A transformação do Partido da República (PR) em Partido Liberal (PL) ficou apenas no campo do nome. Ao menos é isso o que indica a recente declaração do deputado federal Marcelo Ramos (PL/AM), presidente da Comissão Especial que analisa a reforma da Previdência.
Ao jornal O Globo, segundo matéria publicada na última quinta-feira (27), o parlamentar criticou de forma veemente o ministro Paulo Guedes, da Economia, e na sequência debochou da insistência do economista em incluir a proposta de capitalização na reforma. Como se sabe, a capitalização é uma proposta de campanha e possui claro viés liberal. [1]
Segundo a publicação, Ramos teria afirmado que “o ministro quer usar o sistema de capitalização para enriquecer como Jorge Zaror, ministro do Orçamento do governo Pinochet que implementou esse tipo de regime no Chile”. O relatório que deve ser aprovado na Comissão Especial não deve incluir a capitalização defendida pelo governo.
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No regime de capitalização, cada cidadão contribui em vida para a sua própria aposentadoria no futuro por meio de uma conta individual, guardada em instituições específicas, e protegida de saques até atingidas determinadas condições previstas em lei, como idade mínima.
A medida é vista como benéfica por fazer o país criar poupança interna e não deixar a Previdência presa à armadilha do regime de repartição simples, que só é superavitária se os trabalhadores ativos estão em maior número do que os aposentados – o que não é uma realidade. Há também quem defenda que o regime de capitalização poderia ajudar o cidadão a ganhar consciência financeira e responsabilidade com seu futuro, em vez de ensiná-lo a depender apenas da aposentadoria do Estado.
O Partido Liberal
Fundado em 1985, o Partido Liberal nasceu com viés liberal, mas com o tempo foi se tornando fisiológico. Teve como ponto alto de sua história republicana ter feito parte da coligação vitoriosa do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002, indicando na ocasião inclusive o candidato a vice-presidente José Alencar. Em 2006, o PL, outra vez, aposta na aliança com a esquerda, coligando-se ao PT e ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB) na campanha de Aloizio Mercadante ao governo de São Paulo.
Derrotado nas urnas e para escapar da cláusula de barreira, a legenda decide no fim do ano fundir-se ao PRONA, de Enéas Carneiro. Em maio de 2019, contudo, o então PR foi autorizado a mudar de nome pelo Tribunal Superior Eleitoral e resgatou a marca “Partido Liberal”, que também já havia sido utilizada durante o Período Imperial entre 1831 e 1889.
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