O escritor Paulo Coelho, autor do livro O Alquimista – o mais vendido de um autor brasileiro em todos os tempos -, concedeu uma entrevista exclusiva à BBC Brasil, publicada nesta quarta-feira (25). Ele quebrou o silêncio sobre a situação política do país e disse que criticar o presidente Jair Bolsonaro é um “compromisso histórico”.
Paulo Coelho disse ao repórter que tem evitado falar do Brasil por não poder falar bem de seu país e achar que falar mal seria “muito chato”. Para ele, o que está acontecendo é diferente de tudo que já viu antes e boa parte dos brasileiros mergulhou em “um delírio” que precisaria de um “escritor de ficção científica” para ser descrito. Para ele, Bolsonaro está colocando o Brasil em inúmeras “saias justas” e as pessoas “estão fingindo não ver”.
Para o escritor, o ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, é “completamente despreparado” e inexperiente. Paulo Coelho admitiu ainda que sabe que perderá leitores por se manifestar, mas que é sua obrigação agir e o resto do mundo “está olhando o Brasil com muita suspeita”, porque “as coisas estão caminhando para o mesmo clima de terror” do período militar.
Paulo Coelho, no entanto, apesar de narrar sua experiência como torturado em 1974, contou uma curiosidade: apenas uma de suas músicas, mesmo sendo considerado um subversivo, foi censurada durante o regime militar, sendo posteriormente admitida para divulgação.
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Sérgio Moro, Greenwald e o PT
O escritor também fez comentários sobre a Operação Lava Jato. Ele disse que o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sérgio Moro, é uma pessoa que não entende muito bem: “não faz parte do meu universo”. Comentou ainda que o jornalista Glenn Greenwald, dono do The Intercept, que divulgou registros de conversas hackeadas de Moro e procuradores da Operação Lava Jato, é “um ícone” e uma personalidade de muita coragem.
Sobre o Partido dos Trabalhadores, Paulo Coelho disse que percebeu que o governo Dilma Rousseff “não estava levando a lugar nenhum”, embora tenha apoiado a legenda anteriormente. Mesmo fazendo essa crítica ao governo do PT, ele pontuou que o Brasil, com a ascensão do bolsonarismo, teria deixado de representar “uma luz num mundo que vivia em trevas”. Da mesma forma, mencionou sua ruptura com o comunismo depois de conhecer o autoritarismo dos regimes do Leste Europeu.
Confira a entrevista na íntegra:
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