“Como fazer campanha eleitoral no isolamento?”. Na internet há uma infinidade de gente com respostas prontas para esta pergunta.
Para o político tradicional, nada de novo lhes trouxe o Covid-19, a não ser o medo de adoecerem e morrerem, porque, para muitos, o adoecer sem grandes complicações pode até ser conveniente, um modo de mostrar proximidade com o povo, uma maneira de dizer, “isso acontece até comigo”, como fez o Governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, quando comunicou ter sido contaminado:
“(…)Peço mais uma vez para que fiquem em casa, porque a doença, como todos podem estar percebendo, não escolhe ninguém.”
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O sumiço dos políticos não é novidade. Sejamos justos que há elogiáveis exceções, eu conheço algumas, que existem exclusivamente, para confirmar a regra.
Alguns gostam tanto da chance de viverem sumidos que, no Congresso Nacional, propuseram a redução do tempo de campanha de seis para três meses e depois para 45 dias. Eles e elas reduziram o prazo e criaram uma porção de dificuldades para as campanhas, tornando-as maçantes, sem alegria e sem calor.
Ninguém se surpreenda se, com base nos riscos de contaminação de agora, o Congresso Nacional criar leis restringindo, definitivamente, a presença de políticos nas ruas. Para muitos, será o céu na terra.
A decisão mais relevante de JK foi isolar a política em Brasília. Imaginem vocês o que seria a ebulição política que estamos a viver, com Ministros, principalmente, do Supremo, precisando circular por aqui. A vida deles e delas não seria nada fácil. Já não tem sido nos aeroportos e nas visitas ao exterior.
antes do COVID-19, aberta a temporada de caça aos votos, viam-se os políticos no metrô, nas feiras onde nunca compraram uma laranja, nas igrejas, nos bares populares e até nos cemitérios. E não faltavam os apertos de mão e o tapinha no peito.
Mas, antes do COVID-19, aberta a temporada de caça aos votos, viam-se os políticos no metrô, nas feiras onde nunca compraram uma laranja, nas igrejas, nos bares populares e até nos cemitérios. E não faltavam os apertos de mão e o tapinha no peito. O político César Maia criou a proeza de contar quantas mãos ele é capaz de apertar por dia numa campanha, mas nunca nos disse quantos rostos e histórias pessoais ele lembra terem passado por ele nem é capaz de dizer quantas mãos aperta no intervalo das campanhas.
Terminada a temporada de caça aos votos, os candidatos eleitos somem. Os outros também. Ninguém sabe exatamente para onde eles vão. Há quem jure que eles habitam um planeta próprio, localizado num sistema bem distante da Terra. Então, o isolamento de agora nenhum problema maior causa para as campanhas, bastando que elas comecem um pouco mais tarde. E há as mídias sociais.
Ah! Que maravilha poder fazer campanha à distância, sempre sob aplausos, porque quem discorda fica no vácuo. Quem critica na tela, toma uma pancada, e segue caminho. Nas ruas, não é assim. Povo constrange. Cobra. Não concorda com a falta de resposta.
A política é calor humano. É proximidade. Os evangélicos conseguem mais sucesso com a política e com as eleições, porque, pelo menos, uma vez por semana, todas as semanas, estão congregados com os seus.
A falta de proximidade tem respondido pelo número maior, a cada eleição, de não votos (abstenção, nulos e brancos), com prejuízo enorme para o conceito de representação, modelo da nossa democracia.
Mas, se não podemos mais estar nas ruas, como ter proximidade com o eleitor, que é, se sabe, cada dia mais exigente? Sendo-se autêntico e íntegro. Honesto no discurso e nas propostas e tendo consciência das expectativas do eleitor e dos sentimentos dele.
Teremos este ano eleições para prefeito e vereador. Como fazer?
Mesmo, à distância, o candidato deve mostrar ao eleitor que é capaz de representá-lo, porque conhece os problemas que ele, eleitor, enfrenta e sabe das dificuldades que ele tem para viver.
A proximidade será pelo discurso que, com vídeos correndo soltos e comunicação rápida e direta, não conseguirá enganar com facilidade.
Inventou-se que a eleição do Presidente Jair Bolsonaro e de todos e todas que ele carregou com ele é um caso a merecer estudos. Não é. Jair Bolsonaro cultivou a proximidade de sentimentos e opiniões com os eleitores. Ele foi capaz de mostrar que sentia a mesma dor e indignação da maioria.
Com isolamento ou nas ruas, a autenticidade será sempre elemento estratégico para se conseguir o voto.
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