A produtora gaúcha de documentários Brasil Paralelo, fundada em 2016, recentemente se mudou para São Paulo. Com as visualizações de seus vídeos na escala dos milhões, a empresa impactou as discussões na imprensa e na academia com seus filmes publicados no Youtube sobre a história do Brasil, atraindo cerca de 200 mil assinantes.
Depois de abordar temas variados como a situação da Argentina e a doutrinação ideológica no ensino brasileiro, a Brasil Paralelo estreia nesta segunda-feira um documentário sobre uma polêmica que vem afetando a imagem do Brasil no exterior: a questão do meio ambiente. O Boletim entrevistou um dos proprietários da produtora, Lucas Ferrugem, para saber o que esperar do filme “Cortina de Fumaça” (confira o trailer).
Ele analisou os desafios da elaboração do documentário, elencou alguns dos entrevistados e sintetizou a mensagem da produção, que estará no ar no Youtube às 20h. Confira:
Boletim da Liberdade: A Brasil Paralelo tem feito sucesso como produtora de documentários de diferentes formatos que tratam de temas que vão da história do Brasil à educação e a realidade argentina, conquistando a marca de 200 mil assinantes e a atenção da imprensa. Agora trata de meio ambiente. De que maneira a empresa seleciona o tipo de conteúdo que será desenvolvido? Qual a linha editorial seguida na concepção desses filmes e de que forma ela se aplica ao filme “Cortina de Fumaça”?
Lucas Ferrugem: Essas pautas passam por uma longa gestação aqui dentro. A ideia surge e fica engavetada enquanto conversamos sobre ela entre nós e com parceiros externos. Quando nos sentimos confiantes em ter algo novo para falar e fazer um trabalho de qualidade, damos prosseguimento. Não há critérios rígidos, mas há a preocupação de sempre entregar ideias, valores e sentimentos aos espectadores.
Boletim da Liberdade: Qual o enquadramento que o filme dará à questão abordada? Haverá, por exemplo, alguma concentração na conduta de um ou mais governos determinados no que diz respeito ao meio ambiente? Quem são os personagens e convidados para este documentário?
Lucas Ferrugem: Não há concentração em um único governo ou período do Brasil. O enquadramento é o de desenhar os contornos do problema ambiental no país e demonstrar a complexidade da questão. A lista de convidados já é um reflexo desse ponto: há integrantes de diferentes governos da história brasileira e de diferentes espectros políticos. Temos co-fundador e ex-presidente do Greenpeace (Patrick Moore), ex-ministro da Defesa do Governo Dilma (Aldo Rebelo), ex-ministro da Agricultura do Governo Geisel indicado ao Nobel da Paz (Alysson Paulineli), ex-ministro da Agricultura do Governo Lula (Roberto Rodrigues), a atual ministra da Família (Damares Alves), lideranças indígenas, fundadores de ONGs, jornalistas (Augusto Nunes), empresários do agronegócio, entre muitos outros nomes importantes para um debate qualificado.
Boletim da Liberdade: Como foi o processo de elaboração do documentário? Que desafios a equipe encontrou para concretizá-lo e que lições a Brasil Paralelo ainda consegue aprender com seus novos projetos?
Lucas Ferrugem: Muitos foram os desafios. Acertar o foco de pesquisa foi um deles. O primeiro é tentar fugir das armadilhas narrativas: você pode cair na tentação de querer responder se há ou não aquecimento global. Existe intenso debate científico neste tema e, como diz o gaúcho, é “mato sem cachorro”. Outro desafio é conseguir entrevistados qualificados. Queríamos poder contar com depoimentos de diferentes etnias indígenas, não queríamos cometer o erro de falar da questão sem consultá-los. Nossa equipe passou dias nas aldeias e ficamos muito felizes com a lista final do documentário, realmente um trabalho inédito no Brasil.
Todo filme que fazemos, aprendemos novas lições; acho que a importância de ouvir pessoas que discordam da Brasil Paralelo foi muito importante neste filme. Quem assistir vai poder ver que há entrevistas que enriquecem extremamente o material.
Boletim da Liberdade: O filme discutirá a importância do agronegócio no Brasil, sendo este setor, na mesma medida em que é apresentado como fundamental para a economia do país, muitas vezes é apontado como vilão quando se trata de meio ambiente. O agrônomo Alysson Paulinelli, indicado ao Prêmio Nobel da Paz por sua contribuição para a ampliação da fronteira agrícola brasileira, é um dos entrevistados. Que percepção o documentário oferece sobre o motivo por que esses ataques são tão frequentemente veiculados?
Brasil Paralelo: É uma conjunção de interesses. Há interesses econômicos de produtores que competem com as exportações brasileiras (sejam empresários ou países), há o interesse de ONGs que acreditam que agronegócio e preservação do meio ambiente são antagônicos, ou que simplesmente vivem deste combate. Também existe uma abordagem intelectual e acadêmica ligada ao marxismo (através do antropólogo Florestan Fernandes) que desfavorece o agronegócio. Há interesse midiático no alarmismo. Todos acabam formando uma engrenagem orgânica que desfavorece o agronegócio no debate público.
Boletim da Liberdade: Qual a mensagem que “Cortina de fumaça” pretende transmitir aos espectadores? Afinal, o meio ambiente no Brasil está ou não sob risco?
Brasil Paralelo: O meio ambiente brasileiro não está em risco e o o país pode ser peça fundamental na paz do mundo ao ser uma potência que garante a produção de alimentos.