O senador Renan Calheiros (MDB/AL), relator da CPI da Covid no Senado Federal, mencionou nesta terça-feira (25) o Tribunal de Nuremberg, que julgou nazistas após a capitulação alemã, na Segunda Guerra Mundial, para fazer um paralelo com o comportamento de depoentes na comissão. A referência irritou aliados ao governo, apesar de Calheiros negar o intuito de comparar o tribunal à comissão.
“Foi ali que o mundo procurou encontrar respostas para um crime até hoje inconcebível: o genocídio de seis milhões de judeus nos campos de concentração do regime nazista”, disse o emedebista, que depois focou sua fala em Hermann Goring, oficial nazista que foi julgado pelo tribunal e que, ao presenciar vídeos dos campos de concentração, alegou que deveriam ser falsos.
Senadores governistas interromperam Calheiros, acusando ser um “absurdo qualquer paralelismo”. O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos/RJ) cobrou que Calheiros respeitasse os judeus.
Presidente da CPI, Omar Aziz (PSD/AM) pediu que Calheiros concluísse. “Quero deixar muito claro que o senhor está lendo aí não pode ser usado como referência nenhuma a ninguém”, disse. Calheiros afirmou que estava apenas fazendo uma introdução às perguntas e continuou:
“Senhoras e senhores senadores, não podemos comparar uma barbárie, como o Holocausto, com uma tragédia, como a pandemia no Brasil, que até hoje já matou mais de 450 mil pessoas. Não podemos dizer, por isso não há pré-julgamento, que aqui ocorreu um genocídio. Não podemos dizer ainda. Mas podemos dizer que há uma semelhança assustadora, uma semelhança terrível, uma semelhança tenebrosa, uma semelhança perturbadora no comportamento de algumas altas autoridades que testemunharam aqui na CPI e o relato que acabei de ler sobre um dos marechais do nazismo no tribunal de Nuremberg, negando tudo, apresentando-se como salvadores da pátria, enquanto que a história provou que faziam parte da máquina da morte”, disse.
https://youtu.be/krtfcve5Jg0