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Brasil, o país onde só os extremistas têm vez

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*Paola Coser Magnani

Há uma incrível dificuldade em tolerar pessoas ponderadas no debate atual. Ou você é preto, ou você é branco. Simplesmente não existe uma massa cinzenta nesse espectro de ideias. Desaprendemos que, para ouvir opiniões, o primeiro passo é respeitar o próximo, seja quem for. Sigmund Freud, no ensaio “O Mal-Estar na Civilização”, comenta sobre o perigo da miséria psicológica da massa: “Tal perigo ameaça sobretudo quando a ligação social é estabelecida principalmente pela identificação dos membros entre si, e as individualidades que podem liderar não adquirem importância que lhes deveria caber na formação da massa”. Desaprendemos a pensar individualmente, esperando que uma famosa cientista política exponha seu ponto de vista para podermos ter argumentos. Será que sabemos pensar sozinhos?

Na semana passada, uma atriz reconhecida da TV brasileira expôs a sua indignação com alguns colegas. Expressou em um vídeo nas redes sociais sua descrença no governo, demandando uma máquina pública enxuta, o fim do fundo partidário, um Supremo Tribunal Federal confiável e o básico de educação e segurança. A atriz deixou claro não ser nem preto nem branco, não escolhendo um lado político, pois priorizou seus valores morais e éticos de liberdade. Porém, esse foi o grande erro. Veja bem, o grande erro para o extremo. A massa não sabe conviver com meio-termo. Não souberam enquadrá-la em nenhuma caixinha. E como conviver com algo que não tem um rótulo definido?

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As opiniões sem base, os discursos de ódio e o fanatismo ganham protagonismo. São raros os seres humanos que buscam justificar seus pontos de vista, que respeitam as opiniões alheias, exigindo um mínimo de coerência. Essa dita coerência, que incomoda tanto a massa desinformada, não enxerga a ambiguidade nos discursos prontos e recém-digitados no Twitter. Como pode uma pessoa defender liberdade e ser de um partido comunista? Como pode uma pessoa prezar pela liberdade de expressão e comemorar o cancelamento de uma página? Como pode uma sociedade ter se tornado uma massa recheada de hipocrisias?

O vídeo da atriz brasileira foi, como diria Nassim Taleb, um cisne negro entre os seus colegas de profissão. Um choque de julgamento individual, expressando o que as pessoas desconexas da realidade natural das redes sociais demonstram. O choque do óbvio e do coerente. Antes de expressar o ódio pelo próximo, deveríamos repensar quais são os nossos princípios éticos e morais. Você sabe quais são os seus? O mínimo que esperamos de pessoas conscientes e evoluídas é a coragem e a coerência de viverem conforme suas ideologias, sabendo que somos grandes massas cinzentas de pensamentos.

Paola Coser Magnani é empresária e associada do IEE.

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Aviso

As opiniões contidas nos artigos nem sempre representam as posições editoriais do Boletim da Liberdade, tampouco de seus editores.

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