Especialistas consideram que as sucessivas revisões para baixo de estimativas de crescimento do PIB de 2019 estão atreladas principalmente ao maior pessimismo sobre a aprovação da Previdência. Combina-se a esse clima os resultados fracos de atividade econômica até o momento e ao arrefecimento da confiança das empresas após o pico eleitoral.
Segundo o relatório semanal da Focus publicado na última segunda-feira (15), a projeção de crescimento de PIB esperada pelo mercado para 2019 se situa em 1,95%. No início do ano, este mesmo indicador era estimado pela Focus em 2,5%.
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Para economista do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (FGV Ibre), Marcel Balassiano, esta incerteza se reflete em dúvidas de quando a PEC “será posta em votação, se vai passar, com qual desidratação em relação à proposta original”.
Na última quarta-feira (17), a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) decidiu postergar a votação do parecer final sobre a PEC de reforma. Na sequência, o mercado reagiu e a cotação do dólar superou o patamar de R$ 3,90.
Atividade econômica abaixo da expectativa
Além da incerteza quanto à aprovação das reformas, a piora do cenário de crescimento de 2019 também está atrelada aos resultados de atividade econômica, que estão vindo mais fracos do que analistas estimavam.
Segundo Balassiano, os indicadores de atividade econômica, em janeiro e fevereiro, vieram “ruins” em muitos casos, abaixo das projeções de mercado.
O economista da FGV salientou ao Boletim da Liberdade que o indicador de atividade econômica do Banco Central, o IBC-Br, recuou tanto em janeiro quanto fevereiro. (-0,3% e -0,7%, respectivamente). A mediana de analistas de mercado para o dado de fevereiro era de -0,3% e o dado efetivo foi de -0,7%.
Outros indicadores econômicos setoriais confirmam o fraco desempenho de atividade do início do ano. O indicador de atividade industrial (PIM-PF) foi de -0,7% e 0,7% em janeiro e fevereiro, respectivamente, na variação do mês contra mês anterior.
Já a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) observou variação mensal de 1,0% e -0,8%, no mesmo período de janeiro e fevereiro.
Os dados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), por sua vez, foram de variação mensal em -0,4% em janeiro e fevereiro – o que poderia ser considerando um ajuste sazonal.
Piora da confiança
Os indicadores de confiança, apesar de verificarem uma trajetória de alta com o cenário pós-eleitoral com a eleição de Jair Bolsonaro à presidência, vêm sofrendo recuos nos últimos meses.
O índice de confiança empresarial da FGV, que agrega os índices dos setores de Serviços, Indústria, Construção e Comércio, apresentou recuo de 0,8% em fevereiro e 2,8% em março, na comparação com os meses imediatamente anteriores.
Já o índice de confiança dos consumidores, recuo 0,5% em fevereiro e 5,3% em março, na mesma base de comparação. Os dados consideram ajuste sazonal.
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