Em declaração dada a apoiadores na manhã desta sexta-feira (9), em Brasília, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a suscitar dúvidas sobre o processo eleitoral brasileiro, ofendeu o ministro Luís Roberto Barroso, do STF, e especulou, de forma enigmática, a possibilidade de não ter eleições sem voto impresso. [1][2]
“Não tenho medo de eleições. Entrego a faixa para quem ganhar no voto auditável e confiável. Dessa forma [atual], corremos o risco de não termos eleições no ano que vem”, disse, sem maiores detalhes.
Apoiador do sistema em que o voto é registrado tanto por meio eletrônico quanto por meio impresso, Bolsonaro, assim como apoiadores, chama esse modelo de “auditável” por permitir a recontagem manual dos votos.
“Hoje em dia, é de cima para baixo. A fraude está no TSE, para não ter dúvida. Isso foi feito em 2014”, denunciou Bolsonaro, sem apresentar provas, mas mencionando a apuração minuto a minuto do Tribunal Superior Eleitoral na disputa entre Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) que teria acompanhado.
“O minuto a minuto, por 271 vezes consecutivas, dá para imaginar, com quatro horas e pouco, momentos antes de as curvas se tocarem, dava ‘Dilma ganhou’, ‘Aécio ganhou’, ‘Dilma ganhou’, ‘Aécio ganhou’. É vocês jogarem uma moeda 271 vezes para cima e dar ‘cara, coroa, cara, coroa’. Então isso é fraude, é roubalheira. Vocês acham que Renan Calheiros fraudaria a votação, pelo caráter que ele tem? A única forma de bandidos, como Renan Calheiros, se perpetuarem na política, entre outros que estão do lado dele, como o “nove dedos”, é na fraude”, acusou.
Segundo Jair Bolsonaro, as pesquisas de intenção de voto que indicam a boa performance do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também seriam fraudadas. “É para ser confirmado o voto fraudado no TSE. Não estou culpando todos os servidores do TSE, mas na cabeça ali, tem algo”, reclamou.
“Se queremos mostrar transparência [ao defender o voto auditável], por que o Barroso é contra? […] Aí vem o Barroso, com a história esfarrapada dele, entre outras, dizer que o voto em papel… que se o João for votar lá no interior do Ceará e engripar a maquininha… aí o mesário vai lá e ver que o João votou em tais candidatos, que isso desqualificaria as eleições, porque fere o sigilo do voto. Essa é a resposta de um imbecil. Eu lamento falar disso de uma autoridade do Supremo Tribunal Federal. Só um idiota para falar isso aí”, pontuou.