O documentário “Nem tudo se desfaz”, anunciado no início do mês como um contraponto à direita de “Democracia em Vertigem”, poderá utilizar recursos públicos, por meio de renúncias fiscais, para a sua produção. Ao menos é isso o que informou nesta terça-feira (23) a jornalista Monica Bérgamo, da Folha de S. Paulo, que divulgou um relatório da Agência Nacional de Cinema (Ancine) que autoriza a captação de R$ 530 mil ao filme pela Lei Rouanet. [1]
Com o subtítulo de “como vinte centavos iniciaram uma revolução conservadora”, a obra – que estampa Jair Bolsonaro em sua capa divulgada – é produzida pela “Lavra Filmes” e terá como diretor Josias Teófilo. Foi ele quem produziu “O Jardim das Aflições” (2017), filme que se propôs a retratar parte da filosofia do filósofo Olavo de Carvalho.
[wp_ad_camp_1]
Sucesso de crítica, a produção, aliás, recorreu a outro método de financiamento: o crowdfunding (financiamento coletivo). Na ocasião, foi captado mais de R$ 300 mil na modalidade, considerado um recorde até então.
Ao jornal, o cineasta afirmou que a produção não é “sobre Bolsonaro, nem pró-Bolsonaro”, mas que acredita que “as pessoas de direita vão gostar [do filme] porque [ele] não vem com essas palhaçadas de dizer que [o impeachment de Dilma] foi golpe parlamentar, ignorando milhões de pessoas que foram às ruas [protestar]”.
A notícia sobre o financiamento com recursos públicos (renúncias fiscais) da produção surge em um momento de críticas do presidente Bolsonaro sobre as políticas da Ancine. O presidente mirou grande parte de sua reclamação ao uso de recursos públicos em produções como “Bruna Surfistinha” (2011), que retratou a vida de uma prostituta paulistana. Para Bolsonaro, tratou-se de um filme “pornô”. A Lei Rouanet, contudo, já vinha sendo alvo de críticas de setores de direita fazia tempo.
+ Em 2017, o Boletim da Liberdade entrevistou Josias Teófilo
[wp_ad_camp_3]