Não receber recursos do fundo partidário e eleitoral pode ser, ao que parece, um bom argumento para conquistar a colaboração de doadores privados para campanhas políticas. A constatação se dá após perceber que em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre, são pré-candidatos do NOVO que lideram o ranking de financiamento coletivo.
A sigla é conhecida não apenas por recusar o fundo partidário e o fundo eleitoral (chegando a devolver mais de R$ 30 milhões ao Tesouro, em agosto), mas também por militar pela extinção desse modelo de financiamento.
São Paulo (SP)
O empresário e especialista em gestão de finanças públicas por Harvard, Marcelo Castro, já acumulou mais de R$ 46 mil em sua vaquinha dentro da plataforma “QueroApoiar”. Ele tentará disputar pela primeira vez uma das 55 cadeiras disponíveis no Palácio Anchieta, sede da Câmara de Vereadores de São Paulo. [1]
Ao todo, ele conseguiu mobilizar, até a publicação desta matéria, a ajuda de 77 apoiadores – o que dá uma média de R$ 604,50 doados por pessoa.
“Vim com um projeto que foge do populismo. A ideia é fazer política de maneira técnica, profunda e propositiva. Acho que as pessoas cansaram de tanta polarização e discurso raso e, por isso, estão acreditando no meu projeto”, diz.
Rio de Janeiro (RJ)
No Rio de Janeiro, a liderança no ranking fica a cargo do pré-candidato a vereador Pedro Duarte. Dono, durante alguns meses, do maior financiamento coletivo do país, até ser passado por Castro, o advogado formado pela PUC-Rio e ex-presidente do DCE da universidade tem passagem pelo movimento liberal e é alumni do Instituto Mises Brasil. [3][4]
Duarte já acumulou mais de R$ 33 mil na vaquinha, hospedada dentro da plataforma “Voto Legal”, tendo contado com a ajuda de 178 doadores – o equivalente a R$ 189,48 por colaboração. A meta inicial, de R$ 30 mil, foi batida no dia 15 de agosto, faltando mais de um mês para o início da eleição.
“É uma baita vitória – e não apenas pelo valor, mas sobretudo pelo total de pessoas mobilizadas no nosso projeto de renovação do Rio”, escreveu Duarte, na ocasião. [4]
Ele atualizou a meta para R$ 40 mil justificando que, com o novo objetivo, poderia “executar com mais força” o seu projeto e “expandir [a futura campanha] para outras frentes de atuação”.
Porto Alegre (RS)
Apoiado pelos deputados estaduais Fábio Ostermann e Giuseppe Riesgo, o advogado Juan Savedra se destaca na capital gaúcha por já ter obtido R$ 18,5 mil. Ele optou pela plataforma “essentjus”.
Savedra foi coordenador estadual do Livres em 2019 e também participou do RenovaBR, onde aprendeu formas de mobilizar o apoio do público. Entre outros pontos, assumiu os compromissos de, se eleito, ser contra o aumento de impostos e contra criação de quaisquer taxas. [5]
“As pessoas têm aderido ao projeto porque confiam no que estamos fazendo, confiam na nossa capacidade de fazer um excelente mandato e também porque sabem do desafio que é fazer campanha sem uso de recursos públicos”, pontua o pré-candidato.
Financiamento Coletivo
O financiamento coletivo de campanha foi idealizado na minirreforma política de 2017 e estreou, na prática, nas eleições de 2018. O modelo permite com que pré-candidatos acumulem recursos para a futura campanha a partir de maio.
Os recursos acumulados, que podem ser pagos via cartão de crédito e boleto bancário, são custodiados em empresas captadoras credenciadas pelo TSE e somente depositados nas contas eleitorais quando as candidaturas são homologadas.
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