O ex-presidente Michel Temer comentou neste sábado (31), em entrevista ao jornal O Globo, a postura do presidente Jair Bolsonaro no relacionamento com outros poderes republicanos. Na opinião do ex-mandatário, o atual precisa evitar excessos em declarações sobre órgãos como o Supremo Tribunal Federal. [1]
“Talvez (Bolsonaro) tenha chegado com a sensação, digamos assim, de uma certa onipotência. Não existe a possibilidade de o presidente comandar tudo”, avaliou Temer sobre o começo do governo Bolsonaro. O ex-presidente, porém, adicionou que Bolsonaro “percebeu e começou a tentar trazer o Congresso”.
O movimento, segundo Temer, é “fundamental para a governabilidade”. A iniciativa de nomear o senador Ciro Nogueira (PP/PI) para a Casa Civil foi elogiada pelo ex-presidente, que enfatizou que o político terá “relação fértil com os parlamentares” e precisará “ter a capacidade de conduzir a administração do país”.
Sobre as críticas de Bolsonaro ao STF e ao Tribunal Superior Eleitoral, Temer comentou: “Claro que, depois de fazer os ataques, ele os nega. É absolutamente inútil e inconstitucional. A Constituição diz que os Poderes são independentes, mas são harmônicos entre si. Toda vez que há desarmonia, há uma inconstitucionalidade”.
Sobre o voto impresso, Temer argumentou que “é uma discussão inútil” e “não deveria ser colocada em pauta”. O ex-presidente afirmou ainda que a crise atual, envolvendo pedidos de impeachment de Bolsonaro, “é uma das mais preocupantes” desde a redemocratização.
Michel Temer aproveitou ainda para defender novamente a proposta de reforma do presidencialismo para o semipresidencialismo. “Tanto a imprensa brasileira quanto o povo desejam discuti-lo. Com essa discussão, está se verificando que essa é a grande reforma política que o país poderia fazer”, sustentou.