Um dos principais influenciadores ideológicos do governo Jair Bolsonaro, o professor e escritor Olavo de Carvalho surpreendeu os internautas e afirmou no início da noite desta terça-feira (28) em seu perfil no Twitter, com mais de 150 mil seguidores, que “nunca deu um palpite para o governo”. Ele ainda chamou de “fantasia” e “invenção” qualquer tipo de influência que tenha nos “altos círculos”.
“Nunca dei nenhum palpite para o governo Bolsonaro, nunca conversei com o presidente ou com quaquer (sic) de seus ministros sobre suas políticas de governo. Tudo o que a mídia inventa sobre a minha influência nos altos círculos é fantasia. Tudo”, escreveu Olavo. [1]
NUNCA dei nenhum palpite para o governo Bolsonaro, NUNCA conversei com o presidente ou com quaquer de seus ministros sobre suas politicas de governo. TUDO o que a mídia inventa sobre a minha influência nos altos círculos é FANTASIA. TUDO.
— Olavo de Carvalho (@opropriolavo) 28 de maio de 2019
Em outubro, porém, antes mesmo do segundo turno, foi o filósofo quem levantou pela primeira vez o nome de Ricardo Vélez Rodrigues como Ministro da Educação. [2]
Na rede, usuários brincaram com a declaração. “Mentira”, afirmou um. Outro ainda comentou: “E o palpite de falar na TV Aberta?”. Um terceiro internauta reforçou: “Olavo, até eu que te dou moral sei que isso é mentira”. [3]
Porra Olavo, até eu que te dou moral sei que isso é mentira kkkkkkkkk
— Aquaman Do Piauí (@aquamandopiaui) 28 de maio de 2019
Análise
Para o analista político Luciano Ayan, a publicação de Olavo, porém, tem explicação. “Esse é um dos padrões previsíveis do comportamento sectário. Os gurus sempre buscam parecer como desinteressados e a dissonância cognitiva desse público acaba aceitando isso tudo”, afirma.
Ainda segundo o especialista, que mantém o blog “Ceticismo Político” que trata sobre a guerra política, é nítido que há uma participação política intencional por trás da atuação de Olavo e seus seguidores.
“Em uma das declarações de Olavo, há uma indicação clara e pública de quem seria o ministro ideal e, depois, essa pessoa aparece como ministro. Também temos a quantidade de brigas políticas que aconteceram a partir do momento em que pessoas, olavetes, estavam em postos no MEC. Houve, por exemplo, a questão de uma briga envolvendo o [coronel Ricardo] Roquette [alvo de críticas de Olavo nas redes sociais, que acabou demitido]. Ou seja: que existe algum interesse, isso aí é muito previsível. Eu não posso ler o que está na mente das pessoas, mas os padrões de comportamento dão uma clara percepção de que há interesse”, afirma Ayan, que diz ainda que “veremos muitas pessoas que o seguem que vão aceitar nessa versão, mesmo que seja contraditória com os fatos”.
+ Vídeo: Olavo é ovacionado por multidões em atos pró-governo
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