O espaço de colunistas do Boletim da Liberdade vai ganhar adições muito especiais ao seu time. Uma dupla feminina de grande atuação no movimento liberal passará a abrilhantar o site: Letícia Arsenio e Priscila Chammas.
Letícia é graduanda em Direito pelo IBMEC-RJ e trabalha com consultoria política (Praxes Consultoria) e jurídica (Cunha Law). Integra o Instituto Mercado Popular e o Students For Liberty Brasil.
Já Priscila é jornalista, formada pela UFBA, onde também se graduou em Produção Cultural. Atuou como repórter de Economia e Política no principal jornal da Bahia por quatro anos, foi social media do Livres em 2017 e candidata a deputada federal pelo Novo em 2018. Hoje trabalha na Comunicação de uma empresa privada, mas continua atuando no movimento liberal da Bahia.
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O Boletim convidou as novas colunistas a se apresentarem ao seu novo público e contarem um pouco sobre suas trajetórias, suas ideias e o que pretendem dividir com os leitores. O resultado segue abaixo:
Boletim da Liberdade: Como você conheceu as ideias da liberdade?
Letícia Arsenio: Meu primeiro envolvimento político foi no meio de 2013, com a manifestação que praticamente unificou o Brasil e foi marcada pelas frases “o gigante acordou” e “não é pelos vinte centavos”. Desde ali, comecei a entrar em grupos de Facebook, monitorar os eventos, ler assiduamente o que acontecia no Brasil, tentando entender como as coisas aconteciam, o porquê de elas acontecerem, e, principalmente, como mudá-las. De lá para cá, é muita história e vai ficar para uma entrevista mais extensa.
Priscila Chammas: Faço parte do grande grupo de liberais brasileiros formados pela maravilhosa presidenta Dilma Rousseff. Foi graças ao seu desastroso governo que percebi que tinha algo de muito errado com as políticas aplicadas no Brasil e resolvi pesquisar melhor. Li muita coisa através das redes sociais, depois avancei para sites como Spotniks e Instituto Mises Brasil, e daí fui pros livros: As Seis Lições, A Lei, O Guia Politicamente Incorreto da Economia e, claro, A Revolta de Atlas, que é o meu preferido. Fiz o Mises Summer School, comecei a ir para os eventos liberais pelo Brasil e descobri que eu já defendia muita coisa daquilo, por intuição, sem muito embasamento, e sem saber que se chamava liberalismo. Voltei um pouco no tempo e percebi porque eu me sentia uma estranha no ninho na época de faculdade (fiz Jornalismo e Produção Cultural na UFBA), e porque muitas vezes sofria linchamento virtual de meus colegas jornalistas por postar alguma coisa que na minha cabeça era óbvia. Lembrei de aulas do ensino médio em que professores de História me diziam coisas que pareciam absurdas, insustentáveis, mas ficava quieta porque o resto da turma parecia concordar, então a errada devia ser eu. Percebi que eu já tinha sido criada com alguns valores liberais importantes, como responsabilidade, austeridade, individualidade (eu não sou todo mundo), meritocracia, superação…
Boletim da Liberdade: Como você se rotula ideologicamente?
Letícia Arsenio: Me considero liberal, no lato senso da palavra mesmo. Defendo ideias de liberdade, sempre buscando a prática, ou seja, soluções que se aplicam na vida real e sejam pragmáticas. Tenho princípios e valores liberais muito bem definidos e eles norteiam as minhas decisões e opiniões.
Priscila Chammas: Eu estou naquele limite em que os libertários me chamam de liberal e os liberais me chamam de libertária. Sou minarquista, ou seja, acredito que é preciso existir um governo mínimo, mas apenas para garantir os direitos negativos (os que envolvem não sofrer violência ou coerção). No entanto, sou gradualista, não acredito em grandes revoluções. Temos no Brasil um governo estratosférico, que torra nosso dinheiro com coisas que não queremos (lagosta pros ministros do STF, por exemplo) e quer cuidar de todos os aspectos de nossas vidas. Nosso trabalho é remar pro outro lado, reduzir as garras do Estado. Neste momento, o mais importante é ir na direção certa, mesmo que devagar. Então todas as vertentes pró-liberdade são bem vindas ao barco. Ainda somos muito pequenos para nos dar ao luxo de nos dividir e brigar entre nós.
Boletim da Liberdade: Você já integrou ou integra algum movimento ou organização do ecossistema pró-liberdade? Se sim, como descreve sua experiência nesse movimento ou organização?
Letícia Arsenio: Já integrei praticamente todo movimento pró-liberdade. Não tenho preconceitos e acho importante tentar conhecer todas as iniciativas que servem ou serviram de algum propósito, pois sempre é possível aprender algo novo em cada uma delas. É por essas e outras que já fiz parte do Students For Liberty Brasil, Livres, Movimento Brasil Livre, Brasil 200, e assim vai. De todos que participei, o SFLB foi o que me marcou mais. Foi o pontapé inicial que me fez me engajar de vez no movimento liberal e querer ser uma voz ativa. Tenho uma gratidão tremenda pela instituição e até hoje faço parte, ainda que mais distante em decorrência dos novos desafios que vem surgindo na minha vida.
Priscila Chammas: Sim, eu fui coordenadora do Livres aqui na Bahia. Conheci muita gente boa lá, e aprendi muita coisa. Mas chegou um momento em que nossas agendas ideológicas estavam ficando incompatíveis em temas que considero importantes, então, para não nos atrapalharmos mutuamente, decidi deixar o movimento. Mas sem mágoas. Antes de sair, ajudei a encontrar um novo coordenador aqui na Bahia e continuo tendo grandes amigos no Livres, gente muito boa e competente. Torço para que tenham sucesso.
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Boletim da Liberdade: Diversos liberais chegaram ao governo Bolsonaro. Como você avalia esse movimento e o governo Bolsonaro?
Letícia Arsenio: Acredito que o Jair Bolsonaro não é um liberal. O seu governo, principalmente no pilar econômico e chefiado pelo economista da escola de Chicago, Paulo Guedes, tem medidas em prol da liberdade econômica, mas só. Então qualquer um que tenha se tornado liberal exclusivamente pela figura do Presidente, das duas uma: ou não sabe o que é ser um liberal, ou se decepcionará. Quanto ao atual governo, assim como em toda gestão, teve os seus prós e contras. Com poucos meses de gestão, é cedo para avaliar, mas destaco aqui a sua coragem para brigar pela reforma da previdência e o lançamento da chamada “MP da Liberdade”, duas medidas essenciais e que terão forte influência na economia do Brasil pelos próximos anos.
Priscila Chammas: A equipe econômica de Bolsonaro é excelente, acho que a melhor parte de seu governo. Mas falta o mito tirar o pé do freio e deixar os caras trabalharem. Não adianta muito ter um time de estrelas liberais como Paulo Guedes, Salim Mattar, Gustavo Franco, Roberto Campos Neto, Geanluca Lorenzon e Paulo Uebel, e não deixar os caras privatizarem nem a estatal de foguetes. Bolsonaro passou a campanha inteira dizendo que não entende de Economia e que daria poderes para Paulo Guedes fazer isso por ele. Pois bem, hora de cumprir a promessa e parar de fazer sinalizações desastrosas para o mercado, como o protecionismo do leite, o preço do diesel e as concessões na reforma da Previdência. A melhor coisa que ele pode fazer pela Economia é ficar bem longe dela.
Boletim da Liberdade: Quais temas você pretende abordar em sua coluna quinzenal no Boletim da Liberdade?
Letícia Arsenio: Pretendo trazer para a minha coluna os temas que já trago nas minhas redes sociais, mas de forma mais aprofundada: Direito, Política e Liberdade. Além de análises e artigos de opinião, tenho também o forte desejo de entrevistar protagonistas do movimento liberal, e dar espaço para vozes exponenciais que estão fazendo um bom trabalho em seus nichos ou comunidades.
Priscila Chammas: Sou polêmica por natureza. Falar o óbvio não tem graça. Se eu não tiver nada de diferente para escrever sobre um tema, prefiro nem escrever nada, e às vezes as pessoas até me cobram, achando que estou compactuando com X ou Y, porque não falei nada sobre um assunto que está bombando. Mas a verdade é que a inspiração não veio mesmo. Gosto de traduzir para uma linguagem simples conceitos liberais e libertários a que, muitas vezes, a maioria da população não tem acesso, e nunca parou para pensar. Isso fatalmente vai incomodar alguém, tirar da zona de conforto e questionar certos privilégios. Por isso escolhi esse nome para a coluna: Verdades Inconvenientes. Geralmente vou falar de política e Economia, mas de vez em quando vão rolar outros temas, como Educação e Cultura, a depender da discussão que estiver mais pujante no momento.
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