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De militante universitário a presidente da Venezuela: quem é Juan Guaidó?

Jovem de 35 anos de idade surpreendeu o chavismo pela audácia e mostrou a força da oposição venezuelana, com apoio da população e da comunidade internacional
Juan Guaidó (Foto: Reprodução / SuNoticiero)

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Juan Guaidó (Foto: Reprodução / SuNoticiero)

Desde o dia 10 de janeiro de 2019, quando Maduro tomou posse para seu segundo mandato presidencial, a Venezuela entrou de cabeça em mais uma forte turbulência política. Desta vez, contudo, o sucessor de Chávez se deparou diante de um jovem e corajoso opositor, cuja inédita audácia lhe catapultou internacionalmente como uma das principais personalidades em defesa da liberdade no continente. Seu nome era Juan Guaidó.

No auge de seus 35 anos da idade, o jovem engenheiro Guaidó havia assumido pela primeira vez a presidência da Assembleia Nacional da Venezuela, controlada pela oposição, dias antes – mais precisamente, em 5 de janeiro. Sua carreira política, no entanto, era recente: o primeiro mandato de deputado federal teve início apenas em 2016, sempre filiado ao partido Voluntad Popular – uma espécie de PSDB local, de inspiração social-democrata, mas que nasceu em oposição ao regime chavista e tinha, até então, como principal nome o político Leopoldo López.

A militância política de Guaidó, porém, é mais antiga. Remonta 2007, quando membro do Centro Acadêmico de Engenharia da universidade privada Católica Andrés Bello. O jovem estudante ajudou a mobilizar manifestações contra o então presidente Hugo Chávez por ocasião do fechamento da principal emissora de televisão do país, a RCTV – o que seria o prenúncio de forte perseguição à imprensa e às liberdades individuais no país.

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Os atos propiciaram que, em 2010, Guaidó se candidatasse pela primeira vez a deputado federal, representando o estado de Vargas. Não obteve êxito, ficando como suplente para o período que terminaria em 2016. Nas eleições de 2015, tentou novamente sua candidatura e foi reeleito com mais de 90 mil votos, assumindo o mandato no ano seguinte, em uma assembleia controlada pela oposição.

Dentro do Parlamento, o jeito carismático e conciliador fez Guaidó ganhar espaço. Pouco a pouco, conquistou a confiança dos colegas parlamentares e catapultou-se para se tornar líder da oposição. Marca ainda mais expressiva se observado que o Voluntad Popular tinha apenas 14 dos 168 congressistas.

Guaidó se autoproclama presidente da Venezuela (Foto: Reprodução/Facebook)

Maduro, porém, não deixaria barato não ter o controle do Legislativo. Em 2017, sem apoio popular e sem apoio na Assembleia, o sucessor de Chávez manobrou a criação de um atalho pouco democrático: a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte, com super-poderes. A oposição, que controlava o Legislativo, não reconheceu o órgão. Posteriormente, para se perpetuar no poder, Maduro – com o endosso de sua nova Assembleia – convocou as polêmicas eleições presidenciais de 2018, onde foi reeleito para um novo mandato presidencial com 67,8% dos votos.

Com a extinção do que havia de democracia e o agravar da crise econômica e humanitária da Venezuela, Guaidó apertou mais o discurso. Membro da esvaziada Assembleia Nacional, candidatou-se à presidência da Casa e propôs maior imposição do Legislativo legítimo frente à cada vez mais esclarecida ditadura. Sua tese saiu vitoriosa.

No dia 23 de janeiro, poucos dias após a posse de Maduro em seu novo mandato, e menos de um mês após assumir a presidência da AN, Guaidó toma seu mais ousado passo: se autoproclamar presidente da Venezuela com base no artigo da Constituição que prevê que, na linha de sucessão do presidente e do vice, assume interinamente o Executivo o presidente da Assembleia Nacional. Um gesto de não reconhecimento ao novo mandato de Maduro e que contou com o apoio dos parlamentares, de parte da população e de diversos países – que, hoje, são mais de 50, entre eles o Brasil e os Estados Unidos.

Desde então, como presidente autoproclamado, mas sem poderes de facto, Guaidó é a sombra inconveniente de Maduro. Denuncia a usurpação do poder de dia e de noite, convoca manifestações, desafia o poder constituído nas redes, mantém linhas de diálogo internacionais – inclusive, com o presidente Bolsonaro – e conversa com diversos setores da sociedade – entre eles, com os militares -, mantendo-se livre, mas não sem precauções – sua família está no exterior. Guaidó foi mais ousado que o chavismo poderia esperar e é, por isso, a pedra no sapato de uma ditadura que se sustenta apenas pela força militar.

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