamente ascendeu explorando todo o potencial da internet e, sem dúvida, ousou e surpreendeu em suas ações. Dentre elas, a de ser um dos líderes de um dos primeiros movimentos a pedir de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff – o que poria fim aos anos do PT – e eleger-se um dos deputados federais mais votados de São Paulo, em outubro, com apenas 22 anos.

Pouco depois do resultado eleitoral, que confirmou as expectativas de vitória, Kim apostou alto mais uma vez. Anunciou, para surpresa de seus mais de 1 milhão de seguidores nas redes sociais, que disputaria a vaga de presidente da Câmara dos Deputados – nada mais, nada menos, do que um dos cargos mais importantes do Brasil, segundo na sucessão da presidência da República, logo após o vice-presidente. Pela idade, Kim, se eleito, não poderá substituir Bolsonaro – mas não haveria impeditivos para liderar a Câmara, como apontam especialistas.

Boletim da Liberdade conversou com Kim Kataguiri na última semana e abordou, entre outros assuntos, a razão que o fez decidir concorrer à presidência da Câmara, sua estratégia para conseguir votos entre os parlamentares e o risco político da derrota. Kim afirmou que acredita que tem “um apoio razoável”, comentou sobre seu colega de partido e franco favorito à reeleição, o deputado Rodrigo Maia (DEM/RJ), e também falou de outros assuntos – como promessas de acabar com o auxílio-moradia, posse de armas de fogo e diálogo com o governo Bolsonaro. Confira:

Boletim da Liberdade: Por que você decidiu concorrer para a presidência da Câmara?

Kim Kataguiri: Decidi concorrer à presidência da Câmara porque a gente precisa, primeiro, priorizar a reforma da previdência. Uma reforma que faça com que todos tenham o mesmo regime: não importa se é político, promotor, juiz ou trabalhador da iniciativa privada. Todo mundo, sem exceção, tendo o mesmo regime para a gente solucionar o problema fiscal do Brasil. Fazendo com que o país volte a crescer.

Para a aprovação de uma pauta dessas, acredito que nada melhor do que a comunicação. Eu acredito que tenho a capacidade de fazer essa comunicação, principalmente via redes sociais. Os outros candidatos estão muito mais preocupados com articulações políticas. Se a gente continuar nessa mesma fórmula de articulação de gabinete, de tapete, minha opinião é que a tendência é que seja fracassada a aprovação. Da mesma forma que ocorreu com o governo Temer.

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Boletim da Liberdade: Qual é a sua estratégia para conseguir votos de outros deputados? Tem conversado com todos?

Kim Kataguiri: A estratégia é conversar um a um com os parlamentares. Entender quais são as demandas, os problemas que eles veem na casa. Ter uma interlocução bastante clara. Fazer com que os deputados busquem os espaços que são legítimos de buscar.

Para um deputado [que seja] militar, por exemplo, nada faz mais sentido do que atuar na segurança pública; um deputado economista, nada faz mais sentido do que ele estar na comissão de finanças e tributação. Cada um em sua área de especialização e na sua bandeira principal, o que auxilia não só o país, porque vai ter uma pessoa capacitada tratando sobre o assunto, mas também ao deputado que terá sua bandeira eleitoral representada na atividade política.

Eu acredito que tenho a capacidade de fazer essa comunicação [com o público], principalmente via redes sociais. Os outros candidatos estão muito mais preocupados com articulações políticas. 

Boletim da Liberdade: Você pediu ao Supremo Tribunal Federal o voto aberto para a eleição da presidência da Câmara, o que foi negado pelo ministro Dias Toffoli. Com o voto aberto, acredita que suas chances aumentariam? 

Kim Kataguiri: A questão do voto aberto independente das minhas chances ou não. É uma questão de democracia, de transparência. É deixar claro [para o eleitor] a qual bloco político pertence o parlamentar em que votou.

Banner de divulgação da candidatura à presidência da Câmara dos Deputados (Foto: Divulgação)

Boletim da Liberdade: Você não tem medo que um desempenho ruim possa te enfraquecer politicamente?

Kim Kataguiri: Não. Acredito que tenho um apoio razoável, e ainda que não tivesse, e fosse uma candidatura só para marcar posição, é algo comum na Câmara e não compromete a atividade parlamentar posteriormente, isto é, no pós-eleição.

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Boletim da Liberdade: O PSL decidiu apoiar o Rodrigo Maia alegando, especialmente, compatibilidade com as reformas do ministro da economia, Paulo Guedes. Mas ele já tinha também linhas de diálogo com o PT e recebeu o apoio do PC do B. Por que Rodrigo Maia está capitalizando tantos apoios diferentes? 

Kim Kataguiri: O Maia capitaliza tantos apoios porque a reeleição é sempre vista como uma vantagem. Já tem os espaços e a caneta na mão. Por estar trabalhando com os parlamentares há mais tempo, é natural que aglutine esse apoio.

Boletim da Liberdade: Mas o apoio do PC do B poderia representar risco ao governo Bolsonaro, do próprio PSL?

Kim Kataguiri: Esse apoio com certeza envolve algum espaço ao PC do B na mesa diretora ou nas comissões. Sem dúvida, deve ir contra os interesses do governo. Não posso afirmar no quê, quando, ou em que magnitude, porque não sei o que foi tratado. Mas, a troco de nada – e a gente tem um histórico bem grande -, o PCdoB não firma esse tipo de acordo.

Esse apoio [do PC do B à reeleição de Rodrigo Maia] com certeza envolve algum espaço ao PC do B na mesa diretora ou nas comissões. Sem dúvida, deve ir contra os interesses do governo.

Boletim da Liberdade: Você pediu o impeachment da presidente Dilma Rousseff, à época aceito pelo deputado Eduardo Cunha, que presidia a Câmara dos Deputados. Se você fosse eleito presidente da Câmara, apoiaria um pedido de impeachment bem fundamentado de Bolsonaro?

Kim Kataguiri: Se o Bolsonaro cometer um crime, deve ser punido por esse crime. Não interessa quem seja o presidente da Câmara, se o presidente da República cometer um crime grave o suficiente para ser derrubado, terá o seu pedido [de impeachment] pautado.

Boletim da Liberdade: Você anunciou que dividirá um apartamento em Brasília com assessores, abrindo mão do auxílio-moradia. Defende o fim do auxílio-moradia para todos os deputados também?

Kim Kataguiri: Sim. Defendo o fim do auxílio-moradia e que a gente venda todos os apartamentos funcionais.

Boletim da Liberdade: Mas você faria isso se fosse eleito presidente da Câmara? Não é uma proposta impopular entre os deputados?

Kim Kataguiri: Pautaria, com certeza, o fim do auxílio-moradia e a venda dos apartamentos funcionais. Há uma ideia do deputado Geronimo Goergen (PP/RS) que eu gosto bastante que é vender os apartamentos e usar o dinheiro para fazer um prédio compartilhado. Uma espécie de flat para cada deputado, já que a maior parte não fica lá [em Brasília] e volta para os seus estados. Desde que fosse uma coisa mais econômica e efetivamente funcional, não só no nome. [N.E.: os apartamentos funcionais da Câmara possuem, em média, cada um, 200 m². No mercado, um flat tradicional possui, geralmente, algo próximo a 50 m².]

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Boletim da Liberdade: Como está o seu diálogo com o governo Bolsonaro?

Kim Kataguiri: Está muito bom. Tenho uma proximidade muito boa com o Ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, bem como com o Ministro da Economia, Paulo Guedes. A gente tem contatos diretos para auxiliar o governo na pauta econômica a se comunicar da melhor maneira possível e ter a melhor interlocução política dentro da Câmara.

Pautaria, com certeza, o fim do auxílio-moradia e a venda dos apartamentos funcionais.

Boletim da Liberdade: O que você achou do decreto relativo à posse de armas de fogo, assinado na última terça-feira (15) pelo presidente?

Kim Kataguiri: O decreto foi um avanço, mas um avanço tímido. Poderia ter sido feito mais. De qualquer maneira, a principal competência pra mudar de fato a realidade sobre o armamento é da Câmara dos Deputados. Porque trata-se de uma pauta legislativa que não pode ser alterada por completo via decreto. Em relação à legislação e à nova Câmara, acredito sim que a gente terá regras bastante flexibilizadas para termos a posse e o porte de armas de fogo.

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