Pelo menos dois nomes tradicionais e com grandes contribuições para que o movimento liberal brasileiro chegasse ao ponto que está queixaram-se nos últimos dias sobre o risco de infiltração e desvirtuação do grupo. São eles Roberto Rachewsky, um dos fundadores do Instituto de Estudos Empresariais nos anos 1980, e Helio Beltrão, presidente do Instituto Mises Brasil, principal grupo acadêmico liberal nos dias de hoje no país.
Em comentário em vídeo divulgado para a newsletter do IMB na última segunda-feira (11), Helio classificou o risco como “tentativa de infiltração no movimento liberal pujante que nós participamos” advinda de “algumas figuras que, na verdade, são ou sociais-democratas ou neoliberais”. [1]
Na sequência, Beltrão explicou as diferenças entre neoliberais e liberais, como muitas vezes a defesa da educação e saúde gratuitas, agências reguladoras, ‘órgãos de defesa da concorrência’, políticas de renda mínima e medidas contra a concorrência entre estados e municípios.
“Esse conjunto de proposições é bem diferente e não tem a ver com o laissez-faire, com o liberalismo que os liberais do movimento de hoje advogam. […] Seria então um erro básico, fundamental, que nós do movimento liberal aceitássemos a penetração dessas ideias estatistas no nosso movimento”, ponderou.
Beltrão alertou ainda que, nos Estados Unidos, o termo ‘liberal’ foi desvirtuado. “Hoje, ‘liberal’ lá significa esquerdista. A gente tem que tomar muito cuidado para não ser penetrado por esses intrusos que querem tomar a dinâmica bonita, maravilhosa, que estamos construindo no Brasil para [torná-lo] um lugar errado de estatismo”, concluiu.
Em comentário ao vídeo nas redes sociais, Rachewsky complementou que a infiltração “se deu pela porta da frente quando integrantes dos movimentos liberais passaram a ter participação político-partidária e, para se tornarem mais relevantes, associaram-se a celebridades do mundo da política, concedendo espaço e, em alguns casos, até convicções”. [2]
“Eu acompanho o movimento liberal contemporâneo desde o seu nascimento e não é de hoje que se vê tentativas de apropriação indébita de conceitos por parte de sociais-democratas e neoliberais para, ou aproveitarem a onda crescente iniciada pelos verdadeiros liberais da década de 80, ou para infiltrarem-se no movimento para destruí-lo por dentro. Eu, com a minha experiência, aposto no segundo caso”, ponderou.
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