O comentarista político e historiador Marco Antonio Villa rompeu o silêncio nesta terça-feira (18) depois de seu afastamento da rádio Jovem Pan. Em entrevista publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, fez observações sobre o cenário político nacional e atacou diretamente os liberais brasileiros, que considera serem “todos de fancaria”. [1]
Inicialmente questionado sobre seu voto nas últimas eleições, ele afirmou ter anulado e disse que o presidente Jair Bolsonaro nunca leu um livro. Ainda desafiou o presidente a dizer que leu um livro de algum autor liberal.
Especificamente sobre liberalismo, Villa analisa que há “uma ideia babaca” no Brasil sobre o conceito e não existe “liberalismo coisa alguma” no país. Isso porque, para ele, a burguesia brasileira “apoiou todas as ditaduras” e “quer sempre benesses do estado”. Ele disse ainda que o movimento Brasil 200 (liderado pelo empresário Flavio Rocha) e Luciano Hang, dono da loja Havan que apoia Bolsonaro, fazem parte de uma elite empresarial “picareta”.
Villa também ironizou a expressão “liberal na economia e conservador nos costumes”, usada como identificação ideológica por alguns segmentos políticos, especialmente apoiadores do governo Bolsonaro. “O Bolsonaro pode dizer isso aí, já casou três vezes. Ele é conservador nos costumes. Então é tudo picaretagem. É que não tem uma oposição, o PT se desmoralizou”, concluiu.
[wp_ad_camp_1]
Críticas ao governo
As críticas ao governo e sua agenda liberal também se direcionaram para a reforma da Previdência. Marco Villa acredita que ela se transformou em uma espécie de “monomania religiosa”, porque o governo só fala nela e não consegue “trazer uma visão macro da economia”.
Para ele, “construiu-se uma ideia de que sem a reforma o Brasil acaba, o que é mentira. Não é que não precisa ter reforma, mas precisa equilibrar a questão fiscal com a questão social”. Villa também criticou o ministro da Economia, Paulo Guedes, que ele julga estar sendo considerado erroneamente um “gênio da raça”.
Na avaliação de Villa, Guedes não é autor de nenhum livro e não se destacou em nenhum ensaio, artigo ou debate nos últimos 30 anos. “Ele é um profissional do mercado financeiro. Um especulador. Ficou rico, ganhou muito dinheiro, parabéns, nada contra, mas é só um especulador”, definiu.
Villa disse ainda que não se considera nem de direita, nem de esquerda, mas um “radical republicano”. Paradoxalmente ou não, fez comentários positivos sobre o Partido Novo. “O interessante do Partido Novo é que eles têm um projeto, e eles têm linhas de pensamento que pretendem adotar nas gestões municipais, estaduais e do governo federal, e da ação política no Parlamento. Eu acho legal, isso é bom, isso é positivo. É legal essa disciplina partidária”, explicou.
[wp_ad_camp_3]