A doutrinação ideológica e a hegemonia de esquerda nas universidades são fatores que fazem parte dos discursos de liberais e conservadores há muito tempo. Além do Escola Sem Partido, uma nova iniciativa foi lançada oficialmente no último dia 3 para reagir a esse ambiente: uma associação de professores que querem reagir aos maus tratos e à perseguição dos colegas. [1]
O movimento nacional Docentes pela Liberdade foi concebido ainda no mês de maio para “reunir docentes de universidades públicas e privadas do Brasil, bem como docentes de escolas e alunos, em prol da defesa da liberdade no ambiente acadêmico e escolar”. A instituição afirma congregar mais de 300 professores em 24 diferentes estados, tendo realizado eventos entre os dias 3 e 4 para oficializar o lançamento.
O professor da UnB e biólogo Marcelo Hermes-Lima, idealizador do projeto, procurou apresentá-lo, em entrevista à Folha, como um grupo pela liberdade, que não se rotula necessariamente como “de direita”. “O termo direita tem uma conotação ruim porque exclui quem é de centro”, afirmou. [2]
Hermes-Lima disse ainda que a ideia de fundar o grupo surgiu quando colegas comentaram que havia recepção hostil caso alguém entrasse nas dependências da USP com trajes alusivos ao presidente Jair Bolsonaro. Os professores que integram a associação questionam a rejeição de auxílios financeiros a projetos e os boicotes sofridos em razão de suas preferências ideológicas.
[wp_ad_camp_1]
Rede de proteção
O grupo se considera uma espécie de “rede de proteção”. A ideia é que todos aqueles que reconhecem a veracidade do problema possam se articular para driblar as dificuldades. [3]
“No grupo tem conservador, liberal, libertário, não é gente que concorda 100% em tudo, mas são pessoas que prezam pela liberdade da discordância, inclusive”, disse a professora Tânia Manzur, da área de relações internacionais da UnB. Manzur foi professora de Filipe Martins, atual assessor da presidência da República para assuntos internacionais, tendo sido repreendida por outros professores por convidar o ex-aluno para um debate na universidade.
“Eu tive colegas que vieram até mim e disseram que ele (Filipe Martins) não poderia entrar na universidade, que ninguém poderia concordar com o pensamento dele”, lamentou. Os eventos da associação pelo país foram marcados pela discussão de temas como a produção acadêmica brasileira e a liberdade de cátedra, além da presença de personalidades como o cientista político Bruno Garschagen, que esteve no encontro na capital federal.
[wp_ad_camp_3]