O deputado federal Lucas González foi eleito em 2018 para seu primeiro mandato político com o voto de 64.022 mineiros. Natural de Belo Horizonte, Minas Gerais, o parlamentar tem 31 anos de idade, é empresário e o mais novo entrevistado da série “Perfil” – conjunto de entrevistas feito pelo editor do Boletim da Liberdade em Brasília com deputados e senadores.
Simpático e em frente a um grande mapa de Minas Gerais, González recebeu o Boletim em seu gabinete em Brasília, situado no Anexo III da Câmara dos Deputados. Brincando ser o parlamentar mais alto da Câmara, com 2,03 metros de altura, o deputado – entre outros assuntos – avaliou na conversa o governo Jair Bolsonaro, falou da sua motivação para entrar na política, opinou sobre as reformas administrativa e tributária que devem surgir e comentou ainda o seu projeto de lei que permitiria ao trabalhador a escolha de receber o 13º salário diluído ao longo do ano. Confira:
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Boletim da Liberdade: Qual foi sua grande motivação para ser candidato e por qual razão?
Lucas Gonzalez: Minha grande motivação para ser candidato foi para resgatar o que a democracia, na minha opinião, tem de mais bonito, que é se sentir representado. Quando eu olhava para os jovens, meus amigos, os amigos de meus pais, para colegas de profissão, ninguém ao meu redor se sentia representado pelo Congresso que me antecedeu. Então queria resgatar um pouco esse senso de representatividade, isto é: da pessoa confiar num parlamentar, porque esse parlamentar o representa com seus princípios, seus valores, suas ideias. Então isso foi um fator motivador e, também, o combate à corrupção. Todos os movimentos de renovação política, de combate à corrupção da Lava Jato, me fizeram sair sim do meu sofá, da minha casa num domingo à tarde, e ir às ruas, ir às praças e lutar pelo Brasil.
Boletim da Liberdade: Com sua experiência na iniciativa privada o que acredita que podemos fazer para melhorar a gestão pública?
Lucas Gonzalez: São 12 anos trabalhando na iniciativa privada, em empresa familiar, fundado pelo meu avô há 54 anos. Tenho muita convicção que o setor público é o setor público e o setor privado é o setor privado, mas sempre há princípios que nós podemos aplicar em ambos. Por exemplo, o foco em resultados. É um principio que eu trago da iniciativa privada, é um valor que a gente tem na nossa empresa, é um valor que eu trouxe para o meu gabinete, o trabalho com foco em resultado. Se esse valor for colocado em prática, eu tenho muita convicção que a gente ganha celeridade nos processos legislativos, a gente ganha menos vaidade e mais resultados. Então esse valor é a coisa principal que eu sonho implantar, o foco em resultados. Obviamente que respeitando os processos democráticos e os regimentos.
Tenho muita convicção que o setor público é o setor público e o setor privado é o setor privado, mas sempre há princípios que nós podemos aplicar em ambos. Por exemplo, o foco em resultados.
Boletim da Liberdade: Como você avalia o primeiro ano de mandato do governador Romeu Zema, que é do seu partido?
Lucas Gonzalez: De forma muito positiva. O governador não é político, não veio do mundo político, herdou um estado numa situação muito devastadora na questão fiscal, na questão da segurança, na questão também da expectativa da população. Apesar disso, tem conseguido ao longo do primeiro ano de mandato fazer um bom trabalho: plantado boas sementes, arado esse solo. Eu tenho certeza que muito em breve o povo mineiro vai ver bons frutos desse trabalho do governador Romeu Zema.
Boletim da Liberdade: E o governo Bolsonaro? Qual nota daria?
Lucas Gonzalez: Eu tenho dito que sempre quando a gente tem uma expectativa de mudança, a gente fica mais ansioso pelo resultado que se espera dela. Havia uma expectativa muito grande de uma mudança de governo, governo de um partido que vinha governando o país faz alguns anos. Havia a expectativa de um novo governo, um novo sistema, uma nova metodologia, novo formato, nova dinâmica, tudo isso representado na figura do presidente Bolsonaro. E, a partir do momento que ele ganha a eleição, esse expectativa se concretiza mas gera uma ansiedade. Então eu avalio o governo também de forma positiva em que pese a ansiedade de muitas pessoas que esperavam mais. Mas, para um ano, e o primeiro ano, onde você precisa adaptar nova rotina, formatar equipe, conhecer melhor os processos, eu vejo como bons resultados.
Eu gosto sempre de destacar a aprovação da reforma da Previdência – são R$850 bilhões de economia em 10 anos, mais a aprovação do Projeto de Lei que vai combater as fraudes do INSS, ou seja, R$1 trilhão de economia -; a Medida Provisória da Liberdade Econômica e agora, mais recentemente, o pacote anti-crime e, com muita expectativa, do Saneamento Básico [cujo texto base foi aprovado em meados de dezembro].
São bons projetos, projetos que demonstram que, de fato, nós conseguimos avançar em matérias sensíveis mas importantes. Quando se coloca isso numa escala do tempo, o que será que nós conseguiremos fazer em 4 anos? Muita coisa positiva, é a minha expectativa, mas sempre controlando a ansiedade.
Estou com muita expectativa para 2020, acho que politicamente estamos no caminho certo, estou convicto que estamos no caminho certo. Economicamente há projeções de crescimento e isso vai gerar emprego, vai gerar renda e o meu maior sonho que, claro, não depende de mim, mas eu tenho um sonho de poder contribuir com a geração de riqueza do nosso país e com a transformação do nosso país. Aliás, a transformação passa pela geração de riqueza.
Então eu vejo o o governo Bolsonaro, essa estrutura de governo, muito alinhada com essa minha expectativa. Avalio de forma muito positiva, apesar dos problemas que tiveram – eles ocorreram sim e não vou negar. Tiveram dias difíceis, mas está no caminho certo. Daria nota 8.
Eu tenho um sonho de poder contribuir com a geração de riqueza do nosso país e com a transformação do nosso país. Aliás, a transformação passa pela geração de riqueza
Boletim da Liberdade: Qual a sua opinião sobre a reforma administrativa?
Lucas Gonzalez: Também vejo com bons olhos, é uma iniciativa importante para o país. A estrutura do Estado é muito pesada: o cidadão não tem ideia do elefante que é o Estado brasileiro, o peso que é, o volume de servidores, o volume de processos, a burocracia que para você conseguir comprar uma caneta. É tudo muito pesado, tudo muito lento. Então essa iniciativa [de reforma administrativa] vem de encontro com esse grande problema chamado Estado brasileiro para dar mais agilidade aos negócios.
Para o cidadão entender [como está hoje o Brasil], é como se fosse um time de futebol que tem uma dupla de atacante de 40 anos de idade cada. Você um lançamento e o atacante não chega, faz um cruzamento ele não consegue pular, vai disputar com o zagueiro e perde porque ta fraco. Então você precisa modernizar a sua dupla de ataque e colocar pessoas hábeis, ágeis, modernas para fazer gol. O Estado brasileiro tem que funcionar: oferecendo educação, saúde, segurança, segurança jurídica, transparência, processos modernos, eficazes, rápidos e para isso é necessário encarar a reforma administrativa e por isso vejo com bons olhos.
Boletim da Liberdade: E sobre a tributária?
Lucas Gonzalez: Também vejo com bons olhos. Para [implementar] a reforma tributária, o desafio vai ser grande, por que o Brasil tem um desafio fiscal muito grande. O governo, na minha opinião, não pode abrir mão de receitas, neste momento. Então eu acredito que qualquer reforma tributária não vai gerar uma redução de tributos, ainda que eu seja a favor disso. Mas, pelo peso do Estado, pelo orçamento, pelo déficit fiscal que é acumulado desde 2013, eu não acredito numa reforma tributária que vai diminuir o imposto. Eu acredito numa reforma tributária que vai trazer segurança jurídica, clareza, simplificação e equilíbrio para este momento.
Qualquer reforma tributária não vai gerar uma redução de tributos, ainda que eu seja a favor disso. Mas, pelo peso do Estado, pelo orçamento, pelo déficit fiscal que é acumulado desde 2013, eu não acredito numa reforma tributária que vai diminuir o imposto.
Se conseguirmos com a reforma tributária em 2020 gerar segurança jurídica, clareza, simplificação e equilíbrio – equilíbrio entre os setores, equilíbrio na cadeia produtiva -; simplificação nos impostos, que a gente não sabe o que está pagando, clareza, transparência e segurança jurídica, eu acho que já vai ser uma grande reforma para o momento atual e, com muita expectativa, àquilo que pode vir a ser uma segunda reforma já com os gatilhos dessa primeira. Porque a gente pode estabelecer gatilhos, como, por exemplo, dando superávit fiscal, o imposto e alíquota caem. E o superávit a gente acredita que virá em 2022/2023, então eu vejo com muito bons olhos a reforma tributária.
Boletim da Liberdade: Qual é a sua visão sobre a educação domiciliar?
Lucas Gonzalez: Salvo o melhor juízo, foi aberta a Comissão Especial da Educação Domiciliar, do qual devo ser membro pelo Partido Novo. É um tema muito sensível e acredito que, se conseguirmos avançar em modelos, ferramentas, que irão de alguma forma gerenciar os pais que aderirem a educação familiar, eu não vejo o porque não permitir a educação familiar. Mas lembrando que essas ferramentas são fundamentais porque, se não, o pai vai alegar que o filho ta fazendo educação familiar mas, na verdade, não está. Por isso, há de haver uma ferramenta que fiscalize e gerencie isso. É um modelo que já existe em outros países do mundo e não vejo por que o Brasil não permitir mas, lembrando sempre, da relevância [de existir] dessa ferramenta de acompanhamento para que de fato libere o ensino domiciliar.
Boletim da Liberdade: Pode nos explicar um pouco mais a sua proposta sobre 13º?
Lucas Gonzalez: Sou autor de um projeto que, se aprovado no Congresso Nacional e ratificado pelo Presidente, vai permitir com que o trabalhador, ao ser contratado, ele possa optar em receber o 13º como é hoje, ao final do ano, dividido em até duas vezes ou receber logo após o mês trabalhado.
Suponhamos que o trabalhador receba R$ 1.200 por mês, ele vai trabalhar o mês de janeiro e, no 5º dia útil de fevereiro, ele vai receber os seus R$1.200,00. Se a lei for aprovada e ele optar em se beneficiar dessa lei, ele vai receber os mesmos R$1.200 mais R$ 100 que é referente ao seu 13º salário. Esses R$ 100 se bem geridos, ao final do ano, pode dar ao trabalhador mais de R$ 1.200,00. Agora, é bem verdade que a grande maioria da população brasileira não tem educação financeira e se recebesse esses R$ 100,00 talvez gastaria esse dinheiro, de forma – digamos – até inconsequente e, quando chegasse as contas chamadas de final de ano como matrícula escolar, material escolar, IPVA, IPTU, cadê o 13º? Já foi gasto. É por isso que a decisão é do trabalhador.
Se ele quiser receber tudo ao final do ano, como o modelo atual, ele opta por isso. Se ele quiser receber antecipado a partir do momento que ele vá trabalhando, vai recebendo e ele gerir o recurso dele, ele fez a sua escolha por isso. E arque então pela responsabilidade de gerir bem aquele recurso. Eu acredito muito que a educação financeira no Brasil está avançando. O Banco Central tem desenvolvido programas de educação financeira à distância, gratuitos, para ensinar mais a população sobre finanças.
Sou autor de um projeto que, se aprovado no Congresso Nacional e ratificado pelo Presidente, vai permitir com que o trabalhador, ao ser contratado, ele possa optar em receber o 13º como é hoje, ao final do ano, dividido em até duas vezes ou receber logo após o mês trabalhado.
A Secretaria de Juventude tem várias frentes de trabalhos digitais para ensinar os jovens sobre finanças. Qualquer livraria que você for, ainda que livrarias não sejam a realidade da maior parte da população brasileira, mas qualquer livraria que você for, jornal que você abra, rádio que você escute, quase todos canais e programas e livrarias têm seções sobre gestão financeira, ensinando cada vez mais pessoas de baixa renda a tomarem conta do seu dinheiro.
Nós já temos até bancos especialistas em micro-créditos, consultores financeiros especialistas em baixa renda. E, para que recebe um salário mínimo, o valor recebido do 13º será, se não me engano, de R$ 84. E então talvez o trabalhador pense: o que eu posso fazer com R$84,00? Eu garanto que o trabalhador pode fazer muita coisa boa com R$ 84. Desde comprar um presente para sua esposa, que hoje não pode comprar porque só recebe um salário mínimo, até começar a fazer uma aplicação e um bom rendimento, que ao final do ano, vai render mais que um salário mínimo. E, se ele for disciplinado, daqui a pouco ele tem um rendimento muito maior do que ele jamais teve na sua vida, fazendo uma boa gestão do seu dinheiro. 13º não é da empresa: é do trabalhador e ele tem todo o direito de escolher, se ele quer receber hoje ou se ele quer receber no final do ano. É um direito de escolha do trabalhador que esse projeto de lei visa permitir.
Boletim da Liberdade: Como vê o Brasil daqui 10 anos?
Lucas Gonzalez: Eu sou otimista, muito esperançoso. Eu sonho com um Brasil onde os jovens queiram realizar seus sonhos no Brasil. Esse é um dos meus grandes sonhos. Um país onde a juventude enxerga do seu país sendo um solo fértil, sendo um país onde eu posso realizar os meus sonhos, isso automaticamente alegra o coração dos pais, que educaram aquele filho. Isso automaticamente garante o futuro da nação, que tem jovens que querem continuar na nação. Isso automaticamente moderniza a nação, que são jovens que têm sonhos e sonhos, normalmente, são à frente do nosso tempo. Então, quando eu li uma manchete uma vez, no jornal, dizendo que 65% da juventude brasileira queria morar fora do país, eu já era um pré candidato, mas mexeu muito comigo. Espero daqui 10 anos o Brasil volte a ser o que já foi no passado, um país onde o jovem pode realizar os seus sonhos.
Boletim da Liberdade: Qual dica de livro daria para nossos leitores, para que possam conhecer você no dia a dia?
Lucas Gonzalez: Bom, sou casado com a Gabi, estamos juntos há 12 anos e casados a seis. Pai do Arthur de quase um ano e meio, e em 2020 nasce meu segundo filho. Sou um homem apaixonado pelo Brasil, que ama minha família e que tem muita fé que existe um Deus que trabalha por nós também. E, por isso, meu livro de cabeceira é a Bíblia e, caso o nosso leitor não goste tanto da Bíblia, eu também indico muito um livro chamado Uma vida com propósito. Eu acho que a gente precisa resgatar um pouco o nosso senso de propósito. Eu sou presidente da Frente Parlamentar de Combate e Prevenção ao Suicídio e uma das principais causas que levam as pessoas se matarem, muitas vezes, é a falta de propósito na vida. Obviamente, há questões também de saúde mental envolvidas, educacionais, por aí vai. Mas a não percepção de um propósito na sua própria vida é elevada ao índice de depressão muito grande e então eu sempre indico também esse livro, Uma vida com propósito.
Boletim da Liberdade: Há algo mais que gostaria de falar que não tocamos nessa entrevista?
Lucas Gonzalez: Sou marcado aqui no Congresso Nacional como maior o maior congressista. São 2,03 m (risos).
(Entrevista realizada em dezembro/2019)
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