JULIANA OLIVEIRA*
O Big Brother Brasil é o principal reality show do país, exibido na emissora líder de audiência, assistido diariamente por dezenas de milhões de pessoas, com regras amplamente conhecidas e que ocorre há quase duas décadas. Prova de sua influência é que bastou o início de sua 21ª edição, há duas semanas, que o tema da política – ou, em outras palavras, a repercussão das asneiras diárias de Bolsonaro – perdeu espaço nas redes sociais.
Mas por que o Big Brother está sendo pauta de um artigo de um site que cobre política? Pelo mesmo motivo que diversos formadores de opinião sobre o tema estão, cada vez mais, falando do reality show nas redes sociais – o BBB é um poderoso experimento social e, nesta edição, em específico, tem sido um prato cheio para os liberais.
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Neste artigo, destaco, em especial, a icônica figura de Lucas Penteado, que desistiu do programa na manhã do último domingo após mais uma festa repleta de bate boca. A trajetória de Lucas na “casa mais vigiada do país” foi um tapa na cara do coletivismo.
Embora esquerdista, um típico membro da lacrosfera e, segundo ele próprio, defensor da ideologia da “união do povo negro”, o brother foi duramente perseguido, humilhado e insultado, em níveis sem precedentes, por outros colegas negros e, boa parte deles, de esquerda e militantes hipócritas e cruéis. Uma verdadeira dissonância cognitiva que está fazendo muitos esquerdistas deixaram de ver o programa.
Embora esquerdista, um típico membro da lacrosfera e, segundo ele próprio, defensor da ideologia da “união do povo negro”, o brother foi duramente perseguido, humilhado e insultado, em níveis sem precedentes, por outros colegas negros e, boa parte deles, de esquerda e militantes hipócritas e cruéis.
Em entrevista à apresentadora Fátima Bernardes, Penteado foi econômico nas declarações sobre os fatos pesados que ocorreram, mas sugeriu que houve, na Casa, o fenômeno de que os “oprimidos reproduzem a opressão” que sofrem. Após protagonizar o primeiro beijo gay de todas as edições do programa, o participante sofreu discriminação de uma sister que é lésbica, negra e “da quebrada”, que não o acolheu – e, pelo contrário, se incomodou com o fato, gerando dúvidas sobre a sexualidade do rapaz.
Esquerdistas vão gerar diversas interpretações sobre os fatos, mas a resposta liberal ao experimento é óbvia: não podemos julgar os indivíduos em “grupos”, como se, pertencentes por qualquer motivo nesses coletivos, houvesse qualquer superioridade moral. Na Casa, em geral, pessoas “fenotipicamente brancas” foram as que acolheram o militante raivoso que, 10 dias antes, queria eliminá-los por razão da cor.
Ninguém é, em essência, melhor ou mais nobre do que ninguém porque é branco, preto, amarelo ou vermelho; ou porque professa a ideologia A, B ou C. Os indivíduos são fins em si próprios e podem, individualmente, ter ou não integridade, caráter e bondade. Enxergar o mundo com o prisma tribal é uma visão anti-liberal e, essencialmente, burra – mas que engana muita gente pois a sensação de pertencimento, algumas vezes, dá sentido à existência ou ajuda a criar narrativas sobre um motivo maior para os próprios fracassos. Chegou a hora de dar um basta nisso.
*Juliana Oliveira é analista política.
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