Afastado do cargo liminarmente devido a uma ação popular, o presidente nomeado por Jair Bolsonaro para a Fundação Palmares, Sérgio Camargo, se manifestou nesta terça-feira (17) sobre artigo do professor Paulo Cruz, conhecido por ser também crítico das esquerdas ligadas ao movimento negro. Os dois textos foram publicados na Gazeta do Povo.
Sérgio Camargo foi atacado por declarações consideradas controversas para alguém indicado à direção de um órgão destinado à “preservação dos valores culturais, sociais e econômicos decorrentes da influência negra na formação da sociedade brasileira”. Entre outras afirmações, ele defende que Zumbi dos Palmares, que dá nome à fundação, é um “falso herói” e que “não há salvação” para o movimento negro.
Paulo Cruz, apesar de também ser crítico contumaz dos ativistas da causa e estar ligado ao pensamento conservador, redigiu um texto crítico ao presidente da Fundação. Ele comentou que a postura “absurda e caricata” de permear a discussão sobre o racismo de “um radicalismo eivado daquele sentimentalismo tóxico que paralisa e elege algozes e vítimas de maneira absolutamente inconsequente” acabou produzindo “seu duplo”, representado por Sérgio Camargo, “um ilustre desconhecido cujas declarações em redes sociais o transformam numa das escolhas mais controversas do governo”. [1]
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A resposta
Sérgio Camargo reagiu em artigo intitulado “Negritude vermelha”. Ele disse que Paulo Cruz manifestou apenas a dor “de ter sido preterido para o cargo que talvez lhe coubesse melhor”. O presidente afastado da Fundação Palmares critica Paulo Cruz ainda por ser “verborrágico e confuso” e por usar como referência Abdias do Nascimento, “lugar comum da esquerda racialista”. [2]
Camargo enfatizou que Abdias idealizou o Memorial Zumbi e o Movimento Negro Unificado, fundou o PDT junto a Leonel Brizola e era contrário a relacionamentos inter-raciais, apesar de ser casado com uma mulher caucasiana. “Essa é uma das inúmeras contradições das reflexões de Cruz”, sentenciou. Para ele, a declaração de Cruz de que não deseja o fim do movimento negro “é uma das afirmações mais isentistas e despidas de coragem de toda a história dos debates raciais do planeta”.
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