O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira (29) que o desaparecimento do pai do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Felipe Santa Cruz, não tem envolvimento dos militares. Fernando Santa Cruz, o pai do advogado, foi preso em 1974 por agentes do DOI-Codi no Rio de Janeiro, supostamente levado à São Paulo e, desde então, nunca regressado. Seu nome consta na lista oficial dos desaparecidos durante o regime militar. [1]
“O pai do Santa Cruz integrava a Ação Popular de Recife, o grupo terrorista mais sanguinário que existia. Esse pessoal tinha algumas ramificações pelo país e tinha uma grande no Rio de Janeiro. O pai dele, bastante jovem ainda, veio para o Rio de Janeiro. […] E o pessoal da AP [Ação Popular] no Rio de Janeiro ficaram (sic), primeiro, estupefatos: como pode esse cara vir de Recife para conversar conosco, aqui? O contato não seria com ele, mas sim com a cúpula da Ação Popular de Recife. Então, eles resolveram ‘sumir’ com o pai do Santa Cruz”, disse o presidente em transmissão ao vivo enquanto cortava o cabelo.
Bolsonaro afirmou ainda que obteve essas informações de quem conversou na época, “oras bolas”. “Conversava com muita gente, eu estive na fronteira, conversava. Essa foi a informação que eu tive na época sobre esse episódio. […] Isso foi o que aconteceu. Mas não foram os militares que mataram ele não, tá? É muito fácil culpar os militares por tudo o que acontece”, opinou.
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A explicação advém após Bolsonaro, na manhã desta segunda (29), em outro momento, ter prometido “contar a Felipe Santa Cruz” sobre o que teria acontecido com o pai dele. A resposta, considerada grosseira, gerou reações na sociedade civil por ter envolvido a família de Santa Cruz, hoje filiado ao MDB, mas ex-militante do PT. A fala veio após o presidente queixar-se da atuação da OAB na apuração sobre o atentado cometido por Adélio Bispo. [2]
“Por que a OAB impediu que a Polícia Federal entrasse no telefone de um dos caríssimos advogados? Qual a intenção da OAB? Quem é essa OAB? Um dia se o presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, eu conto pra ele”, provocou, originalmente, o presidente.
Em nota, o presidente da OAB afirmou, após a primeira declaração, que era lamentável “um presidente que trata a perda de um pai como se fosse assunto corriqueiro — e debocha do assassinato de um jovem aos 26 anos”. [3]
Rodrigo Saraiva Marinho, ex-presidente do Instituto Liberal do Nordeste e atualmente diretor legislativo da bancada do Partido Novo na Câmara dos Deputados, classificou a declaração de Bolsonaro como “completamente absurda e vergonhosa”. [4]
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