Por favor, não me queira mal quem se sentir contrariado. Longe de mim – bem longe – passa a intenção de ferir alguém com o artigo de hoje. Piso devagar, porque do jeito que as coisas andam no mundo, assumir posições num campo polêmico pode representar um ato de coragem física, que não tenho muita. A coragem intelectual é atributo ultrapassado, porque os ouvidos no debate político são moucos.
O mundo está, no momento, nos extremos. Uns à esquerda e outras à direita. O centro até tenta existir novamente, mas ficou insosso, sem graça, sem argumento. Ninguém cai no bate dele.
O meu primeiro contato na vida com os termos, esquerda e direita, aconteceu numa Escola Bíblica Dominical, de uma igreja batista, eu, ainda, no início da adolescência. Fiquei encucado com um texto presente no capítulo 25 do livro de Mateus. Lá está profetizado o Juízo Final, chamado de “Julgamento das Nações”.
O mundo está, no momento, nos extremos. Uns à esquerda e outras à direita. O centro até tenta existir novamente, mas ficou insosso, sem graça, sem argumento. Ninguém cai no bate dele.
Num determinado momento, quando o mundo acabar, o Justo Juiz reunirá todas as nações diante dele e apartará uma das outras, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas. Ele porá as ovelhas à direita dele e os bodes à esquerda e dirá aos que foram colocados à direita:
“Vinde benditos do meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo, porque tive fome, e deste-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me. Estava nu, e vestistes-me…”.
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O público escalado questionou: “Senhor, quando te vimos com fome e te demos de comer ou com sede e te demos de beber?”.
O Justo Juiz responderá: “Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes”.
Então, o Justo Juiz dirá aos que foram colocados à esquerda: “Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos”.
E o enredo se repetirá e a resposta surgirá com sinal trocado: “Senhor, quando te vimos com fome ou com sede, estrangeiro ou nu, enfermo…” etc e não te servimos?” A resposta foi: “Em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a mim também.”
Mas, para dar de comer a quem tem fome e beber a quem tem sede, hospitalidade ao estrangeiro e atender aos enfermos, pensava eu, preciso ter tudo isso para oferecer. E se ninguém tiver o que oferecer? O que fará o Justo Juiz?
Mas, para dar de comer a quem tem fome e beber a quem tem sede, hospitalidade ao estrangeiro e atender aos enfermos, pensava eu, preciso ter tudo isso para oferecer. E se ninguém tiver o que oferecer? O que fará o Justo Juiz?
Depois daquele tempo, todas as discussões que tenho conhecido sobre direita e esquerda fazem referência ao papel do Estado e ao uso que um lado e outro esperam conseguir dele. Poderia o Estado ser o supridor universal? Aquele que daria de beber a quem tem sede e comer a quem tem fome e cuidar dos enfermos? Sim, poderia e muitas vezes pretende fazer isso. Nunca consegue, porque, quem daria ao Estado as condições para suprir quem precisa dele? Os pagadores de impostos. Simples assim.
A esquerda, por tudo o que propõe no mundo todo e não é diferente aqui, nitidamente, desconhece um Estado dependente dos pagadores de impostos. Um Estado que, tanto mais pesado, menos condições oferece às Nações para produzirem a riqueza que diminui a sede, a fome, a enfermidade. Nações que reduzam o número de miseráveis pelo emprego e trabalho.
Roberto Campos, um frustrado pensador da direita, já falecido, fez um memorável discurso na Associação Comercial de São Paulo no dia 19 de agosto de 1983, que está presente no livro Ensaios Imprudentes, publicado por ele pela Editora Record, em 1987. Retirei duas citações:
1. “O governo nada pode dar ao indivíduo que primeiro dele não tenha tirado”.
2. “Os que pensam que o Governo pode dar tudo o que a gente quer se esquecem de que ele pode também tirar tudo o que a gente tem”, citando Richard Nixon.
A Nação Brasileira tem tido uma dificuldade imensa para produzir riquezas, porque o Estado pesa demais sobre os ombros de quem trabalha e investe. A proposta da direita, representada no governo mais pelo Ministro Paulo Guedes e equipe e menos pelo próprio Presidente, é diminuir esse peso. No Congresso e na imprensa, a esquerda faz o contraponto, batendo-se contra as reformas que o governo pretende fazer. Daí é fácil saber onde estão os bodes e onde se encontram as ovelhas.
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