A despeito da defesa explícita do impeachment do presidente Bolsonaro pelo fundador do Partido Novo, João Amoêdo, os deputados federais Marcel van Hattem (NOVO/RS), Tiago Mitraud (NOVO/MG) e Vinicius Poit (NOVO/SP) mostraram-se, em declarações recentes, ainda reticentes em endossar a iniciativa com os pedidos de abertura protocolizados até o momento.
Em entrevista à rádio Jovem Pan na manhã desta terça-feira (19), Van Hattem, candidato à presidência da Câmara pela sigla, ressaltou que os pedidos “não têm um crime de responsabilidade claramente definido”. [1]
“A nossa assessoria técnica da bancada do NOVO também tem avaliado todos os pedidos para avaliar aquele que eventualmente possa ter a aprovação, ou a sua apreciação de admissibilidade, na Câmara dos Deputados. Não é algo que nós vemos nesse momento. Nós entendemos que o impeachment não é um recall de um mandato eleito democraticamente; é um processo que demanda um crime claramente definido de responsabilidade”, pontuou.
Marcel destacou, na sequência, preocupação com o que chamou de “fatos pretéritos”, tais como o eventual uso da ABIN para fins pessoais, e observou que a bancada do NOVO tem feito requerimentos para apurar o caso.
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“Entendemos, claramente, que é preciso ter uma configuração de crime de responsabilidade para abrir o processo de impeachment. Senão, acaba sendo apenas mais um tumulto na democracia e nas instituições que não é bem-vindo, a toda hora, como lamentavelmente algumas pessoas acabam propondo”, disse, ressaltando ainda que acredita que, neste momento de “grave crise sanitária”, o mais adequado é “arrefecer os ânimos, não acirrá-los ainda mais”.
Um dos mais críticos parlamentares do NOVO ao governo Bolsonaro, Tiago Mitraud pontuou na noite do último domingo (17) que “não há como se posicionar a respeito pois o processo não existe”. [2]
“Deputados são juízes nestes casos, e juiz não dá sentença sem processo. Não esperem de mim julgamento prévio em tema dessa importância”, escreveu, complementando ainda que se posicionará sempre de forma “técnica”, e não por pressão.
Na última segunda (18), o deputado federal Vinicius Poit (NOVO/SP), novo líder da bancada na Câmara dos Deputados, reforçou críticas a Bolsonaro nas redes sociais, mas também o argumento de que “não há um motivo claro” para que o impeachment seja iniciado.
“A verdade é que muita gente se decepcionou e tá de saco cheio do presidente que elegemos. Qual seria uma solução que não depende de fato jurídico? O projeto do chamado recall de mandato é uma boa ideia. [Mas] não há base legal para isso. Nenhum projeto foi aprovado no Congresso. Mas é uma pauta que o nosso mandato defende”, escreveu.
Poit também afirmou que não baseará sua decisão em “pressão política ou pretensão eleitoral”. “E para aqueles que estão apoiando o impeachment desde já, peço ajuda para entender a qual denúncia se referem e qual é o fato jurídico concreto que serve de base”, concluiu. [3]
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