Em um enigmático e controverso comunicado em vídeo publicado na noite desta quinta-feira (16) nas redes sociais para anunciar a criação do Prêmio Nacional das Artes, o secretário especial de cultura Roberto Alvim adaptou trechos de discursos de Goebbels, ministro da propaganda nazista. O vídeo gerou polêmica e crítica até entre aliados do presidente Jair Bolsonaro. [1][2]
Para referir-se à criação de uma “nova arte nacional”, Alvim – em tom pomposo – promete que “será heroica e será nacional”, “dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e igualmente imperativa, ou então não será nada”.
Ocorre que construções de frases extremaemnte similares foram usadas em discursos pelo responsável pela comunicação nazista nos anos 1930, como documentado no livro Goebbels: A Biography. O aliado de Adolf Hitler prometia uma “arte alemã heroica, romância, objetiva e nacional” ou ela não seria “nada”.
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No vídeo, Alvim afirmou ainda que a “nova arte” deveria ser capaz de “perceber os movimentos que brotam do coração do Brasil, transformando-os em poderosas formas estéticas”, bem como ter o “poder de conferir a todos energia e impulso para avançar em direção da construção de uma nova e pujante civilização brasileira”.
O projeto, que considerou como um “marco histórico nas artes brasileiras”, inclui incentivos para produções culturais em todas as regiões do Brasil nas categorias óperas de compositores brasileiros, espetáculos teatrais, pinturas, escultura, literatura, música, histórias em quadrinhos.
Críticas
O empresário Winston Ling, apoiador do presidente Jair Bolsonaro, defendeu nas redes sociasi que Alvim fosse demitido. [1]
“Sinceramente, não sei qual foi a intenção do Secretário da Cultura com essa atitude. Parafraseou Goebbels, usou a trilha sonora de Wagner de O Grande Ditador de Chaplin e defendeu uma visão da cultura como sendo obra do Estado. Já imagino a avalanche midiática de que o governo será alvo como consequência”, criticou.
Ling afirmou, na sequência, que não vê “outra solução que não seja sua imediata demissão” e que o governo deve se “dessassociar desse cidadão notoriamente despreparado para o cargo”.
Quem também criticou a fala foi o cineasta conservador Josias Teófilo, diretor do documentário “O Jardim das Aflições”, sobre Olavo de Carvalho.
“Roberto Alvim citou Goebbels num discurso, boa parte do eleitorado de Jair Bolsonaro é judeu, inclusive parte da sua equipe”, lembrou Teófilo, citando como exemplo Fabio Wajngarten, chefe da Secom.
Olavo de Carvalho, uma das principais influências ideológicas do atual governo, também criticou o vídeo. Embora tenha sido comedido e pontuado ser “cedo para julgar”, disse que “o Roberto Alvim talvez não esteja muito bem da cabeça”. [4]
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